Novo presidente do Metrorec tomou posse após ser indicado pelo deputado federal Silvio Costa
Os usuários do metrô - são cerca de 400 mil diariamente - lamentam, semana após semana, problemas com assaltos, sujeira nas estações, panes elétricas e superlotação. A solução desses transtornos está atrelada a uma complexa engenharia que envolve alinhamento partidário e boa vontade política. Para o presidente do Sindicato de Metroviários de Pernambuco, Diogo Morais, a parte política é essencial e por isso ele celebra o fim do reinado do PP sobre o Metrorec Recife. Na última sexta-feira (18), com a posse do procurador federal da Advocacia-Geral da União (AGU) Clélio Correa de Lima Neto como novo superintendente do órgão, a indicação para o posto saiu das mãos do deputado federal Eduardo da Fonte (PP) e ficou sob a responsabilidade do deputado Silvio Costa (PSC), vice-líder do governo federal na Câmara Federal.
“O Metrorec Recife estava desconectado politicamente do governo federal. A empresa não tinha articulação política necessária e a maior consequência foi a falta de investimento na ampliação e melhoria do sistema. A gente percebeu que o PP se preocupou mais em ocupar os cargos no metrô do que em assumir uma aproximação com o governo. Essa aproximação era melhor quando o ministro das Cidades era Márcio Fortes (filiado ao partido)”, opina Diogo Morais, dando a entender que houve uma má vontade do PP desde que o Ministério das Cidades foi dado a Gilberto Kassab (PSD) pela presidente Dilma Rousseff (PT) no início deste ano.
A desconexão política entre o Metrorec é reconhecida por Eduardo da Fonte. “Quando o ministério passou à mão do PSD a gente não tem uma disposição de ajudar como tinha. Houve, nesse período de seis meses, um aumento das críticas, mas tenho certeza que o quadro está trabalhando para que essas questões sejam resolvidas”, fala o deputado.
Em sua defesa, o parlamentar alega que o PP investiu na indicação de perfis técnicos para gerenciar o metrô. “Bartolomeu Carvalho (o ex-presidente) era funcionário de carreira e foi indicado por um grupo de funcionários. Ningugém melhor que um funcionário da casa, que seja consenso. Os três últimos foram funcionários porque optamos pelo fortalecimento do pessoal da casa”, argumentou.
Responsável pela indicação de Clélio Correa, Silvio Costa diz que não há problemas no fato do novo superintendente não integrar o quadro técnico do Metrorec. “A sugestão que dei a Kassab é de uma pessoa competente na área da gestão pública. Ele vem fazendo um diagnóstico sobre a situação do metrô há três meses e acho que vai fazer uma boa gestão”, defende. O parlamentar preferiu evitar comentários sobre a atual situação do transporte metroviário e passou a bola para o indicado. “Quem vai tocar o metrô não sou eu”, completa.
Logo após ser empossado na superintendência do Metrorec, Clelio Correa destacou qual será sua tarefa inicial. “A prioridade é a questão da segurança. Vamos identificar o porquê desse problema”, garantiu. Apesar de ser oriundo da AGU, ele disse que dará atenção à parte política na gestão do metrô. “Sou um técnico, sem ligação com partido, mas essa questão da articulação política faz parte do processo”, disse.
DISPUTA - Eduardo da Fonte e Silvio Costa negam que tenha havido qualquer tipo de briga pela superintendência do Metrorec. “Não entrei em nehuma disputa política. Só fiz indicar e quem nomeia é a presidente. O PP não pode reclamar porque era do Ministério das Cidades e agora está no Ministério da Integração”, fala. O progressista vai pela mesma linha. “A gente está na Integração e indicou nomes para a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco)”, destaca.
O posto de superintendente do Metrorec era um dos cargos do governo federal mais visados em Pernambuco apesar dos constantes problemas do sistema metroviário. O ex-prefeito do Recife, João da Costa (PT), que não conseguiu se eleger deputado federal em 2014, foi colocado com um dos nomes que poderiam assumir o órgão.
Quem também pleiteava a superintendênciia era o PSD estadual, chefiado pelo secretário das Cidades, André de Paula. No partido, a linha de raciocínio é que haveria uma união política e administrativa que seria salutar para a melhoria do sistema e garantiria benefícios aos usuários. A reportagem do Jornal do Commercio apurou que a aposta do PSD, a exemplo do PP, seria em um nome técnico. No entanto, pesou contra a indicação de André de Paula o fato do partido, em Pernambuco, integrar a base do governo Paulo Câmara (PSB), cujo legenda nacionalmente está em uma posição de independência com maior inclinação oposicionista à gestão Dilma Rousseff.
Fonte: JC caderno Politica.
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