quinta-feira, 20 de setembro de 2012

PERNAMBUCO:Metrô precisa da ajuda de municípios para atender melhor população


Acesso ao metrô, com calçadas e ônibus, é responsabilidade de prefeituras.
Metrô surgiu a partir dos trilhos da antiga Rede Ferroviária Federal.

Katherine CoutinhoDo G1 PE
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Estação de metrô do Barro, no Recife. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Estação de metrô do Barro, no Recife.
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
Pontualidade e rapidez. São duas palavras que boa parte da população utiliza para definir o serviço prestado pelo metrô. Qualquer atraso nos trens é logo notado e os passageiros reclamam, uma vez que é raro algo do tipo acontecer. Todos os dias, 280 mil passageiros utilizam o sistema na Região Metropolitana do Recife, de acordo com a Superintendência no Recife da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

No ano das eleições municipais, o G1 preparou uma série de reportagens sobre as quatro maiores preocupações dos eleitores, de acordo com a consulta aos internautas na nossa página de eleições: educação, saúde, transporte e segurança. A série sobre transporte vai até a sexta-feira (21).
Apesar da administração ser através de uma estatal do Governo Federal, os municípios tem sua participação também no sistema, seja através da infraestrutura no entorno das estações, como ruas asfaltadas e calçadas, como os ônibus que levam passageiros até o metrô. O trabalho precisa ser feito em conjunto para que a população possa ser melhor atendida, mas ainda existem dificuldades.
A dona de casa Rosálio dos Santos prefere andar um pouco mais e pegar o metrô, do que optar pelo ônibus. “Em Boa Viagem, o metrô é ruim de pegar, mas quando vou para o Centro, é o meio mais rápido de chegar”, acredita Rosálio. “Devia ter para mais lugares, é muito mais rápido, não atrasa”, defende a promotora Renata Santos, que mora no Recife e trabalha em Prazeres, em Jaboatão.
Recife, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Camaragibe são os municípios da Região Metropolitana atendidos atualmente pelos sistema de metrô e trens. O desenho da malha viária corresponde, em sua essência, à antiga Rede Ferroviária Federal, que deu origem à CBTU – Metrorec na capital pernambucana. “A expansão do metrô segue o plano diretor feito na década de 1980, que indicava a expansão da Região Metropolitana na direção dos municípios de Jaboatão e Cabo, quadro que foi confirmado”, explica Salvino Gomes, assessor da CBTU-Metrorec.
Trem do metrô que segue até Cajueiro Seco, em Jaboatão. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Plano diretor da década de 1980 indicava crescimento da Região Metropolitana em direção a Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Atualmente, Jaboatão dos Guararapes tem a segunda maior população de Pernambuco, contando com 654.786 habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A cidade tem mostrado interesse na ampliação da malha e do acesso, como explica a gerente de Transporte de Jaboatão, Lúcia Recena. “No trecho entre Cajueiro Seco e o Cabo, solicitamos a construção de dois pontos de parada em Jaboatão. Pretendemos ajudar colocando outros equipamentos ao redor para entregar o local à comunidade”, conta Lúcia.

A tarifa do metrô no Grande Recife é R$ 1,60, enquanto a tarifa integrada do Anel A custa R$ 2,15 e a do Anel B R$ 3,25. O último reajuste, de acordo com a CBTU, aconteceu em janeiro de 2011.
Mapa da linha do metrô no Grande Recife. (Foto: Divulgação / CBTU - Metrorec)Mapa da linha do metrô no Grande Recife.
(Foto: Divulgação / CBTU - Metrorec)
Operação
O metrô opera duas linhas, a Linha Sul e a Centro, que juntas somam 39,5 quilômetros e contam com 28 estações, sendo sete delas junto aos Terminais Integrados. As estações contam com painéis eletrônicos e caixas de som que, quando o trem chega na estação anterior, avisam à população quanto tempo falta para embarcar. A tecnologia foi desenvolvida na Paraíba e trazida para o Recife – um meio de economizar energia, informando ainda a população. Cada estação é sinalizada com um símbolo e linha por uma cor, a fim de facilitar a identificação do destino.

