Apesar de ser pouco comentado, e tido como um “estranho” e “diferente” hobby, a busologia tem ganhado cada vez mais adeptos ao passar do tempo. Não. Muito mais que um hobby. Paixão ou amor, talvez descrevam melhor o sentimento dessas pessoas.
Embora não exista no dicionário, a palavra busologia, foi adotada por um grupo de apaixonados por ônibus. É a definição de sua paixão. Mais que colecionadores, são amantes das histórias que esses grandes carros proporcionam. Mais que amantes, sentem-se atraídos por aquela grande forma de veículo. Seus interiores e o som peculiar que ressoa quando se liga o seu motor.
Aos 33 anos, Carlos Júnior é um busologo referência nacional. Natural de Goiânia, passou a infância na região central da cidade. Entre suas brincadeiras infantis, a preferida era tirar fotos. De ônibus. Vibrava ao ouvir o som do Volvo B52 que passava na porta do escritório que seu pai mantinha na Rua 3, no Centro. “Eu sei o som de cada modelo. Só de ligar o motor, da sua rotação. Sabia exatamente qual o modelo que estava passando sem nem olhar. Tinha modelo que eu chegava a arrepiar quando escutava.”
Os grandes carros tinham um lugar especial no seu coração e o registro fotográfico também era inevitável. “Tirei minha primeira fotografia de um ônibus quando tinha 12 anos. E era filme! Não podia errar o clique.” relembra o busólogo. “Mas a primeira fotografia foi apenas em 1992, mas voltando um pouco, em 1986, 1987, eu já gostava de ver, e já identificava os modelos de ônibus. Eu tinha uns 6 ou 7 anos!”
Sua mãe, a costureira Maria Madalena Almeida, não entendia muito aquele hobby. “Que loucura é essa, ficar tirando foto de ônibus, Carlos?” Quase não dava dinheiro pro menino Carlos revelar as fotos. “Era um sacrifício convencer meus pais. Não entendiam de jeito nenhum. Mas depois perceberam que se tratava de um hobby como qualquer outro.”
A importância da priorização do transporte coletivo
O hobby se tornou paixão. Hoje, Carlos é destaque e procurado por pessoas que também se interessam pelo assunto. “Também sou convidado para palestras em eventos no Brasil todo.”
Nos últimos anos, eventos e congressos com ênfase em transporte público e veículos grandes tem aumentado e atraído a atenção, não só de busólogos, como também de gestores público-privados. Para Carlos, é um progresso que já passou da hora de acontecer.
Os governos estão acordando para a priorização do transporte coletivo. Agora que estão percebendo que o Transporte Coletivo deve ser priorizado. Então, anda ocorrendo muitos eventos com palestras de conscientização urbana, para chamar atenção não apenas dos empresários, mas também dos políticos, que deveriam exercer uma função de agentes parceiros.” ressalta.
Há também uma questão de "resitência cultural" por parte da sociedade, com relação ao transporte urbano. "As pessoas hoje acham que andar de ônibus é como 'assinar um atestado de pobre' Esse estigma tem de ser quebrado." comenta o busólogo, fazendo referência as criticas que a atriz Lucélia Santos recebeu ao ser encontrada andando de ônibus pelo Rio de Janeiro. A atriz, habituada a usar o transporte da cidade, foi tida como "atriz fracassada" apenas por usar ônibus como meio de transporte.
No entanto, a medida que o transporte se torna mais eficiente, passa a ganhar um outro olhar pela população. "Na realidade, o transporte público hoje, tem de se adequar a população. E o contrário. Um transporte eficiente que atenda as necessidades de todos pode mudar essa cultura de resistência da população pelo transporte coletivo." ressalta Júnior.
Com informações: Metrobus
fonte: Fortalbus.