quinta-feira, 20 de setembro de 2012

RECIFE:Candidato Daniel Coelho é entrevistado pelo NETV 1ª Edição e fala também sobre o transporte público


Do G1 PE
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O candidato do PSDB PT à Prefeitura doRecife Daniel Coelho foi entrevistado ao vivo no NETV 1ª Edição, nesta quarta-feira (19), pelos apresentadores Márcio Bonfim e Clarissa Góes.
Foram convidados para a entrevista ao vivo os quatro candidatos mais bem pontuados na última pesquisa feita pelo Datafolha, divulgada pela TV Globo, no dia 12 de setembro. A ordem foi definida em sorteio. A entrevista teve oito minutos de duração, com mais trinta segundos para que o candidato finalizasse a resposta.

Mendonça (DEM) foi o entrevistado da segunda-feira (17) e Humberto Costa (PT), o de terça-feira (18). Geraldo Julio, do PSB, será o entrevistado de quinta-feira (19).
Confira abaixo a transcrição, na íntegra, da entrevista:
Clarissa Góes: Em suas propostas pelo plano de governo, na área da saúde, o senhor diz que vai garantir a entrega de medicamentos pelos Correios. Como você pretende viabilizar esse projeto?
Daniel Coelho: Olhe, o projeto já está acontecendo na cidade de São Paulo, a gente não está inventando absolutamente nada novo. Esse medicamento vai ser entregue exatamente para aquelas pessoas que têm dificuldade de locomoção, para o deficiente físico, para o idoso, para as pessoas que não podem buscar. É muito mais barato para o poder público entregar pelo Correio o medicamento do que montar toda uma estrutura de farmácia, fazer com que a pessoa saia de casa, pegue o ônibus, vá buscar o medicamento. Por isso que a gente incluiu isso no plano de governo, por essa experiência bem sucedida da cidade de São Paulo.
Márcio Bonfim: Também no seu plano de governo, entre as propostas, está revisar o plano diretor e controlar a construção de novos prédios, restringindo o crescimento imobiliário. Candidato, como isso seria feito?
Daniel Coelho: A gente tem que buscar o equilíbrio. A sustentabilidade vem de equilibrar os aspectos sociais, econômicos e ambientais. Não é somente restringir, é evidente que você não pode mais construir da maneira como está sendo feito em bairros como Boa Viagem, Espinheiro, porque você tem ali um adensamento muito grande e, com isso, problemas graves de trânsito, de saneamento. Então, a gente precisa abrir novas fronteiras. Se a gente precisa restringir nessas regiões, em algumas outras nós temos que abrir oportunidades. Tem uma área chamada Mata do Engenho Uchôa, que é uma área de 192 hectares, começa no Aeroporto dos Guararapes, pega 11 bairros da cidade do Recife – Areias, Tejipió, Barro, chegando até o Ibura. Podemos fazer ali um grande parque, 70% dele [do terreno da Mata do Engenho Uchôa] é de área preservada. Imagine, com um parque desse naquela região, como a gente pode valorizar áreas hoje que estão desvalorizadas da cidade, que valem pouco e ninguém quer investir. Elas vão passar a ser interessantes do ponto de vista econômico e imobiliário. Então, o nosso plano de governo prevê uma revisão do plano diretor, para que a gente consiga restringir onde tem que ser restringido, mas em contrapartida também abrir novas oportunidades em outras áreas da cidade.
Clarissa Góes: O senhor também fala que, se for eleito, vai assumir a responsabilidade pela qualidade e também manutenção das calçadas. Hoje a manutenção deve ser feita pelo morador, pelo comerciante, onde fica aquela calçada. Como é que vai ser essa mudança?
Daniel Coelho: Primeiro, a gente precisa compreender que a calçada tem que ser prioridade e não pode ser só no discurso. Não adianta agora os candidatos chegarem e dizerem que calçada é importante. O viaduto Capitão Temudo, seu alargamento, foi uma obra inaugurada neste ano, o viaduto do Joana Bezerra, e foi feita sem calçada ainda. A Prefeitura continua insistindo em  fazer uma cidade que não contempla o pedestre. A gente precisa voltar a assumir a responsabilidade pela calçada e ter ela de forma compartilhada, não vamos isentar por completo o proprietário do imóvel por sua calçada, ele também tem sua responsabilidade. A partir do momento que ele não faz a calçada, cabe à Prefeitura ir lá, fazer e depois cobrar pela melhoria, dentro do valor de mercado, ao proprietário do imóvel. O que não pode é a gente permitir que uma calçada não seja feita. Em alguns locais, inclusive, é preciso uma intervenção maior, em alguns bairros da cidade, naquela região, por exemplo, de Nova Descoberta, tem trechos que você tem o muro e o meio fio, não tem espaço nenhum para calçada. Aí, não é nem responsabilidade do proprietário do imóvel, ele não tem culpa que a cidade foi feita de forma equivocada. O poder público tem que ir lá, tem que intervir e tem que fazer aquela intervenção para o benefício da grande maioria.