A Linha Sul transporta 45 mil passageiros em média por dia, com um intervalo de aproximadamente 10 minutos entre um trem e outro. Pela Linha Centro, passam, todos os dias, uma média de 230 mil passageiros. O intervalo nessa linha é menor – apenas cinco minutos. O horário de operação de ambas as linhas é de 5h às 23h, de domingo a domingo.
Os trens diesel fazem o percurso entre Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes e o cabo de Santo Agostinho e do Curado também ao Cabo, levando aproximadamente cinco mil pessoas por dia. O horário de funcionamento é de segunda a sexta, de 5h30 às 20h30, sábados de 5h30 às 14h30 e não circulam aos domingos.
Apesar dos muitos elogios, nos horários de pico, como por volta das 6h, as estações se tornam pequenas para o grande número de passageiros. “É sufocante, se eu puder evitar passar nesses horários mais cheios, evito”, conta o eletricista Gilberto de Souza, que faz o percurso entre a Estação Joana Bezerra e Cajueiro Seco, em Jaboatão, quase todos os dias.
O metrô conta atualmente com 25 trens. Outros 15 já foram comprados para diminuir o tempo entre os carros e facilitar o deslocamento da população, custando R$ 220 milhões. O primeiro deve chegar até novembro deste ano. Os trens foram encomendados de uma empresa espanhola, CAF, e vem com aparelho localizador por satélite (GPS) e ar-condicionado, sendo nos mesmos moldes dos utilizados em Madrid, na Espanha. Dez a 12 trens devem ser colocados na Linha Sul, que passaria a atender 150 mil pessoas por dia, de acordo com a CBTU. Além disso, outras estações devem se transformar também em Terminais Integrados.
Estação Joana Bezerra, no Recife. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Estação Joana Bezerra, no Recife, é integrada a terminal de
ônibus.(Foto: Katherine Coutinho / G1)
Acesso
Chegar às estações de metrô nem sempre é tarefa simples. Os moradores de bairros como Boa Viagem reclamam, apesar de agora o terminal do Aeroporto ter começado a funcionar. “Você precisa sair e caminhar para pegar um ônibus. À noite, fica esquisito”, reclama a vendedora Juliane dos Santos.
Para facilitar esse acesso e também incentivar a população, as estações poderiam ter, por exemplo, estacionamento para carros, sugere o professor doutor na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e atuante na pesquisa do transporte do Grande Recife, Oswaldo Lima Neto. “Seria muito mais fácil uma pessoa que mora em Boa Viagem dirigir até o metrô, deixar o carro, ir até o Centro resolver o que precisa, voltar e pegar o carro para casa”, acredita o professor.
Além de estacionamento para carros, locais para as bicicletas ou aluguel desses veículos poderia auxiliar a população no acesso ao metrô e ajudar, assim, a melhoria na mobilidade da cidade. "Devíamos ter também melhores calçadas no acesso ao metrô, muitos dos percursos na Região Metropolitana são feitos a pé”, afirma Lima Neto.
Os Terminais Integrados também são uma alternativa para facilitar o acesso da população. A administração dos terminal de ônibus e da estação do metrô é feita por pessoas diferentes, mas que trabalham em conjunto, como explica o gestor do Terminal Integrado do Barro, Alysson Machado. "O chefe da estação e o gestor do terminal buscam trabalhar em conjunto, um auxiliando o outro na medida do possível. Por exemplo, quando alguém passa mal, a gente conta com a ajuda da cadeira de rodas que eles têm”, detalha Machado.
Metrô, trem diesel e o veículo leve sobre trilhos (VLT) são utilizados pela CBTU. (Foto: George Antony / CBTU Metrorec)Metrô, trem diesel e o veículo leve sobre trilhos (VLT) são utilizados pela CBTU. (Foto: George Antony / CBTU Metrorec)
VLT
Ampliar o acesso ao metrô no Grande Recife é um desafio, a começar pelos custos necessários no processo. Um quilômetro de trilhos e eletrificação, necessários para a passagem do metrô, custam pelo menos R$ 8 milhões, segundo dados da CBTU, embora como contraponto a vida útil seja superior ao de uma rodovia, chegando a 50 anos.
VLTs estão em fase de testes no trecho entre Cajueiro Seco e Cabo de Santo Agostinho. (Foto: George Antony / CBTU Metrorec)VLTs estão em fase de testes no trecho entre Cajueiro Seco
e Cabo. (Foto: George Antony / CBTU Metrorec)
Alternativa mais barata, os veículos leves sobre trilhos (VLTs) estão em teste pela CBTU aos sábados, fazendo o trecho entre Cajueiro Seco e o Cabo de Santo Agostinho. Existem projetos para ampliar a circulação dos VLTs, como um que saíria do Marco Zero e iria até o Terminal Integrado de Passageiros do Curado, próximo a cidade da Copa, mas por enquanto o único que circula na Região Metropolitana é entre Cajueiro e Cabo de Santo Agostinho.
Os VLTs ocupam menos espaço e são movidos a diesel, com capacidade para 600 pessoas, ar condicionado e aparelho GPS. Atualmente, existem sete trens desse tipo em operação no Grande Recife – eles custaram R$ 56 milhões e foram construídos em Barbalha, no Ceará. Os munícipios podem elaborar projetos e protocolar junto ao Ministério das Cidades para pedir o tranporte, com ideias para financiamento do projeto.

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