Em nota publicada na manhã desta quarta-feira (20), o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco se pronunciou sobre o aumento de 14,42% aprovado na segunda (18), durante reunião do Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM). Com o reajuste, o anel “A” passa dos atuais R$ 2,45 para R$ 2,80. Já o anel “B” passa de R$ 3,45 para R$ 3,85.
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De acordo com o Sindicato, o aumento das passagens de ônibus é uma injustiça com a população. “Assumimos quanto legítima à insatisfação popular pelo aumento das passagens e nos somamos às manifestações que visam, mas que a revisão do reajuste, a abertura das planilhas de custos das empresas”, diz trecho da nota.
O reajuste foi proposto pelo Governo do Estado. A Urbana-PE pedia um reajuste de 32% em cima dos preços atuais. O anel “A”, que passaria dos atuais R$ 2,45 para R$ 3,25. O anel “B” passaria de R$ 3,35 para R$ 4,40.
CONFIRA A ÍNTEGRA DA NOTA:
A mobilidade urbana se tornou uma pauta permanente da sociedade. Seja na universidade, nos terminais de integração, nas estações de metrô ou em qualquer canto da cidade, esse é um debate cotidiano. Muito pelo motivo desta ter entrado em crise, com superlotação de coletivos e travamento das vias urbanas, causando um colapso em certos momentos na rotina do ir e vir da cidade. Este caos que acomete a todos, mas em particular as camadas mais pobres da população é produto de um projeto de cidade com perfil elitista e privatista.
Neste projeto de cidade o transporte assim como demais incumbências do Estado é visto como um negócio, passivo de análise de mercado e submetido à lógica do lucro. Em Pernambuco, o sistema de transporte funciona através de concessão pública e é loteado pelas empresas de ônibus, sofrendo por isso constante pressão pelo raciocínio da “minimização dos custos e maximização dos lucros”. O exemplo prático disso pode ser visto em 2015, ano em que ficou latente o déficit na qualidade de serviços prestados no transporte da Região Metropolitana do Recife.
Ônibus superlotados, integrações desestruturadas para o atendimento da demanda, atrasos na entrega de obras de mobilidade, morte de dois passageiros e outros tantos problemas injustificáveis que caberia em 2016 um balanço reestruturador na prestação deste serviço, tanto por parte do governo do estado, quanto por parte das empresas, mas não é isso que temos nesse início de ano, pelo contrário, as empresas junto com o governo Paulo Câmara estão pondo a conta da desestrutura nos passageiros, com o reajuste das tarifas.
Cometem uma injustiça com a população pernambucana nos fazendo pagar duas vezes a mesma conta, por um lado, com o reajuste direto das passagens que chegam a 14,42% e por outro com o subsidio pago pelo estado, que será de R$ 150 milhões anuais. Argumentam que não “realinhar os preços agora significa um colapso no sistema de transporte”, segundo o Secretário das Cidades, André de Paula, alegação clara de quem não utiliza o sistema de transporte público da RMR em seu cotidiano.
O Sindmetro-PE compreende que tal reajuste, dada as condições do serviço prestado, não se justificam. Entendemos que a função do transporte de caráter público deve ser o de servir e não o de angariar o lucro, tal qual é hoje a política tarifária do metrô que desde 2011 mantém a tarifa em R$ 1,60.
Assim, assumimos quanto legítima à insatisfação popular pelo aumento das passagens e nos somamos às manifestações que visam, mas que a revisão do reajuste, a abertura das planilhas de custos das empresas, para identificar como funciona essa política tarifária que onera a população e blinda os cofres empresariais.
Diretoria do Sindmetro-PE – 20 de janeiro de 2016