Além de atrasados, repletos de ajustes. Essa é a realidade dos terminais integrados de ônibus de Abreu e Lima, no Grande Recife, e Joana Bezerra, na área central da capital. Juntos, os dois somam quase R$ 30 milhões em investimentos públicos e pelo menos seis anos de atrasos e adiamentos. Há mais de um ano praticamente prontos e parados, as unidades agora – às vésperas de serem inauguradas – passam por correções de construção para facilitar a operação, que não foram pensadas nem na época de projeto, muito menos na construção. Ajustes que custam dinheiro e, o que é pior, adiam a inauguração, prejudicando mais de 80 mil pessoas.
“São erros que expõem a total falta de sintonia entre quem projeta o TI e quem pensa a operação”,Operador do sistema
“Erros que expõem a total falta de sintonia entre quem projeta o TI e quem pensa a operação”, resume um operador do sistema, sem se identificar. No TI Abreu e Lima, esqueceram, acreditem, do acesso dos ônibus ao terminal. Os ônibus que trafegam pela BR-101 Norte, no sentido Igarassu-Macaxeira, não tinham um acesso seguro. O que foi construído ficava numa curva. O mesmo aconteceu com os ônibus que saem do TI da Macaxeira em direção ao novo terminal: não têm uma entrada para a unidade. Terão que fazer um retorno na PE-15, nas imediações do Cemitério de Paulista, prolongando o percurso em pelo menos três quilômetros.
“O projeto previa uma alça para lançar os ônibus da BR-101 (sentido Macaxeira-PE-15) diretamente no terminal, mas não fizeram no começo, depois esqueceram e, recentemente, viram que não havia recurso”, reclama outro operador. Previsto para atender a 40 mil passageiros por dia, o TI de Abreu e Lima é importante para o sistema por ser estrutural, estando localizado na bifurcação da BR-101 com a PE-15. Tem a missão de interligar o Norte do Grande Recife ao TI da Macaxeira (hoje os passageiros que saem de Abreu e Lima, por exemplo, precisam ir até o TI Pelópidas Silveira, em Paulista, para chegar ao TI da Macaxeira), desafogando o Pelópidas e, principalmente, o TI da PE-15. E, assim, permitindo a entrada dos passageiros de Olinda no SEI (Sistema Estrutural Integrado).
Os erros não param por aí: a plataforma de embarque e desembarque do BRT ficou desnivelada com o piso do veículo e teve que ser corrigida. O complexo de passarelas que dão acesso ao TI e permitem a travessia da PE-15 também apresentou falhas. A passagem sobre a rodovia estadual dava acesso direto ao terminal, sem cobrança de passagem. Um bloqueio teve que ser instalado no local e exigirá a presença de um funcionário.
No TI Joana Bezerra, os ajustes também têm atrasado a entrega. Depois de mais de um ano quase pronto e parado, foi descoberto que o acesso deixado para os ônibus era estreito demais para que saíssem da unidade e uma alça teve que ser construída às pressas. A urgência é tanta, já que a estrutura do terminal se degrada, que são os empresários de ônibus (Urbana-PE) que estão bancando a obra, no valor R$ 400 mil. Um muro também está sendo destruído para corrigir a angulação do giro dos coletivos na saída – esse ajuste custeado pelo Estado.
A Secretaria das Cidades, responsável pelas obras dos dois TIs, admite os ajustes e diz que eles são necessários, mas sem falar das razões para tantos erros nos projetos. Nenhum representante quis dar entrevista e, por nota, a secretaria explicou apenas que a previsão de inauguração é no final do mês para o TI Joana Bezerra e em junho para o TI de Abreu e Lima. E isso tudo se a chuva deixar.
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