Márcio Bonfim: Candidato, quais são as suas propostas para o movimento LGBT?
Daniel Coelho: Olha, a gente precisa ter uma cidade tolerante, uma cidade que aprenda a respeitar a maneira de cada um pensar. Ninguém é obrigado a aceitar a maneira do outro viver ou de pensar, mas todo mundo é obrigado a respeitar. O que a gente quer é uma cidade que saiba conviver em harmonia, que saiba respeitar o direito do próximo. Se a gente fizer isso, vai haver à comunidade LGBT, mas vai ter respeito também aos religiosos, vai haver respeito às pessoas das diversas raças e diversas culturas.
Clarissa Góes: O senhor também fala que vai investir 25% do orçamento da Prefeitura em educação. Qual seria a prioridade e como é que o senhor faria para usar esses 25% no orçamento?
Daniel Coelho: Olha, Clarissa, essa questão dos 25% lamentavelmente está fazendo parte do governo porque a Prefeitura está desrespeitando a lei. Não é decisão do prefeito, a lei federal diz que todos os prefeitos do Brasil têm que investir 25% do seu orçamento em educação. O Recife, nos últimos cinco anos, tem investido sempre menos, sempre abaixo dos 25%. Nós não podemos admitir que o dinheiro que já vem carimbado para a educação não seja colocado para a mesma. A gente quer inclusive ampliar, chegar, inclusive, aos 25% no primeiro ano, mas atingir a meta de 30% ao longo de quatro anos. Isso já está acontecendo em cidades como Florianópolis e até a nossa vizinha, Jaboatão. É por isso que o Recife, por não estar investindo em educação o que manda a lei, tem ficado para trás. Nosso Ideb hoje, que é o índice de avaliação do governo federal diz que nós temos aqui na nossa capital a pior rede municipal de ensino de toda a região Nordeste e a segunda pior do Brasil. Nós temos que resgatar isso, fazendo esse investimento e aí investir em infra-estrutura para as escolas, escola em tempo integral, são as quadras poliesportivas, ou seja, uma infraestrutura decente para os nossos estudantes.
Márcio Bonfim: Candidato, vamos falar do trânsito, porque está cada vez mais difícil vagas de estacionamento nas ruas do Recife. Caso o senhor seja eleito, como é que o senhor pretende fazer para resolver esse problema da falta de estacionamento?
Daniel Coelho: Primeiro, a gente tem que dar um passo atrás e compreender de que o carro, o veículo individual, não pode ser a saída para o trânsito. O Recife tem 500 mil carros circulando diariamente na cidade, até 2020, nós vamos chegar a um milhão. Então, nós temos que priorizar o transporte público, nós temos que ter a compreensão de que é importante o pedestre, uma rede integrada de ciclovias permite ao trabalhador usar a bicicleta para sair de sua casa e ir até seu destino final. Então, primeiro a gente tem que mudar esse conceito para não entender que é somente o carro que não tem solução, mas para o carro, para quem vai continuar usando carro, nós precisamos estimular o edifício garagem e os estacionamentos. Estacionamentos inclusive públicos, em algumas situações. O estacionamento não pode ser visto como mais um negócio. Prefeitura não pode querer ganhar dinheiro com cobrança de IPTU e ISS com estacionamento, esses são equipamentos que têm função pública, então nós temos que dar o estímulo tributário para que mais espaços como esses apareçam na cidade e a gente consiga tirar os carros da rua, até porque é na retirada desses carros das ruas que a gente vai conseguir fazer uma rede de ciclovias na cidade.
Clarissa Góes: Em suas propostas de incentivo à cultura, o senhor fala na criação dos centros integrados de cultura nos bairros. Como é que esses centros iriam funcionar?
Daniel Coelho: Esses centros vão funcionar inclusive em espaços que já existem ou estão abandonados. Nós temos sete centros sociais urbanos na cidade do Recife que foram abertos na década de 1980 e hoje, infelizmente, a gente tem a grande maioria deles até desativados. O da Mustardinha, ele tombou, as paredes caíram, o teto desabou e ele está lá, parado, sem nenhum tipo de atividade sendo oferecida à população. A ideia é que nesses centros de cultura a gente faça um resgate da nossa juventude. Ali tem que ter o teatro, tem que ter aula de dança, tem que ter as atividades lúdicas, atividades esportivas, que dêem oportunidades aos nossos jovens. Essa é, inclusive, a melhor maneira de combater a violência, nós temos o espaço, ele já está aí, o que precisa é ele ser reativado. Por isso, inclusive, que a gente está fazendo um compromisso com a cidade e não sair prometendo nada novo enquanto a gente não resgatar o que eles abandonaram.
