quinta-feira, 20 de setembro de 2012

RECIFE:No Grande Recife, atraso é principal desafio para deslocamento de ônibus


Ausência de corredores exclusivos e aumento de carros prejudica os ônibus.
Todos os dias, cerca de 2 milhões de pessoas utilizam os coletivos.

Katherine CoutinhoDo G1 PE
Todos os dias, cerca de 2 milhões de passageiros utilizam oônibus como meio de transporte na Região Metropolitana do Recife, através dos coletivos do Grande Recife Consórcio de Transportes (GRCT). São 390 linhas, cerca de 3 mil ônibus, que realizam aproximadamente 26 mil viagens diariamente. O maior desafio, para a população, é driblar os atrasos e os veículos lotados nos horários de pico.
Ausência de corredores de ônibus e aumento do números de carro geram engarrafamentos, que prejudicam deslocalmento dos ônibus. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Ausência de corredores exclusivos e o aumento do número de carros geram engarrafamentos, que prejudicam deslocalmento em ônibus. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
No ano das eleições municipais, o G1 preparou uma série de reportagens sobre as quatro maiores preocupações dos eleitores, de acordo com a consulta aos internautas na nossapágina de eleições: educação, saúde, transporte e segurança. A série sobre transporte vai até a sexta-feira (21).
Morando no bairro de Maçaranduba, em Jaboatão dos Guararapes, a técnica de enfermagem Izete Azevedo se desdobra para chegar até o Hospital Getúlio Vargas, no Recife, onde trabalha. “Os ônibus demoram, eu às vezes ando até outro ponto, para pegar outra linha, para ver se consigo ir. São dois ônibus, além do metrô, para chegar no HGV. E ainda mudaram a linha do ônibus que eu pegava, já não tinham muitos”, reclama Izete.
As mudanças de roteiro nas linhas acontecem, por vezes, devido a pedidos da população. “O transporte público é muito dinâmico. As linhas aumentam de acordo com a necessidade, mas é preciso entender que, para criar uma linha, é preciso demanda e que a prefeitura dê a infraestrutura necessária para que o coletivo passe por lá. Tem lugar que não é pavimentado e o ônibus passa, mas com dificuldade”, explica o presidente do Consórcio, Nélson Menezes.
Tarifa dos ônibus na Região Metropolitana do Recife
AnelTarifaTarifa reduzida*
AR$ 2,15R$ 1,10
BR$ 3,25R$ 1,65
DR$ 2,60R$ 1,10
GR$ 1,40R$ 1,10
Fonte: Grande Recife Consórcio de Transporte.
*Tarifa reduzida a partir das 5h do domingo, indo até a meia-noite.
O valor da passagem é definido através do Conselho do Consórcio, que é formado por representantes tanto do governo quanto da sociedade civil. O último reajuste aconteceu em janeiro deste ano, fazendo com que as passagens custem a partir de R$ 1,40 (Anel G) - aos domingos, a tarifa é reduzida, custando a partir de R$ 1,10 (anéis A, D e G). Confira na tabela ao lado o preço atual das passagens do GRCT.
Embora a administração do GRCT seja feita em conjunto, atualmente, pelas prefeituras de Olinda e Recife, além do governo estadual, a responsabilidade do transporte público dentro das cidades permanece sendo dos governos municipais. “As prefeituras são obrigadas a tomar conta de seu transporte, não podem delegar a ninguém. No Consórcio, elas administram em conjunto. Pensar o transporte dessa forma, no Recife, é uma facilidade, devido à densidade da Região Metropolitana, que mais parece uma cidade só. Se você pensar separadamente, ia ser muito difícil para a população. Imagine a quantidade de pessoas que trabalha em uma cidade e mora em outra sem ter como ir de ônibus?”, reflete Menezes.
Tarifas especiais e serviço opcional de ônibus na Região Metropolitana do Recife
LinhaTarifa
042 – AeroportoR$ 2,65
072 – CandeiasR$ 4,00
160 – Gaibu/Barra de JangadaR$ 4,00
195 – Recife/Porto de GalinhasR$ 10,40
191 – Recife/Porto de Galinhas (Nossa Senhora do Ó)R$ 7,10
194 – Cabo/Porto de GalinhasR$ 4,00
196 – Recife/Porto de Galinhas (IMIP)R$ 5,70
Fonte: Grande Recife Consórcio de Transporte.
 A autônoma Miriam Lima sabe bem o que é ter de ir de uma cidade a outra para trabalhar. Morando em Ouro Preto, Olinda, e trabalhando no Recife, Miriam percorre mais de 15 quilômetros todos os dias para chegar até o emprego. O problema, para ela, é conseguir pegar o coletivo no Terminal de Integração da PE-15. “No horário da saída, é sufocante. As pessoas empurram, todo mundo querendo entrar ao mesmo tempo. A gente só aceita porque não tem outra opção”, lamenta Miriam.
