quinta-feira, 9 de agosto de 2012
RECIFE:AS ALTERNATIVAS AOS VIADULTOS DA AGAMENON MAGALHÃES
Qual a solução para a Avenida Agamenon Magalhães, artéria vital do Recife? Imaginemos que o governo do Estado esteja, de fato, e não movido pela conveniência política, decidido a rever a construção dos quatro viadutos sobre o corredor viário. Como transformar a importante via em um corredor de transporte público? Quais as alternativas para priorizar o transporte de massa e não ceder, mais uma vez, à predominância do automóvel? Reunir alternativas aos viadutos é a proposta do primeiro dia da série O Futuro da Agamenon, que o Jornal do Commercio e o blog De Olho no Trânsito publicam a partir desta quinta-feira (8/8) e até o próximo sábado.
Muito se tem falado sobre a construção de quatro viadutos transversais à Avenida Agamenon Magalhães, a primeira perimetral do Recife e a mais importante avenida da capital, para onde todas as atenções dos gestores de trânsito se voltam atualmente. Isso porque, se a via parar, boa parte da cidade para junto. Críticas ao projeto elaborado pela Secretaria Estadual das Cidades e amparado politicamente pelo governador Eduardo Campos têm sido reproduzidas aos montes, de todos os lados, verbalizadas e expressadas pelos mais variados segmentos. Arquitetos, urbanistas, engenheiros, especialistas em transporte, estudantes, moradores do entorno da Agamenon e de outros bairros têm se colocado contra a ideia. Mas pouco foi sugerido como alternativa aos elevados.
O JC e o De Olho no Trânsito resolveram assumir esse papel. Foram em busca de possíveis soluções para a Agamenon Magalhães diferentes dos viadutos até então defendidos pelo governo estadual. Abriram espaço para algumas ideias simples, que podem ser eficientes exatamente pela simplicidade da concepção. Também reservaram espaço para soluções tão ou mais complicadas sob o aspecto urbanístico que os elevados. Nessa busca, encontrou propostas pensadas por arquitetos, urbanistas e engenheiros renomados da cidade, mas também algumas elaboradas por estudantes e cidadãos desconhecidos. O critério de triagem foram as ideias. Partidos, cores ou raças não pesaram na escolha dos projetos. O requisito básico: a apresentação de soluções de mobilidade focadas no transporte de massa, coletivo, não para automóveis. Alternativas que priorizem o transporte público, que o coloquem como ator principal nessa via pulsante para a cidade do Recife que é a Avenida Agamenon Magalhães.
Nas duas páginas dessa edição não serão encontrados projetos detalhados, minuciosos, com custos exatos ou definição precisa. São ideias, propostas iniciais, algumas um pouco mais detalhadas do que outras. Mas todas pensadas para solucionar ou minimizar as brechas e falhas do projeto dos quatro viadutos transversais ao corredor viário. Alternativas para serem contempladas e analisadas por todos, contrários ou favoráveis ao projeto do governo. Sem predisposição, de cara limpa e coração aberto. Nelas, o pedestre e o transporte público, seja operado por ônibus, Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs) ou monotrilhos (monorails), ganharam vez e voz.
Entre as soluções apresentadas, algumas ideias novas, até então desconhecidas da maioria da população e talvez até do próprio governo do Estado. Outras nem tanto, como é o caso da proposta elaborada pelo escritório do arquiteto e urbanista Jaime Lerner, ex-prefeito de Curitiba, o primeiro a planejar o Corredor Norte-Sul – do qual a Avenida Agamenon Magalhães representa apenas uma pequena parte –, ainda em 2009, numa parceria dos empresários de ônibus e do próprio governo. Enfim, a intenção é acrescentar, agregar. Apenas.
AS ALTERNATIVAS:
Faixa exclusiva e ciclofrescas
Na concepção do escritório Cesar Barros Arquitetos, o corredor de ônibus ou VLT ficaria plano, implantado no chão, tendo ao lado uma ciclovia sombreada (ciclofrescas). O corredor poderia ser implantado ao lado do canteiro central da via, à esquerda, ou na margem direita. Jamais, sobre o canal. A proposta defende a redução da largura das faixas destinadas aos automóveis para abrir espaço para as bicicletas e o transporte público.
Corredor elevado
Para o engenheiro civil e consultor em trânsito Stênio Coentro, a Agamenon deve ganhar um corredor elevado, sobre o canal, com 2.200 metros de extensão, 30 metros de largura, a uma altura de 12 metros. Começaria depois da Avenida João de Barros e se estenderia até a altura do Hospital Português. Teria seis faixas de rolamento, duas de acostamento e custaria R$ 210 milhões.
Integração de VLT e monotrilho
O arquiteto e urbanista Vinícius Ferraz, da Archimidia, defende a integração entre ônibus, Veículos Leves sobre Trilho (VLTs), e monotrilho. O sistema intermodal começaria no limite com Olinda, seguindo sobre o canal até um terminal erguido na Ilha do Leite, de onde começaria o corredor de monotrilho margeando a Via Mangue até Jaboatão dos Guararapes.
Faixas exclusivas e túnel
Grupo de arquitetos, encabeçado por Múcio Jucá, sugerem quatro alternativas aos viadutos. Duas delas propõem a implantação de uma faixa exclusiva de transporte coletivo junto ao canal. As estações ficariam próximas ou sobre o canal e posicionadas junto aos cruzamentos para concentrar a travessia dos pedestres, evitando a construção de passarelas. A terceira resgata um elevado sobre o canal e a quarta propõe um túnel com três faixas em cada sentido, destinadas ao carro, que funcionariam como vias expressas. Com o túnel, seria possível transformar em calçada as duas faixas da pista local.
Corredor de VLT
A proposta do economista Antônio Alfredo Beviláqua é implantar um corredor de VLT na Agamenon Magalhães. Ele seria elevado sobre o canteiro central, com quatro estações de embarque e desembarque na altura do Espinheiro, Graças, Derby e Paissandu. Ao longo dele haveria passarelas para levar os pedestres aos dois lados da avenida.
POSTADO POR: ROBERTA SOARES(de olho no transito)
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