Márcio Bonfim: O senhor fala em um Recife 100% conectado. Se eleito, em quanto tempo essa meta será atingida?
Daniel Coelho: O Recife 100% conectado, até para a gente poder explicar um pouco melhor, é nas suas escolas, ou seja, as escolas do município estarem 100% conectadas e nós termos o que a gente vai chamar de os spots, os pontos de internet livre. Não vai ser para a cidade toda, até por que as experiências em outras capitais, em outras cidades do mundo, mostram que, quando você põe internet livre em toda a cidade, a internet fica muito lenta, as pessoas terminam não conseguindo usar adequadamente. A ideia é que a gente tenha as escolas com internet e também coloque os pontos livres em toda a cidade e isso a gente planeja fazer em um prazo de até dois anos, já ter esses pontos específicos, pontos centrais nos bairros onde as pessoas possam ir lá e levar o seu telefone celular que tem acesso à internet ou até o seu computador portátil e fazer uso dessa informação.
Clarissa Góes: O senhor também tem o projeto de um corredor de ônibus com bilhetagem antecipada. Como funcionária esse corredor de ônibus?
Daniel Coelho: Olha, qual é a grande vantagem da passagem ser paga antecipadamente? Ao invés da cobrança ser paga dentro do ônibus, ela é paga na estação. As pessoas podem entrar e sair de uma forma muito mais rápida de dentro dos veículos, como também é importante o compromisso que a gente tá fazendo de fazer com que todos os ônibus da cidade do Recife sejam climatizados, tenham ar condicionado. Foi feito um compromisso com a cidade do Recife alguns anos atrás, quando a Prefeitura retirou junto com o Governo do Estado as Kombis e o transporte alternativo que, para melhorar a qualidade do Recife, todos os carros teriam ar condicionado e depois voltou-se atrás. A gente não pode abrir mão disso, a gente quer a passagem paga antecipadamente na estação, corredor exclusivo em todas as avenidas principais e os carros com ar condicionado para poder resgatar a qualidade do transporte público.
Márcio Bonfim: Candidato Daniel Coelho, obrigado por sua presença aqui no NETV. Boa tarde.
Daniel Coelho: Boa tarde e eu que agradeço. Um abraço a todos.

RECIFE:Prefeituras devem garantir acesso ao transporte público de qualidade


Gestão integrada entre municípios e governo do estado é essencial.
Apesar de avanços, algumas comunidades ainda têm dificuldade de acesso.

Katherine CoutinhoDo G1 PE
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Ônibus lotados e falta de pontualidade estão entre reclamações da população. (Foto: Katherine Coutinho/G1)Ônibus lotados e falta de pontualidade estão entre as
reclamações da população. (Foto: Katherine Coutinho/G1)
O acesso ao transporte público é um dos direitos garantidos na Constituição brasileira. O artigo 30, inciso cinco, afirma que 'compete aos municípios organizar e prestar diretamente, por concessão ou permissão [...] o transporte coletivo'. A lei estabelece ainda que as linhas intermunicipais são competência do estado. Nas regiões metropolitanas de grandes centros, como o doRecife, a integração entre estado e municípios se mostra essencial para atender às necessidades da população.
No ano das eleições municipais, o G1 preparou uma série de reportagens sobre as quatro maiores preocupações dos eleitores, de acordo com a consulta aos internautas na nossapágina de eleições: educação, saúde, transporte e segurança. A série sobre transporte começa nesta segunda-feira (17).
Atrasos, ônibus lotados, ausências de ciclovias e ciclofaixas. De quem é a obrigação de cuidar de tudo isso? O Plano Nacional de Mobilidade Urbana (lei 12.587/2012) traz como obrigação dos municípios “prestar, direta, indiretamente ou por gestão associada, os serviços de transporte público coletivo urbano, que têm caráter essencial”. Na Região Metropolitana do Recife, a gestão do transporte coletivo é feita em conjunto pelo governo do estado e pelos municípios, através do Grande Recife Consórcio de Transporte (GRCT).
Professor doutor na Universidade Federal de Pernambucodo departamento de Engenharia, Oswaldo Lima Neto lembra que o Recife é uma das cidades pioneiras em ter um olhar metropolitano sobre o transporte, tendo começado ainda na década de 1980, com a Empresa Metropolitana de Transporte Urbano, gerida pelo governo estado, mas com convênio com a Prefeitura do Recife. “Você não pode pensar apenas em um município. Os limites das cidades foram ocupados, tem gente que não sabe ao certo se mora no Recife ou em Olinda, por exemplo”, lembra Lima Neto. Para garantir a qualidade do serviço, é preciso trabalhar e pensar em conjunto o transporte.