Para a técnica de enfermagem Danielle Menezes, o problema maior são os atrasos. “De manhã, dez minutos faz toda a diferença. Não posso chegar atrasada no trabalho”, afirma Danielle, que entende os ônibus cheios nos horários críticos. A estudante Juliane Laís, de 14 anos, mora no final da Avenida Norte, no Recife, e estuda em Paulista, também na Região Metropolitana. “O ônibus era para chegar de 20 em 20 minutos, mas às vezes ele demora 40 para chegar aqui na integração”, diz Juliane.
Terminais Integrados
O trânsito tem sido um dos desafios a serem enfrentados por quem precisa dos ônibus e também por quem administra os terminais, como Alysson Machado, gestor do Terminal Integrado do Barro, localizado no bairro de Jardim São Paulo, na BR-101, no Recife, e integrado ao sistema de metrô da Região Metropolitana. Por dia, passam aproximadamente 100 mil pessoas pelo terminal. “O trânsito atrapalha muito. O ônibus consegue sair daqui na hora, mas acaba pegando um congestionamento na BR, com isso atrasa para o próximo. Lidar com planejamento nessas horas é complicado”, afirma Machado.
Terminal Integrado do Barro passa por reformas. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Terminal Integrado do Barro passa por reformas para resolver problemas como a passagem de pedestres pelas pistas de rolamento. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
O Sistema Estrutural Integrado (SEI) reúne linhas de metrô e ônibus - embora nem todo terminal de integração seja ligado diretamente ao metrô. Voltado para o transporte de massa, o SEI conta com eixos radiais e perimetrais, sendo que os terminais de integração ficam localizados nos cruzamentos desses eixos. O acesso se dá através de dez empresas operadoras, responsáveis por 78 linhas, das quais 51 são alimentadoras, sete perimetrais, 11 radiais, três interterminais e três circulares, atendendo dez dos 14 municípios da Região Metropolitana do Recife.
Cores ajudam a identificar ônibus e linhas. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Cores ajudam a identificar ônibus e linhas.
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
As cores nos ônibus servem também de auxílio à população, indicando o tipo de percurso que é realizado pelo coletivo ao deixar o terminal. Os amarelos são responsáveis por trazer os usuários do subúrbio até o terminal integrado mais próximo, pertencendo assim às linhas alimentadoras. Os vermelhos cruzam grandes corredores sem passar pelo centro da cidade, constituindo a linha perimetral. Os ônibus que saem dos Terminais de Integração até o Centro do Recife são os azuis, que integram a linha radial. Entre um terminal e outro, os responsáveis pelos percursos são os ônibus verdes, enquanto os brancos levam os usuários às áreas no entorno do terminal de integração.
Ao todo, o SEI conta com 14 terminais integrados e a expectativa do GRCT é aumentar esse número para 25, até 2014. Além desses terminais, o Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP) conta ainda com 81 miniterminais, que servem como ponto de apoio para várias linhas em bairros e subúrbios dos 14 municípios da RMR.
Alguns dos atuais terminais estão passando por reformas, como o do Barro. “Esse é um terminal que surgiu pela necessidade. Há a questão da segurança dos passageiros, que precisam atravessar pelas faixas de rolamento. Depois da reforma, com as plataformas, vamos resolver essa questão”, explica Machado. A primeira das cinco etapas da reforma deve terminar em fevereiro de 2013, de acordo com o gestor do terminal.
Outro desfio dos terminais é a questão da segurança. As ameaças externas exigem que se invista cada vez mais na área. “São muitas pessoas que passam por aqui, não temos como ter controle de tudo, mas ficamos de olho. Temos um esquema de segurança, equipe que toma conta. A situação deve melhorar ainda mais após a reforma”, acredita Machado.
A qualidade do serviço inclui também investimento na infraestrutura dos TIs, garantindo conforto para os usuários. Como regra geral, os equipamentos possuem lanchonetes, sanitários, central de atendimento e lojas.
 
