Acidentes com BRTs preocupam Em 16 meses, já foram contabilizados 78. Ausência de faixa exclusiva é uma das causas

Desde que o sistema Bus Rapid Transport (BRT) Via Livre foi implantado na Região Metropolitana do Recife, os corredores exclusivos são constantemente invadidos por motos e carros. Em 16 meses de operação, os dois corredores já somaram 78 acidentes. A maioria acontece nas áreas onde a pista usada pelo BRT não tem barreira física separando os veículos particulares, o que só reforça a necessidade de segregação, não apenas para otimizar a operacionalização do sistema, quanto para oferecer qualidade ao ambiente viário.


No caso do Corredor Norte/Sul, que possui 33,2km de extensão, dos 46 acidentes registrados, oito ocorreram nos 20km segregados fisicamente, que vai de Igarassu até o 7º Regimento de Artilharia de Campanha - Regime Olinda. Os outros 36 acidentes aconteceram da Avenida Pan Nordestina, em Olinda, até o Centro do Recife, justamente dentro dos 13km onde o corredor não foi segregado.

“Os acidentes ocorridos no corredor de BRT são considerados leves. Não houve acidentes com vítimas fatais, apenas danos materiais. Mas com todo o corredor sendo segregado, traria mais segurança para o Sistema BRT”, comentou o diretor institucional da Conorte, Gibson Pereira. A Conorte é o consórcio operacional do Corredor Norte /Sul, formado pelas empresas Itamaracá, Cidade Alta e Rodotur.

Não condiz com a realidade esse nome.

Segundo a Mobi Brasil, consórcio que opera o Corredor Leste/Oeste, até agora, “todos os acidentes registrados no corredor foram resultados da invasão à faixa exclusiva por veículos que não são autorizados a utilizá-la. A situação mais frequente é a tentativa de fugir do engarrafamento”. Até o momento, neste ano, já foram registrados 24 acidentes. Em 2014, forma oito.


Os números do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-PE) revelam que de janeiro a setembro deste ano, foram 642 multas aplicadas na RMR, por transitar com veículo privado em faixa exclusiva, incluindo as infrações na Faixa Azul. Ano passado, esse número quase quintuplicou.


Além da ausência de segregação física dos corredores de BRT, que facilita a infração, a responsabilidade da fiscalização é de competência de cada município por onde circula o sistema, ainda que ele seja metropolitano. O Grande Recife Consórcio de Transportes fiscaliza apenas a parte operacional (horários e frotas) do Via Livre. O grande problema é que a invasão aos corredores interfere diretamente na operacionalização do BRT, sobretudo nas cidades onde os órgãos de trânsito municipais são ausentes.


“Implantar o sistema de BRT é mais fácil do que fazer os motoristas obedecerem, porque não atingimos esse nível de cidadania ainda. Por isso, a solução é fiscalizar e punir. Mas é preciso que seja feito com equipamentos eletrônicos”, afirmou o coordenador das Associação Nacional de Transporte Público (ANTP), César Cavalcanti.
Fonte : DP caderno local - Mobilidade