Atualmente, as 14 cidades da Região Metropolitana do Recife possuem, juntas, 3.743.854 habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo que quase 40% dessa população mora na capital – são 1.555.039 pessoas. O principal meio de transporte público são os ônibus, que transportam, diariamente, quase 2 milhões de passageiros, de acordo com o GRCT. “Na década de 1980, 55% das linhas já eram intermunicipais e 45% do Recife”, afirma o professor Lima Neto. Com isso, a demanda do Recife é também influenciada pelo resto da Região Metropolitana – daí uma necessidade ainda maior de cuidar do transporte de maneira integrada.
Administrado em conjunto, 40% do Consórcio pertence ao Governo Estadual de Pernambuco, 35% ao Recife e 7,43% a  Olinda, divididos assim a partir de uma pesquisa de demanda realizada pelo Estado na época de criação do consórcio. A porcentagem que resta deve ser repassada aos outros municípios quando eles passarem a integrar o GRCT – todos os da Região Metropolitana já assinaram carta de intenção, mas precisam fazer ajustes locais, como regulamentar o sistema por ônibus e micro-ônibus, além da bilhetagem eletrônica, para poder integrar a administração. Ao integrar o Consórcio, os muncípios possuem uma participação efetiva no planejamento e na gestão do Sistema, acesso a novas tecnologias, entre outros benefícios.
O presidente do Consórcio, Nelson Menezes, lembra que isso não significa que a responsabilidade deixe de ser do município. "O transporte é obrigação das prefeituras. Ao entrar pro Consórcio, não quer dizer que a responsabilidade é passada a outro, de forma alguma. É racionalizar para melhor administrar, em conjunto. A infraestrutura, a rua asfaltada para que o ônibus possa passar, é responsabilidade do governo municipal", afirma Menezes.
Terminal de Integração do Barro, no Recife. (Foto: Katherine Coutinho/G1)Terminal de Integração do Barro, no Recife.
(Foto: Katherine Coutinho/G1)
Metrô
Apontado como alternativa para o transporte pela população, o metrô no Recife é de responsabilidade do Governo Federal, sendo administrado por uma empresa estatal, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos. Construído a partir da antiga Rede Ferroviária Federal, o metrô no Grande Recife passa também por Jaboatão dos Guararapes e Camaragibe, enquanto o Cabo de Santo Agostinho é atendido pela linha diesel de trem.
Apesar do metrô não ser responsabilidade direta das prefeituras, elas podem solicitar paradas e encaminhar projetos, com ideias do que pode ser feito no município. "No trecho entre Cajueiro Seco e o Cabo,  a prefeitura [de Jaboatão dos Guararapes] solicitou ao metrô a construção de dois pontos de parada. A gente pretende ajudar colocando outros equipamentos ao redor para entregar o local à comunidade.O metrô é federal, mas viemos conversando a respeito da colocação de VLT [veículo leve sobre trilhos] no trecho entre Cajueiro Seco e Curado, por exemplo", conta a gerente de Trânsito e Transportes de Jaboatão dos Guararapes, Lúcia Recena.
Lima Neto lembra que o custo para a implantação do metrô na Região Metropolitana é alto e precisa ser analisado com cuidado. "Metrô tem um custo de US$ 100 milhões a US$ 150 milhões [o que dá entre R$ 200 milhões a 300 milhões] por quilômetro, com uma capacidade de transportar 65 mil passageiros por hora, por sentido. Para o transporte rápido por ônibus (BRT), são US$ 6 milhões a  US$ 8 milhões por quilômetro, com capacidade para transportar aproximadamente 35 mil passageiros por hora, mesma capacidade do veículo leve sobre trilhos [VLT], só que o VLT custa US$ 25 milhões o quilômetro", lembra o professor.
Desafios
Um dos grandes desafios na Região Metropolitana do Recife é a questão do transporte e o trânsito, com cada vez mais carros particulares nas ruas. "O caminho que poderia melhorar esses problemas que estamos vivendo nas cidades brasileiras, em especial na nossa Região Metropolitana, não precisa ser inventando. Existem exemplos mundo afora. Eles cuidam primeiro do uso e ocupação do solo, dos polos geradores de tráfego, ou seja, em uma via esgotada, como a Avenida Rui Barbosa [na Zona Norte do Recife], você não permite que seja construído um supermercado, porque um supermercado gera fluxo de carros", explica Lima Neto.