Parada de ônibus no Bairro Novo, em Olinda. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Parada de ônibus no Bairro Novo, em Olinda.
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
Paradas
O Grande Recife conta com 5.612 paradas de ônibus, todas de responsabilidade do Consórcio. Desse total, 391 são do modelo com cobertas e bancos de metal. A manutenção desses abrigos fica a cargo de uma empresa terceirizada, que utiliza espaços publicitários no equipamento e, em contrapartida, é responsável pela boa condição da parada. Para reclamações, a população pode entrar em contato com o Consórcio através daOuvidoria.
Novas linhas
Organizar um sistema de transporte público é complexo. O presidente do Consórcio, Nélson Menezes, ressalta que estudos são feitos constantemente para atender às necessidades da população. De acordo com ele, bairros e comunidades se modificam a todo instante e nem sempre é possível acompanhar as alterações – ou saber o que a comunidade precisa exatamente. Para isso, o Consórcio tem um setor exclusivo para receber as reclamações e opiniões da população, a Gerência de Relacionamento do Grande Recife.
O objetivo, afirma o presidente, é atender da melhor maneira possível à população. “A gente faz o desenho da linha, acredita que o número de viagens é suficiente devido aos estudos, mas nem sempre é isso que o usuário quer. Esse setor é responsável por receber essas demandas. Respondemos a todas”, explica Menezes.
Por mês, o Grande Recife faz cerca de 60 atendimentos por telefone, além de outros 50 pessoais, dez reuniões com comunidades e, em média, duas visitas técnicas. “Os técnicos vão aos locais, mas é como eu disse, é necessário ter estrutura, isso é responsabilidade da Prefeitura. Por vezes, tem um abismo, ou a comunidade é de difícil acesso por buracos ou outros problemas. Em alguns casos, o trajeto que a população pede não é possível para os ônibus, eles ficariam presos”, detalha o presidente. O contato com a Gerência pode ser feito através dos telefones (81) 3182.5552 e 3182.5553.
Além dos pedidos dos usuários, o Grande Recife está para abrir edital de licitação para a contratação de novas empresas para operaram no Consórcio. A proposta do Governo prevê um contrato com as empresas e/ou consórcios vencedores no período de 15 anos, renováveis por mais cinco.

Atualmente, são 18 empresas permissionárias que atuam na Região Metropolitana. O gerenciamento e a fiscalização do serviço são feitos pelo Grande Recife. O Consórcio conta atualmente com uma equipe de 70 fiscais, que estão no dia-a-dia dos terminais e nas ruas. Eles possuem a prerrogativa de vistoriar e fiscalizar o serviço prestado pelas empresas operadoras, através das linhas e veículos, e o poder de multar e implantar alterações pontuais na programação das linhas, quando necessário.
TRO
O professor doutor na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e atuante na pesquisa do transporte do Grande Recife Oswaldo Lima Neto lembra que os corredores exclusivos poderiam ajudar a desafogar o trânsito, ao menos para os ônibus. “O seu dia fica menor com as demoras. A gente perdeu a precisão no deslocamento, você não tem certeza da hora que o ônibus vai passar, não consegue prever que sai daqui e em 20 minutos chega ao destino”, diz Lima Neto.
Essa previsibilidade pode ser reconquistada através dos corredores de ônibus, em especial os do transporte rápido por ônibus (TRO), que vão se implantados de Igarassu ao Centro do Recife. Esses veículos terão plataforma de embarque/desembarque em nível, seguindo o modelo do metrô, com pagamento adiantado da passagem, o que tende a agilizar o embarque e desembarque. “Já faz mais de 30 anos que esse tipo de transporte existe. Você tem para mais de 100 projetos funcionando no mundo todo. O mais famoso deles é o Transmilênio, em Bogotá, capital da Colômbia, que funciona que é uma beleza”, conta o professor.
O sistema conhecido como ‘Transmilênio’ se tornou o único grande projeto de transporte público aprovado pela Organização das Nações Unidas (ONU). A criação de corredores exclusivos de ônibus deixou as viagens muito mais rápidas. Com isso, sete em cada dez habitantes usam o transporte público. O Transmilênio permitiu a retirada de circulação de 7 mil ônibus particulares pequenos, o que ajudou a reduzir ainda o consumo de combustível.
Para ler mais notícias do G1 Pernambuco

