'Quer fazer greve? Não tira o ônibus da garagem', disse Cosma Almeida, indignada por ter que descer do veículo (Foto: Katherine Coutinho/G1)
Mais de 20 ônibus pararam em fila na Avenida Mascerenhas de Morais, Zona Sul do
Recife, e obrigaram os passageiros a saltar, uma vez que não seguiriam viagem, na manhã desta segunda-feira (28). O primeiro dos veículos a parar, bem embaixo do Viaduto Tancredo Neves, seguia para o Terminal de Integração, por volta das 7h40.
A empregada doméstica Cosma Almeida trabalha na Avenida Agamenon Magalhães e mora em Dois Carneiros. Estava indignada, sem ter como voltar para casa ou chegar ao trabalho, já que os ônibus pararam. "Eu normalmente pego ônibus às 5h, só consegui às 6h30. Agora, fui obrigada a descer. É um absurdo. Quer fazer greve, não tira o ônibus da garagem", reclama.
A aposentada Arcinoi Paes da Silva conta que pegou o ônibus no UR-02, Ibura, e ia para o Centro do Recife. "Demorou muito para conseguir pegar e, ainda por cima, eles nos obrigam a descer. Eu não prestei atenção, se tivesse, nem sairia de casa hoje. Isso é um absurdo", reclama a aposentada.
Indignada, a vendedora Selma Lima chegou a discutir com o motorista do ônibus e o cobrador, pedindo de volta o dinheiro da passagem, já que não conseguiu seguir até o destino final. "Isso é uma palhaçada, não sabem trabalhar. É um absurdo fazer isso com a população. Quer fazer greve, não sai de dentro da garagem", aponta a vendedora.
O vendedor Hugo Pereira mora na Avenida Recife e trabalha em Prazeres. Quando estava próximo à Integração Tancredo Neves, onde trocaria de ônibus para seguir até o trabalho, foi obrigado a descer. "Eu levei 40 minutos para conseguir entrar em um ônibus, porque nenhum parava quando passava", lamenta o vendedor.
Sem opção para seguir até o trabalho, a empregada doméstica Maria Eliete Tavares estava tentando calcular quanto tempo levaria para ir a pé da Avenida Mascarenhas de Morais até a Pracinha de Boa Viagem. "É muito distante, mas eu preciso ir", afirma.
A vendedora Elicéias Fonsceca estava vindo do Hospital Pan de Areias com destino ao Hospital Maria Lucinda, quando foi obrigada a descer. "Eu ia até Afogados para pegar outro ônibus. Eu tinha consulta, mas não vou conseguir chegar. Acho que vou voltar para casa", conta a vendedora, que estava com parte da mão enfaixada.
O porquê da greve
Motoristas, cobradores e fiscais de ônibus decidiram cruzar os braços em assembleia realizada na última quarta (23). Eles aprovaram indicativo de greve e comunicaram a decisão ao Ministério Público do Trabalho (MPT). A categoria não aceita a proposta de reajuste de 5% nos salários e no tíquete-refeição, feita pelo Urbana-PE. Eles querem aumento de 10%, proposto pelo MPT, e elevação no valor do tíquete-refeição de R$ 171 para R$ 320.
A greve deve afetar a vida de cerca de 2 milhões de passageiros que utilizam o transporte diariamente na Região Metropolitana. Atualmente, o sistema conta com aproximadamente 3.000 veículos integrando a frota, distribuídos em 385 linhas e 18 empresas operadoras de ônibus. São feitas, em média, 25 mil viagens por dia. O sistema conta também com mais de 15 terminais integrados.
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