quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

A multa vai correr solta vamos faturar ou seguir as regras




Agora vai. Corredor BRT Leste-Oeste ganhará fiscalização eletrônica para evitar invasões


Repórter : Roberta Soares





Fotos: Ashlley Melo/JC Imagem


Em 2014, a mesma promessa havia sido feita pelo governo de Pernambuco e a Prefeitura do Recife, mas não vingou. Agora, a instalação de câmeras para fiscalizar e inibir a invasão dos corredores de BRT Via Livre vai virar realidade. Pelo menos no Leste-Oeste, o BRT que liga o extremo Leste da Região Metropolitana do Recife ao Centro da capital. O corredor, que tem a velocidade média dos ônibus reduzida na metade devido às constantes invasões da faixa exclusiva por veículos particulares, já ganhou duas câmeras de videomonitoramento da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) e os testes devem começar no próximo fim de semana.


Os equipamentos estão instalados nas proximidades das Estações Capibaribe e Engenho Poeta, no bairro da Várzea. Por enquanto, uma câmera monitora o tráfego no sentido Centro-subúrbio (na Engenho Poeta) e outra na direção contrária (na Capibaribe). As câmeras de videomonitoramento, como é previsto desde 2015 na Resolução 532 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), possuem placas indicativas de fiscalização eletrônica. Todas têm que estar bem sinalizadas e ter, a uma distância de pelo menos 200 metros das câmeras, placas bem visíveis com o dizer “fiscalização de trânsito por videomonitoramento”. Sem elas, a Resolução 532 não tem efeito.




Infrações serão notificadas na central de operações da CTTU. Foto: Diego Nigro/JC Imagem


Segundo Fernando Guedes, diretor de Tecnologia do Grande Recife Consórcio de Transporte (GRCT), as câmeras são resultado de uma parceria entre o governo de Pernambuco e a CTTU. Inicialmente, estarão em dois pontos, mas a expectativa é de que sejam ampliadas para todo o corredor. “Nós estamos adquirindo e instalando as câmeras que serão operadas pelos agentes de trânsito da CTTU. Serão eles quem estarão validando as infrações a partir da central de operações do órgão de trânsito. Estamos fazendo os ajustes para, o mais rápido possível, começar os testes. Elas irão ler a placa dos veículos que trafegarem na faixa exclusiva dos BRTs. No futuro, queremos utilizar a fibra ótica que existe no corredor para ampliar a fiscalização”, explica. Lembrando que dirigir em corredores exclusivos representa infração gravíssima, que rende sete pontos na CNH e multa de R$ 191,54.
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IMPACTO
A expectativa dos operadores e gestores do sistema BRT é grande em relação ao funcionamento das câmeras de videomonitoramento. Espera-se que as invasões por veículos comuns diminuam. Atualmente, a velocidade das cinco linhas em operação caem de 16 km/h para 7,8 km/h em alguns trechos. “Os dois primeiros pontos para instalação das câmeras foram escolhidos exatamente por terem uma frequência de invasões. Como existe um giro à esquerda permitido nos dois sentidos, um pouco à frente da Estação Capibaribe (sentido Recife-Camaragibe), muitos motoristas continuam trafegando no corredor de BRT. O impacto para a velocidade comercial dos veículos é grande. Quando não há invasão, temos trechos do Leste-Oeste, como na altura do elevado do Bom Pastor (Engenho do Meio), que os ônibus chegam a 28 km/h”, afirma André Melibeu, diretor de Operações do GRCT.
O fato de 36 linhas de ônibus comuns estarem no tráfego misto, disputando espaço com os veículos particulares, potencializou as invasões porque o trânsito ficou pior, principalmente no pico da manhã. Os ônibus comuns que antes usavam a faixa exclusiva foram para fora dela desde que o BRT entrou em operação, ainda em 2014.



ABANDONADO
Antes de iniciar a notificação dos invasores do corredor exclusivo dos BRTs é importante que o governo do Estado refaça a sinalização horizontal do equipamento, atualmente inexistente. Pelo menos ao longo de todo o corredor no sentido subúrbio-Centro. Se não fosse pelas estações, o motorista nem perceberia que ali opera um corredor exclusivo de BRT. Não há sinal nem mesmo da faixa contínua que isola os coletivos. Os tachões – a única segregação física do tráfego misto – sumiram faz tempo.
O pouco isolamento do BRT Leste-Oeste, inclusive, foi uma das razões para que a nota do corredor caísse na avaliação feita pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil), entidade internacional que atua no planejamento urbano inclusivo orientado pelo transporte de média e alta capacidade, e apresentada na segunda-feira (4/12), no Recife. No sentido Centro–subúrbio, entretanto, a sinalização está presente.


Por nota, a  Secretaria das Cidades informou que está refazendo a sinalização horizontal do Corredor Leste/Oeste e que a previsão é de que os trabalhos sejam concluídos até o final de janeiro de 2018. Os serviços estão sendo realizados à noite para evitar transtornos.

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