PERNAMBUCO:Metrô precisa da ajuda de municípios para atender melhor população


Acesso ao metrô, com calçadas e ônibus, é responsabilidade de prefeituras.
Metrô surgiu a partir dos trilhos da antiga Rede Ferroviária Federal.

Katherine CoutinhoDo G1 PE
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Estação de metrô do Barro, no Recife. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Estação de metrô do Barro, no Recife.
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
Pontualidade e rapidez. São duas palavras que boa parte da população utiliza para definir o serviço prestado pelo metrô. Qualquer atraso nos trens é logo notado e os passageiros reclamam, uma vez que é raro algo do tipo acontecer. Todos os dias, 280 mil passageiros utilizam o sistema na Região Metropolitana do Recife, de acordo com a Superintendência no Recife da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

No ano das eleições municipais, o G1 preparou uma série de reportagens sobre as quatro maiores preocupações dos eleitores, de acordo com a consulta aos internautas na nossa página de eleições: educação, saúde, transporte e segurança. A série sobre transporte vai até a sexta-feira (21).
Apesar da administração ser através de uma estatal do Governo Federal, os municípios tem sua participação também no sistema, seja através da infraestrutura no entorno das estações, como ruas asfaltadas e calçadas, como os ônibus que levam passageiros até o metrô. O trabalho precisa ser feito em conjunto para que a população possa ser melhor atendida, mas ainda existem dificuldades.
A dona de casa Rosálio dos Santos prefere andar um pouco mais e pegar o metrô, do que optar pelo ônibus. “Em Boa Viagem, o metrô é ruim de pegar, mas quando vou para o Centro, é o meio mais rápido de chegar”, acredita Rosálio. “Devia ter para mais lugares, é muito mais rápido, não atrasa”, defende a promotora Renata Santos, que mora no Recife e trabalha em Prazeres, em Jaboatão.
Recife, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Camaragibe são os municípios da Região Metropolitana atendidos atualmente pelos sistema de metrô e trens. O desenho da malha viária corresponde, em sua essência, à antiga Rede Ferroviária Federal, que deu origem à CBTU – Metrorec na capital pernambucana. “A expansão do metrô segue o plano diretor feito na década de 1980, que indicava a expansão da Região Metropolitana na direção dos municípios de Jaboatão e Cabo, quadro que foi confirmado”, explica Salvino Gomes, assessor da CBTU-Metrorec.
Trem do metrô que segue até Cajueiro Seco, em Jaboatão. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Plano diretor da década de 1980 indicava crescimento da Região Metropolitana em direção a Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Atualmente, Jaboatão dos Guararapes tem a segunda maior população de Pernambuco, contando com 654.786 habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A cidade tem mostrado interesse na ampliação da malha e do acesso, como explica a gerente de Transporte de Jaboatão, Lúcia Recena. “No trecho entre Cajueiro Seco e o Cabo, solicitamos a construção de dois pontos de parada em Jaboatão. Pretendemos ajudar colocando outros equipamentos ao redor para entregar o local à comunidade”, conta Lúcia.