Além de desafogar locais onde o trânsito acaba atrapalhando o transporte público, as prefeituras têm o desafio de tentar alcançar comunidades de difícil acesso. "Em Jaboatão dos Guararapes existem zonas rurais de difícil acesso que ainda não são atendidas pelo transporte coletivo, mas de forma geral todo o município é atendido", afirma Lúcia, que ressalta o trabalho atual da prefeitura em buscar a melhoria do serviço de transporte oferecido na cidade.
No Recife, algumas comunidades enfrentam também dificuldades de acesso a comunidades, como a do Planeta dos Macacos, embora o maior desafio da cidade seja o trânsito. "Precisamos de mais vias exclusivas de ônibus, de ciclofaixas, mas o Recife é uma cidade que cresceu por si só, não foi planejada, não é fácil fazer esse trabalho", afirma a presidente da Companhia de Trânsito e Transporte do Recife, Maria de Pompéia.
Em Olinda, o patrimônio histórico se apresenta como um verdadeiro desafio para o acesso ao transporte. "Compatibilizar o patrimônio histórico, dos quais 20% são de preservação rigorosíssima, não se podendo sequer alargas as vias, com o crescimento das cidades da região metropolitana, é algo complexo. Olinda é ponto de passagem para todos os municípios da região norte que querem acessar a capital. Estão sendo criados novos corredores de transportes para que as pessoas não precisem acessar outras áreas pelas vias hoje existentes, dando mais condições de fluxo ao trânsito", explica o secretário de Transportes de Olinda, Adriano Max.
Táxi e ônibus na Avenida Agamenon Magalhães, no Recife. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Táxis também são regulamentados por prefeituras.
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
Táxis
Opção mais cara, os táxis são procurados pela população que começa a deixar os carros em casa ou prefere não enfrentar o trânsito, procurar vaga de estacionamento. Os serviços públicos de transporte individual de passageiros, como táxis, mototáxis e vans, também são responsabilidade do município, que deve conceder a permissão, organizar, fiscalizar, além de ser responsável pela fixação prévia dos valores máximos das tarifas a serem cobrados, de acordo com o Plano Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU).
Embora se discuta a possibilidade de um táxi metropolitano, Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes ainda administram independentemente os carros de aluguel, embora a tarifa seja a mesma nas três cidades - R$ 3,80 a bandeirada do táxi comum e R$ R$ 4,56 para os de hotel e aeroporto. Para grandes eventos, as três cidades assinam convênios, permitindo que os veículos registrados em uma cidade peguem passageiros em outras – o que, normalmente, é vetado.
Bicicletas
As bicicletas ganham destaque como alternativa de transporte também no Plano Nacional de Mobilidade Urbana, que tem como uma de suas diretrizes, no artigo seis, inciso dois, a ‘prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado’.
Esse é um dos transportes que ganha impulso ao redor do mundo, uma vez que não polui e ainda serve como exercício físico. O Código Brasileiro de Trânsito prevê que cabe aos municípios ‘promover o desenvolvimento da circulação e segurança de ciclistas’ (artigo 21)', ou seja, as prefeituras são responsáveis pela criação das ciclovias e cliclofaixas.

RECIFE:No Grande Recife, atraso é principal desafio para deslocamento de ônibus


Ausência de corredores exclusivos e aumento de carros prejudica os ônibus.
Todos os dias, cerca de 2 milhões de pessoas utilizam os coletivos.

Katherine CoutinhoDo G1 PE
Todos os dias, cerca de 2 milhões de passageiros utilizam oônibus como meio de transporte na Região Metropolitana do Recife, através dos coletivos do Grande Recife Consórcio de Transportes (GRCT). São 390 linhas, cerca de 3 mil ônibus, que realizam aproximadamente 26 mil viagens diariamente. O maior desafio, para a população, é driblar os atrasos e os veículos lotados nos horários de pico.
Ausência de corredores de ônibus e aumento do números de carro geram engarrafamentos, que prejudicam deslocalmento dos ônibus. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Ausência de corredores exclusivos e o aumento do número de carros geram engarrafamentos, que prejudicam deslocalmento em ônibus. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
No ano das eleições municipais, o G1 preparou uma série de reportagens sobre as quatro maiores preocupações dos eleitores, de acordo com a consulta aos internautas na nossapágina de eleições: educação, saúde, transporte e segurança. A série sobre transporte vai até a sexta-feira (21).
Morando no bairro de Maçaranduba, em Jaboatão dos Guararapes, a técnica de enfermagem Izete Azevedo se desdobra para chegar até o Hospital Getúlio Vargas, no Recife, onde trabalha. “Os ônibus demoram, eu às vezes ando até outro ponto, para pegar outra linha, para ver se consigo ir. São dois ônibus, além do metrô, para chegar no HGV. E ainda mudaram a linha do ônibus que eu pegava, já não tinham muitos”, reclama Izete.
