Por Fania Rodrigues,
Do Rio de Janeiro (RJ)
Frota de vermelhinhos terá um reforço de dez veículos (Foto: Fernando Silva) |
A partir de março, os vermelhinhos, como ficaram conhecidos os ônibus coletivos da prefeitura de Maricá, vão ganhar um reforço e passarão a funcionar com 23 veículos.
Atualmente, a Empresa Pública de Transportes (EPT), da prefeitura, opera com 13 coletivos, que interligam regiões que não eram atendidas pelas empresas privadas de ônibus. Quatro linhas cortam a cidade, de Ponta Negra ao Recanto de Itaipuaçu, 24 horas por dia.
Em nota, a prefeitura de Maricá afirma que foram comprados dez micro-ônibus. “O itinerário está sendo definido e os veículos serão utilizados para beneficiar os moradores de bairros distantes do Centro, como Santa Paula e Espraiado, e dos condomínios do Minha Casa Minha Vida de Itaipuaçu e Inoã”, informou a assessoria de imprensa.
Maricá é o primeiro município brasileiro com mais de 100 mil habitantes a oferecer ônibus gratuito. Segundo a prefeitura, foram transportadas mais de 2 milhões de pessoas, em um ano de operação.
Além disso, o primeiro concurso público da empresa foi realizado em outubro de 2015 e teve quase 19 mil candidatos às 128 vagas oferecidas. Os motoristas e os demais funcionários aprovados devem ser incorporados à empresa a partir do dia 1º de março.
Queda de braço
Desde o ano passado, a prefeitura de Maricá vem lutando contra as grandes empresas que fazem o transporte coletivo no município. Elas tentaram impedir na Justiça o funcionamento dos ônibus gratuitos. A frota ficou um mês parada, em agosto do ano passado, mas voltou a funcionar depois que a prefeitura de Maricá venceu a queda de braço.
Há 40 anos as empresas Aviação Nossa Senhora do Amparo e Costa Leste monopolizavam o transporte público no município.
Tarifa zero
Especialistas em transporte público, como o engenheiro civil Lúcio Gregori, que foi secretário de Transportes da gestão Luiza Erundina (1989-1993) na prefeitura de São Paulo, garantem que a gratuidade do transporte coletivo é possível no Brasil.
Segundo ele, os subsídios não precisam ser exclusivamente com impostos municipais, mas com a coparticipação de governos estaduais e federal. “Essa pode ser uma solução e não pode ser minimizada só porque o prefeito x ou o governador y diz que não tem dinheiro”, disse.
Lúcio Gregori mostra ainda como a passagem no Brasil é cara se comparada a outros lugares do mundo. “É preciso uma discussão séria a respeito de como um país do porte do Brasil, que é a sétima maior economia do mundo, tem uma tarifa nessas proporções”, critica o engenheiro. Segundo ele, se fosse comparado com sistema de transporte de Paris (França) e Pequim (China), a tarifa de ônibus de São Paulo, que hoje é de RS 3,80, deveria ser de R$ 1,27. Comparando com os subsídios aplicados em Buenos Aires, a tarifa na capital paulista cairia para R$ 0,85. “Política é isso. É construir possibilidades e não gerir impossibilidades”, destaca Lúcio Gregori.
Fonte: site brasildefato.
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