A tarifa do metrô no Grande Recife é R$ 1,60, enquanto a tarifa integrada do Anel A custa R$ 2,15 e a do Anel B R$ 3,25. O último reajuste, de acordo com a CBTU, aconteceu em janeiro de 2011.
Mapa da linha do metrô no Grande Recife. (Foto: Divulgação / CBTU - Metrorec)Mapa da linha do metrô no Grande Recife.
(Foto: Divulgação / CBTU - Metrorec)
Operação
O metrô opera duas linhas, a Linha Sul e a Centro, que juntas somam 39,5 quilômetros e contam com 28 estações, sendo sete delas junto aos Terminais Integrados. As estações contam com painéis eletrônicos e caixas de som que, quando o trem chega na estação anterior, avisam à população quanto tempo falta para embarcar. A tecnologia foi desenvolvida na Paraíba e trazida para o Recife – um meio de economizar energia, informando ainda a população. Cada estação é sinalizada com um símbolo e linha por uma cor, a fim de facilitar a identificação do destino.

A Linha Sul transporta 45 mil passageiros em média por dia, com um intervalo de aproximadamente 10 minutos entre um trem e outro. Pela Linha Centro, passam, todos os dias, uma média de 230 mil passageiros. O intervalo nessa linha é menor – apenas cinco minutos. O horário de operação de ambas as linhas é de 5h às 23h, de domingo a domingo.
Os trens diesel fazem o percurso entre Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes e o cabo de Santo Agostinho e do Curado também ao Cabo, levando aproximadamente cinco mil pessoas por dia. O horário de funcionamento é de segunda a sexta, de 5h30 às 20h30, sábados de 5h30 às 14h30 e não circulam aos domingos.
Apesar dos muitos elogios, nos horários de pico, como por volta das 6h, as estações se tornam pequenas para o grande número de passageiros. “É sufocante, se eu puder evitar passar nesses horários mais cheios, evito”, conta o eletricista Gilberto de Souza, que faz o percurso entre a Estação Joana Bezerra e Cajueiro Seco, em Jaboatão, quase todos os dias.
O metrô conta atualmente com 25 trens. Outros 15 já foram comprados para diminuir o tempo entre os carros e facilitar o deslocamento da população, custando R$ 220 milhões. O primeiro deve chegar até novembro deste ano. Os trens foram encomendados de uma empresa espanhola, CAF, e vem com aparelho localizador por satélite (GPS) e ar-condicionado, sendo nos mesmos moldes dos utilizados em Madrid, na Espanha. Dez a 12 trens devem ser colocados na Linha Sul, que passaria a atender 150 mil pessoas por dia, de acordo com a CBTU. Além disso, outras estações devem se transformar também em Terminais Integrados.
Estação Joana Bezerra, no Recife. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Estação Joana Bezerra, no Recife, é integrada a terminal de
ônibus.(Foto: Katherine Coutinho / G1)
Acesso
Chegar às estações de metrô nem sempre é tarefa simples. Os moradores de bairros como Boa Viagem reclamam, apesar de agora o terminal do Aeroporto ter começado a funcionar. “Você precisa sair e caminhar para pegar um ônibus. À noite, fica esquisito”, reclama a vendedora Juliane dos Santos.
Para facilitar esse acesso e também incentivar a população, as estações poderiam ter, por exemplo, estacionamento para carros, sugere o professor doutor na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e atuante na pesquisa do transporte do Grande Recife, Oswaldo Lima Neto. “Seria muito mais fácil uma pessoa que mora em Boa Viagem dirigir até o metrô, deixar o carro, ir até o Centro resolver o que precisa, voltar e pegar o carro para casa”, acredita o professor.
Além de estacionamento para carros, locais para as bicicletas ou aluguel desses veículos poderia auxiliar a população no acesso ao metrô e ajudar, assim, a melhoria na mobilidade da cidade. "Devíamos ter também melhores calçadas no acesso ao metrô, muitos dos percursos na Região Metropolitana são feitos a pé”, afirma Lima Neto.
Os Terminais Integrados também são uma alternativa para facilitar o acesso da população. A administração dos terminal de ônibus e da estação do metrô é feita por pessoas diferentes, mas que trabalham em conjunto, como explica o gestor do Terminal Integrado do Barro, Alysson Machado. "O chefe da estação e o gestor do terminal buscam trabalhar em conjunto, um auxiliando o outro na medida do possível. Por exemplo, quando alguém passa mal, a gente conta com a ajuda da cadeira de rodas que eles têm”, detalha Machado.
Metrô, trem diesel e o veículo leve sobre trilhos (VLT) são utilizados pela CBTU. (Foto: George Antony / CBTU Metrorec)Metrô, trem diesel e o veículo leve sobre trilhos (VLT) são utilizados pela CBTU. (Foto: George Antony / CBTU Metrorec)
VLT
Ampliar o acesso ao metrô no Grande Recife é um desafio, a começar pelos custos necessários no processo. Um quilômetro de trilhos e eletrificação, necessários para a passagem do metrô, custam pelo menos R$ 8 milhões, segundo dados da CBTU, embora como contraponto a vida útil seja superior ao de uma rodovia, chegando a 50 anos.
VLTs estão em fase de testes no trecho entre Cajueiro Seco e Cabo de Santo Agostinho. (Foto: George Antony / CBTU Metrorec)VLTs estão em fase de testes no trecho entre Cajueiro Seco
e Cabo. (Foto: George Antony / CBTU Metrorec)
Alternativa mais barata, os veículos leves sobre trilhos (VLTs) estão em teste pela CBTU aos sábados, fazendo o trecho entre Cajueiro Seco e o Cabo de Santo Agostinho. Existem projetos para ampliar a circulação dos VLTs, como um que saíria do Marco Zero e iria até o Terminal Integrado de Passageiros do Curado, próximo a cidade da Copa, mas por enquanto o único que circula na Região Metropolitana é entre Cajueiro e Cabo de Santo Agostinho.
Os VLTs ocupam menos espaço e são movidos a diesel, com capacidade para 600 pessoas, ar condicionado e aparelho GPS. Atualmente, existem sete trens desse tipo em operação no Grande Recife – eles custaram R$ 56 milhões e foram construídos em Barbalha, no Ceará. Os munícipios podem elaborar projetos e protocolar junto ao Ministério das Cidades para pedir o tranporte, com ideias para financiamento do projeto.

