RIO - Depois de consultar mapas na internet, o treinador de goleiras da seleção feminina de hóquei sobre a grama da Holanda, Simon Zijo, não teve dúvidas. Como a delegação está hospedada há mais de uma semana num condomínio no Recreio dos Bandeirantes, ele decidiu dispensar o transporte oficial e enfrentar o BRT para levar parte de sua equipe ao Parque Olímpico de Deodoro, onde fariam um reconhecimento do local das competições.
A viagem de 40 minutos foi tranquila. O grupo, que carregava equipamentos esportivos, embarcou na estação Guignard, do BRT Transoeste, em meio a outros passageiros, a maioria gente que seguia para o trabalho. Desceu duas paradas depois. Sem parar sequer para pedir informações aos funcionários da Riotur que estavam num posto na estação, a equipe fez baldeação para o BRT Transolímpico.
— Não foi difícil usar o transporte público. A viagem foi bem tranquila — afirmou Simon.
O treinador não escondeu a surpresa ao saber que, antes da implantação do BRT Transolímpico, o trajeto até Deodoro poderia levar até duas horas. Por enquanto, o corredor exclusivo está restrito à família olímpica, a credenciados e a espectadores com ingressos. A população só terá acesso ao novo sistema após a Olimpíada, no fim de agosto.
O técnico ainda não sabe se, durante os Jogos, usará o transporte oficial disponível para atletas ou o BRT. Mas, durante os treinos, ele garantiu que irá para Deodoro no ônibus do Transolímpico. Sem entrar em detalhes, disse ainda que a decisão de manter a equipe numa casa no Recreio não tem relação com as condições dos apartamentos da Vila dos Atletas.
Além do sistema de BRTs já em funcionamento na cidade para toda a população, duas linhas especiais para o público olímpico estão em operação: Recreio-Vila Militar e Jardim Oceânico-Terminal Olímpico (Centro Olímpico), que têm circulado com poucos passageiros. Outros quatro trajetos vão entrar em operação na semana que vem.
Cariocas e turistas que vão assistir a competições no Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, terão duas estações do BRT para desembarcar, mas será preciso caminhar cerca de dois quilômetros a pé até as arenas. Por medida de segurança, o terminal construído bem em frente ao complexo esportivo ficará fechado durante o evento. O objetivo é evitar aglomerações perto dos acessos aos locais de provas. A mesna estratégia foi adotada em Londres, durante os Jogos de 2012.
Após a Olimpíada, o terminal será aberto ao público como uma grande estação de integração de três BRTs: Transcarioca (Barra-Aeroporto), Transoeste (Jardim Oceânico-Campo Grande e Santa Cruz) e Transolímpico (Recreio-Deodoro).
O consórcio do BRT acredita que, mesmo com o aumento do número de visitantes na cidade, o sistema vai absorver a demanda sem sobrecarga. Até o fim desta semana, a prefeitura conclui as obras de expansão do Terminal Alvorada, na Barra, um dos maiores da cidade, que passará a ter mais pontos de embarque dos ônibus articulados.
Para embarcar nas linhas especiais, o passageiro terá que apresentar ingresso para uma das competições e pagar a tarifa com o RioCard Olímpico, que custa de R$ 25 (para o uso ilimitado por um dia) a R$ 160 (por sete dias seguidos). Nos serviços normais de BRT, o usuário paga R$ 3,80.
— Os Jogos vão coincidir com o período de recesso escolar. Muitos responsáveis por esses alunos também vão aproveitar para tirar férias. Por isso, a demanda de usuários pelo serviço no dia a dia vai diminuir. Por outro lado, teremos o público olímpico para compensar — disse a diretora de Relações Institucionais do BRT, Suzy Baloussier.
No entanto, ainda há o que ser feito nas estações. No terminal de integração do Transolímpico, entre as avenidas Salvador Allende e Abelardo Bueno, na Barra, falta sinalização. O usuário que desembarca ali fica perdido ao procurar a passagem subterrânea que leva, por exemplo, à plataforma dos do BRT. A prefeitura informou que ainda vai instalar placas especiais. Atualmente, o total de usuários dos BRTs chega a 450 mil por dia.
Fonte: O Globo
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