As mudanças de roteiro nas linhas acontecem, por vezes, devido a pedidos da população. “O transporte público é muito dinâmico. As linhas aumentam de acordo com a necessidade, mas é preciso entender que, para criar uma linha, é preciso demanda e que a prefeitura dê a infraestrutura necessária para que o coletivo passe por lá. Tem lugar que não é pavimentado e o ônibus passa, mas com dificuldade”, explica o presidente do Consórcio, Nélson Menezes.
Tarifa dos ônibus na Região Metropolitana do Recife
AnelTarifaTarifa reduzida*
AR$ 2,15R$ 1,10
BR$ 3,25R$ 1,65
DR$ 2,60R$ 1,10
GR$ 1,40R$ 1,10
Fonte: Grande Recife Consórcio de Transporte.
*Tarifa reduzida a partir das 5h do domingo, indo até a meia-noite.
O valor da passagem é definido através do Conselho do Consórcio, que é formado por representantes tanto do governo quanto da sociedade civil. O último reajuste aconteceu em janeiro deste ano, fazendo com que as passagens custem a partir de R$ 1,40 (Anel G) - aos domingos, a tarifa é reduzida, custando a partir de R$ 1,10 (anéis A, D e G). Confira na tabela ao lado o preço atual das passagens do GRCT.
Embora a administração do GRCT seja feita em conjunto, atualmente, pelas prefeituras de Olinda e Recife, além do governo estadual, a responsabilidade do transporte público dentro das cidades permanece sendo dos governos municipais. “As prefeituras são obrigadas a tomar conta de seu transporte, não podem delegar a ninguém. No Consórcio, elas administram em conjunto. Pensar o transporte dessa forma, no Recife, é uma facilidade, devido à densidade da Região Metropolitana, que mais parece uma cidade só. Se você pensar separadamente, ia ser muito difícil para a população. Imagine a quantidade de pessoas que trabalha em uma cidade e mora em outra sem ter como ir de ônibus?”, reflete Menezes.
Tarifas especiais e serviço opcional de ônibus na Região Metropolitana do Recife
LinhaTarifa
042 – AeroportoR$ 2,65
072 – CandeiasR$ 4,00
160 – Gaibu/Barra de JangadaR$ 4,00
195 – Recife/Porto de GalinhasR$ 10,40
191 – Recife/Porto de Galinhas (Nossa Senhora do Ó)R$ 7,10
194 – Cabo/Porto de GalinhasR$ 4,00
196 – Recife/Porto de Galinhas (IMIP)R$ 5,70
Fonte: Grande Recife Consórcio de Transporte.
 A autônoma Miriam Lima sabe bem o que é ter de ir de uma cidade a outra para trabalhar. Morando em Ouro Preto, Olinda, e trabalhando no Recife, Miriam percorre mais de 15 quilômetros todos os dias para chegar até o emprego. O problema, para ela, é conseguir pegar o coletivo no Terminal de Integração da PE-15. “No horário da saída, é sufocante. As pessoas empurram, todo mundo querendo entrar ao mesmo tempo. A gente só aceita porque não tem outra opção”, lamenta Miriam.
Para a técnica de enfermagem Danielle Menezes, o problema maior são os atrasos. “De manhã, dez minutos faz toda a diferença. Não posso chegar atrasada no trabalho”, afirma Danielle, que entende os ônibus cheios nos horários críticos. A estudante Juliane Laís, de 14 anos, mora no final da Avenida Norte, no Recife, e estuda em Paulista, também na Região Metropolitana. “O ônibus era para chegar de 20 em 20 minutos, mas às vezes ele demora 40 para chegar aqui na integração”, diz Juliane.
Terminais Integrados
O trânsito tem sido um dos desafios a serem enfrentados por quem precisa dos ônibus e também por quem administra os terminais, como Alysson Machado, gestor do Terminal Integrado do Barro, localizado no bairro de Jardim São Paulo, na BR-101, no Recife, e integrado ao sistema de metrô da Região Metropolitana. Por dia, passam aproximadamente 100 mil pessoas pelo terminal. “O trânsito atrapalha muito. O ônibus consegue sair daqui na hora, mas acaba pegando um congestionamento na BR, com isso atrasa para o próximo. Lidar com planejamento nessas horas é complicado”, afirma Machado.