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OLINDA/RECIFE:Permissão e fiscalização de táxis devem ser feitas pelas prefeituras

Olinda, Recife e Jaboatão dos Guararapes praticam a mesma bandeirada.
Juntas, as três cidades contam com uma frota de 7.679 táxis.


Seja por conforto, por pressa ou outra necessidade, os táxis são uma opção de transporte a mais para a população. Recife, Jaboatão dos Guararapes e Olinda, juntos, possuem uma frota de 7.679 veículos, sendo a grande maioria pertencente à capital pernambucana, que conta com 6.125 permissões para táxis. Ainda assim, conseguir um táxi no meio da rua nas três cidades não é tarefa fácil - eles passam, geralmente, com passageiros.
A aposentada Maria Jucélia Silva dá a dica para quem tem dificuldades. “É só ir no ponto ou ligar para alguma das cooperativas, assim você consegue. No meio da rua, não dá mesmo”, explica. O taxista Luciano Barbosa trabalha há oito anos em Olinda e justifica porque os motoristas optam por ficar nos pontos. “A fiscalização é complicada, você não pode parar em qualquer lugar. Às vezes, até para deixar um passageiro em frente a uma clínica, você acaba multado”, afirma Barbosa.
A profissão de taxista foi regulamentada pela Lei 12.468/11, que prevê ainda a necessidade do motorista vestir-se adequadamente para a função, manter as condições do veículo e de higiene do mesmo, além de estar com a documentação em dia e respeitar o Código Brasileiro de Trânsito, o que significa também não poder parar em qualquer lugar, podendo ser multado por parada irregular.
Tarifa de táxi comum
ServiçoTarifa
BandeiraR$ 3,80
Quilômetro na bandeira 1R$ 1,85
Quilômetro na bandeira 2R$ 2,22
Hora paradaR$ 12,95
Volume transportadoR$ 0,20
Taxa de atendimento pernsonalizadoR$ 3,50
Fonte: Prefeitura do Recife
 O uso do taxímetro também está previsto na legislação, sendo de uso obrigatório em cidades com mais de 50 mil habitantes. EmPernambuco, os taxímetros são regulados pelo Instituto de Pesos e Medidas de Pernambuco (Ipem/PE), órgão da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado. Vistorias anuais conferem se os aparelhos estão devidamente regulados nos carros e, quando necessário, são feitos os reajustes decididos pelo governo municipal. O último foi realizado em fevereiro deste ano.
O valor da bandeirada, da tarifa por quilômetro rodado e por tempo parado é definido por cada município, através de uma planilha de custos. No caso do Recife, essa planilha é submetida ao Conselho Municipal de Trânsito e Transporte da cidade (CMTT/Recife), que corrobora a decisão ou não. Olinda e Jaboatão dos Guararapes têm acompanhado a capital nessa tarifação. “A tarifa foi sancionada aqui em Jaboatão depois de verificarmos que os valores são compatíveis com os que foram calculados na nossa planilha de dados”, explica a gerente de trânsito e transporte do município, Lúcia Recena.
Táxi especial para hotéis
ServiçoTarifa
BandeiraR$ 4,56
Quilômetro na badeira 1R$ 2,22
Quilômetro na bandeira 2R$ 2,66
Hora paradaR$ 12,95
Volume transportadoR$ 0,20
Fonte: Prefeitura do Recife
 Todos os táxis comuns começam a rodar com R$ 3,80 no taxímetro. Os táxis especiais para hotéis, que também rodam no Aeroporto Internacional dos Guararapes/Gilberto Freyre, no Recife, têm a bandeira em R$ 4,56 e há diferença também na cobrança de quilômetros rodados na bandeira um e na bandeira dois. (Confira ao lado a tabela com as tarifas praticadas pelos táxis).

