Falar sobre o que está virando o sistema BRT pernambucano é algo sempre necessário. E triste. Ainda mais revoltante quando vemos os veículos disputando espaço, mesmo nas faixas exclusivas, com ônibus comuns e até carros. Na verdade, a falta de coragem dos gestores do sistema e das prefeituras por onde ele passa em oficializar os caminhos do BRT constrange e, o que é pior, compromete a eficiência do modelo, gerando ainda mais custo para o Estado, que já não está conseguindo cobrir o subsídio previsto em contrato.
No BRT do Corredor Norte-Sul, o mais impactado pela disputa por espaço, a queda da velocidade comercial chega a 50% por causa de trechos como o da Avenida Cruz Cabugá, no Centro do Recife. Os BRTs saem de velocidades médias de 22 km/h, 25 km/h, para 10 km/h. Perdem o “R” de Rapid da sigla BRT (Bus Rapid Transit). Nos veículos, passageiros e motoristas sofrem. Em viagens de 1h40, como a TI Pelópidas-Centro, 30 minutos são perdidos apenas na Cruz Cabugá. O prejuízo é sentido nos números e visto a olhos nus. Mas mesmo assim os gestores não criam coragem para enfrentar o problema e ignoram a, talvez, mais importante premissa do sistema BRT – o caminho exclusivo para ir e vir.
A Secretaria das Cidades sinalizou uma reação há aproximadamente um mês. Começou a pintar uma faixa contínua para o BRT na PE-15, entre o fim do corredor e o Complexo de Salgadinho. São 2,2 quilômetros, a R$ 66 mil. A meta é afastar os carros e aumentar em 30% a velocidade comercial dos BRTs. A Avenida Cruz Cabugá, entretanto, ainda não está incluída. A implantação da faixa na via está em discussão com a Prefeitura do Recife.
Mas será difícil alcançar a meta porque, por enquanto, não haverá fiscalização eletrônica. Cidades explica que o papel dela é sinalizar. O custo com radares é das prefeituras. Novamente: e a coragem de apertar os carros? A falta de prioridade viária provoca muitas perdas. Na PE-15, foram 179 viagens perdidas por congestionamentos em 45 dias. Já na Cruz Cabugá, foram 390 viagens que deixaram de ser cumpridas.
A certeza da impunidade é tanta que os motoristas invadem a faixa do ônibus até mesmo onde ela é oficial, como na maior parte dos 12 kms do corredor da PE-15. O DER-PE já aplicou 320 multas até abril e intensificou a fiscalização. Mas as notificações são feitas a olho nu, o que dificulta a ação, e não há dinheiro para radares. Uma pena porque BRT é uma mudança de comportamento. Deveria ser um sistema refinado, eficiente, confortável. Com três condicionantes básicos: embarque em nível, pagamento antecipado da tarifa e corredor exclusivo.
Fonte : blog de Olho no Trânsito com Roberta Soares
Não há fiscalização. Os carros invadem e transitam livremente nas faixas exclusivas do BRT em Paulista e em Olinda.
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