Terminal Integrado do Barro passa por reformas. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Terminal Integrado do Barro passa por reformas para resolver problemas como a passagem de pedestres pelas pistas de rolamento. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
O Sistema Estrutural Integrado (SEI) reúne linhas de metrô e ônibus - embora nem todo terminal de integração seja ligado diretamente ao metrô. Voltado para o transporte de massa, o SEI conta com eixos radiais e perimetrais, sendo que os terminais de integração ficam localizados nos cruzamentos desses eixos. O acesso se dá através de dez empresas operadoras, responsáveis por 78 linhas, das quais 51 são alimentadoras, sete perimetrais, 11 radiais, três interterminais e três circulares, atendendo dez dos 14 municípios da Região Metropolitana do Recife.
Cores ajudam a identificar ônibus e linhas. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Cores ajudam a identificar ônibus e linhas.
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
As cores nos ônibus servem também de auxílio à população, indicando o tipo de percurso que é realizado pelo coletivo ao deixar o terminal. Os amarelos são responsáveis por trazer os usuários do subúrbio até o terminal integrado mais próximo, pertencendo assim às linhas alimentadoras. Os vermelhos cruzam grandes corredores sem passar pelo centro da cidade, constituindo a linha perimetral. Os ônibus que saem dos Terminais de Integração até o Centro do Recife são os azuis, que integram a linha radial. Entre um terminal e outro, os responsáveis pelos percursos são os ônibus verdes, enquanto os brancos levam os usuários às áreas no entorno do terminal de integração.
Ao todo, o SEI conta com 14 terminais integrados e a expectativa do GRCT é aumentar esse número para 25, até 2014. Além desses terminais, o Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP) conta ainda com 81 miniterminais, que servem como ponto de apoio para várias linhas em bairros e subúrbios dos 14 municípios da RMR.
Alguns dos atuais terminais estão passando por reformas, como o do Barro. “Esse é um terminal que surgiu pela necessidade. Há a questão da segurança dos passageiros, que precisam atravessar pelas faixas de rolamento. Depois da reforma, com as plataformas, vamos resolver essa questão”, explica Machado. A primeira das cinco etapas da reforma deve terminar em fevereiro de 2013, de acordo com o gestor do terminal.
Outro desfio dos terminais é a questão da segurança. As ameaças externas exigem que se invista cada vez mais na área. “São muitas pessoas que passam por aqui, não temos como ter controle de tudo, mas ficamos de olho. Temos um esquema de segurança, equipe que toma conta. A situação deve melhorar ainda mais após a reforma”, acredita Machado.
A qualidade do serviço inclui também investimento na infraestrutura dos TIs, garantindo conforto para os usuários. Como regra geral, os equipamentos possuem lanchonetes, sanitários, central de atendimento e lojas.
 
Parada de ônibus no Bairro Novo, em Olinda. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Parada de ônibus no Bairro Novo, em Olinda.
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
Paradas
O Grande Recife conta com 5.612 paradas de ônibus, todas de responsabilidade do Consórcio. Desse total, 391 são do modelo com cobertas e bancos de metal. A manutenção desses abrigos fica a cargo de uma empresa terceirizada, que utiliza espaços publicitários no equipamento e, em contrapartida, é responsável pela boa condição da parada. Para reclamações, a população pode entrar em contato com o Consórcio através daOuvidoria.
Novas linhas
Organizar um sistema de transporte público é complexo. O presidente do Consórcio, Nélson Menezes, ressalta que estudos são feitos constantemente para atender às necessidades da população. De acordo com ele, bairros e comunidades se modificam a todo instante e nem sempre é possível acompanhar as alterações – ou saber o que a comunidade precisa exatamente. Para isso, o Consórcio tem um setor exclusivo para receber as reclamações e opiniões da população, a Gerência de Relacionamento do Grande Recife.
O objetivo, afirma o presidente, é atender da melhor maneira possível à população. “A gente faz o desenho da linha, acredita que o número de viagens é suficiente devido aos estudos, mas nem sempre é isso que o usuário quer. Esse setor é responsável por receber essas demandas. Respondemos a todas”, explica Menezes.
Por mês, o Grande Recife faz cerca de 60 atendimentos por telefone, além de outros 50 pessoais, dez reuniões com comunidades e, em média, duas visitas técnicas. “Os técnicos vão aos locais, mas é como eu disse, é necessário ter estrutura, isso é responsabilidade da Prefeitura. Por vezes, tem um abismo, ou a comunidade é de difícil acesso por buracos ou outros problemas. Em alguns casos, o trajeto que a população pede não é possível para os ônibus, eles ficariam presos”, detalha o presidente. O contato com a Gerência pode ser feito através dos telefones (81) 3182.5552 e 3182.5553.
Além dos pedidos dos usuários, o Grande Recife está para abrir edital de licitação para a contratação de novas empresas para operaram no Consórcio. A proposta do Governo prevê um contrato com as empresas e/ou consórcios vencedores no período de 15 anos, renováveis por mais cinco.