O preço é considerado alto por alguns passageiros, como o pedreiro Altair José dos Santos. "Só que, quando a gente não quer esperar, não sabe chegar direito no lugar, é melhor separar um pouco mais de dinheiro e ir. Não dá para andar sempre, mas de vez em quando eu vou, nem que seja para chegar até o ponto para voltar para casa mais rápido", diz Altair, que mora em Limoeiro e vem mensalmente ao Recife para a realização de exames médicos.
Táxis circulam por avenidas de Olinda, Recife e Jaboatão geralmente ocupados. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Táxis circulam por avenidas de Olinda, Recife e Jaboatão geralmente ocupados. Livres, só nos pontos.
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
Cada município é responsável pela fiscalização dos táxis em sua área. A fiscalização no Recife é feita pela Diretoria de Transportes da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), que conta com uma equipe de agentes somente para esse trabalho. "Eles passam verificando os documentos da gente, quando estamos nos pontos", diz o taxista José Caetano, que trabalha há 15 anos como taxista.
O maior desafio para os táxis, segundo Caetano, é o trânsito, principalmente nos horários de pico. "A gente não consegue ver solução a curto prazo, as alterações parecem que pioram os engarrafamentos", afirma o taxista. Foi a falta de paciência para o trânsito e a demora de ônibus que fez a arquieteta Lucíola Alves optar por abandonar um  carro próprio e contar com os carros de aluguel. "Se você se cansa, paga o valor do taxímetro e pode sair a pé. Quando vou para o Centro do Recife, conseguir vaga é complicado, então não adiantava ir de carro. Fora que assim não me aborreço, posso ir lendo", justifica Lucíola.
Taxistas de Jaboatão reclamam que carros particulares ocupam pontos de táxi. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Taxistas de Jaboatão reclamam que carros particulares
ocupam pontos de táxi. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Outro problema enfrentado pelos taxistas é o desrespeito dos pontos por carros particulares. "A gente chega para estacionar e tem um carro particular parado, porque é perto de um banco. Quando vamos reclamar, as pessoas insultam a gente, é complicado. Melhorou um pouco, mas a situação ainda é caótica", afirma o taxista Nerivan Araújo, que trabalha há 11 anos no Centro de Jaboatão dos Guararapes.
Falta de táxi
O serviço prestado pelos táxis funciona  por meio de permissões e outorgas. No Recife, as novas permissões foram suspensas desde 1995 através de decreto municipal, embora em 2006 tenha acontecido uma seleção pública para permissionários já integrantes do sistema para operarem no Aeroporto do Recife, nos serviços de táxi especial e comum, de acordo coma CTTU.  A cidade do Recife conta com um táxi para cada 251 moradores, número considerado mais que suficiente - por isso, a Prefeitura afirma que não deve haver novas permissões.
Porém, como explicar a dificuldade de se consguir um táxi, mesmo através de operadoras e cooperativas em dias de grandes eventos ou horários de picos? "A gente faz os nossos horários, somos trabalhadores autônomos, mesmo em cooperativas. Com isso, alguns optam por trabalhar de manhã  cedo, outros preferem evitar horários de pico. Como por volta das 18h a procura é grande, mas o trânsito também, acaba se tornando mais complicado", explica o taxista José Rubem de Souza.
Em Jaboatão dos Guararapes, a Prefeitura reconhece que o número de veículos poderia ser maior e, após fazer o recadastramento dos atuais permissionários, pretende aumentar a frota, que atualmente é de 742 veículos. "Está sendo preparada uma licitação para a concessão de 235 permissões, sendo 205 de táxi comum e 30 de táxi acessível, voltado para pessoas com necessidades especiais", conta gerente de Transporte da cidade, Lúcia Recena.
Olinda conta com 812 táxis e mais 40 devem integrar a frota da cidade até o final deste ano, também para veículos acessíveis. "Essas 40 permissões que devem estar licenciadas até dezembro são para táxis para cadeirantes. A Lei nº 5.714 /2010 de 17 de dezembro de 2010 instituiu o sistema de transporte público de passageiros com necessidades especiais por serviço denominado de Táxi Cadeirante", explica o secretário de Transporte de Olinda, Adriano Max.
Insegurança no trabalho
A questão da falta de segurança no turno da noite é um dos pontos negativos da profissão, apontado pelo taxista Inácio José da Silva. "A gente não sabe quem está entrando no carro da gente e à noite tem menos segurança. Até tem blitz, mas eles geralmente estão mais preocupados em verificar a documentação da gente do que em ver quem é o passageiro. Podiam pedir a documentação dos passageiros também, é uma segurança maior para todos", opina Silva.
Luiz Ricardo da Silva Filho trabalha há 25 anos como taxista em Olinda. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Luiz Ricardo da Silva Filho trabalha há 25 anos como taxista
em Olinda. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Outra questão apontada pelo taxista Luiz Ricardo Silva Filho, que trabalha há 25 anos em Olinda, é o 'miador', sinal luminoso colocado em cima dos táxis quando em serviço. "Eu sou obrigado a tirar quando saio do meu município e entro no Recife, correndo o risco de ser multado, mas se eu estiver em uma estrada federal indo para a Paraíba, sou obrigado a usar. Por que ter que tirar? Devia ser fixo", acredita Silva Filho.
A reclamação acontece também com os motoristas que trabalham em Jaboatão dos Guararapes e no Recife. O argumento utilizado é que o 'miador' indica que o táxi pode pegar passageiros - e um táxi de Olinda não pode pegar passageiros no Recife, por exemplo, a não ser quando um convênio entre as cidades é anunciado, como acontece no carnaval ou por ocasião de um grande evento, como no show de Paul McCartney.
"Acho que o táxi metropolitano seria a melhor situação. Tem gente que fala que a gente de Olinda vai querer fazer ponto no Recife, mas não é isso. Quando vamos levar um passageiro no Recife, poderíamos pegar um na rua, voltando para Olinda. Qual o problema nisso? Eu não vejo nenhum", acredita Silva Filho. O táxi metropolitano está em fase de estudo ainda, segundo as prefeituras.
Os carros, nas três cidades, são identificados por um número, geralmente localizado na parte traseira. O número garante que o táxi é credenciado e serve também para os usuários entrarem em contato com os órgãos competentes para reclamarem em casos de abuso dos motoristas, como se recusar a ligar o taxímetro. No Recife, o usuário pode entrar em contato com a CTTU pelo telefone 0800-081-1078, enquanto o órgão responsável em Olinda, a Secretária de Transporte, atende pelo (81) 3305.1021. Em Jaboatão, o número é (81) 3343.1741.