Atualmente, são 18 empresas permissionárias que atuam na Região Metropolitana. O gerenciamento e a fiscalização do serviço são feitos pelo Grande Recife. O Consórcio conta atualmente com uma equipe de 70 fiscais, que estão no dia-a-dia dos terminais e nas ruas. Eles possuem a prerrogativa de vistoriar e fiscalizar o serviço prestado pelas empresas operadoras, através das linhas e veículos, e o poder de multar e implantar alterações pontuais na programação das linhas, quando necessário.
TRO
O professor doutor na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e atuante na pesquisa do transporte do Grande Recife Oswaldo Lima Neto lembra que os corredores exclusivos poderiam ajudar a desafogar o trânsito, ao menos para os ônibus. “O seu dia fica menor com as demoras. A gente perdeu a precisão no deslocamento, você não tem certeza da hora que o ônibus vai passar, não consegue prever que sai daqui e em 20 minutos chega ao destino”, diz Lima Neto.
Essa previsibilidade pode ser reconquistada através dos corredores de ônibus, em especial os do transporte rápido por ônibus (TRO), que vão se implantados de Igarassu ao Centro do Recife. Esses veículos terão plataforma de embarque/desembarque em nível, seguindo o modelo do metrô, com pagamento adiantado da passagem, o que tende a agilizar o embarque e desembarque. “Já faz mais de 30 anos que esse tipo de transporte existe. Você tem para mais de 100 projetos funcionando no mundo todo. O mais famoso deles é o Transmilênio, em Bogotá, capital da Colômbia, que funciona que é uma beleza”, conta o professor.
O sistema conhecido como ‘Transmilênio’ se tornou o único grande projeto de transporte público aprovado pela Organização das Nações Unidas (ONU). A criação de corredores exclusivos de ônibus deixou as viagens muito mais rápidas. Com isso, sete em cada dez habitantes usam o transporte público. O Transmilênio permitiu a retirada de circulação de 7 mil ônibus particulares pequenos, o que ajudou a reduzir ainda o consumo de combustível.
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PERNAMBUCO:Metrô precisa da ajuda de municípios para atender melhor população


Acesso ao metrô, com calçadas e ônibus, é responsabilidade de prefeituras.
Metrô surgiu a partir dos trilhos da antiga Rede Ferroviária Federal.

Katherine CoutinhoDo G1 PE
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Estação de metrô do Barro, no Recife. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Estação de metrô do Barro, no Recife.
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
Pontualidade e rapidez. São duas palavras que boa parte da população utiliza para definir o serviço prestado pelo metrô. Qualquer atraso nos trens é logo notado e os passageiros reclamam, uma vez que é raro algo do tipo acontecer. Todos os dias, 280 mil passageiros utilizam o sistema na Região Metropolitana do Recife, de acordo com a Superintendência no Recife da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).

No ano das eleições municipais, o G1 preparou uma série de reportagens sobre as quatro maiores preocupações dos eleitores, de acordo com a consulta aos internautas na nossa página de eleições: educação, saúde, transporte e segurança. A série sobre transporte vai até a sexta-feira (21).
Apesar da administração ser através de uma estatal do Governo Federal, os municípios tem sua participação também no sistema, seja através da infraestrutura no entorno das estações, como ruas asfaltadas e calçadas, como os ônibus que levam passageiros até o metrô. O trabalho precisa ser feito em conjunto para que a população possa ser melhor atendida, mas ainda existem dificuldades.
A dona de casa Rosálio dos Santos prefere andar um pouco mais e pegar o metrô, do que optar pelo ônibus. “Em Boa Viagem, o metrô é ruim de pegar, mas quando vou para o Centro, é o meio mais rápido de chegar”, acredita Rosálio. “Devia ter para mais lugares, é muito mais rápido, não atrasa”, defende a promotora Renata Santos, que mora no Recife e trabalha em Prazeres, em Jaboatão.
Recife, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho e Camaragibe são os municípios da Região Metropolitana atendidos atualmente pelos sistema de metrô e trens. O desenho da malha viária corresponde, em sua essência, à antiga Rede Ferroviária Federal, que deu origem à CBTU – Metrorec na capital pernambucana. “A expansão do metrô segue o plano diretor feito na década de 1980, que indicava a expansão da Região Metropolitana na direção dos municípios de Jaboatão e Cabo, quadro que foi confirmado”, explica Salvino Gomes, assessor da CBTU-Metrorec.
Trem do metrô que segue até Cajueiro Seco, em Jaboatão. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Plano diretor da década de 1980 indicava crescimento da Região Metropolitana em direção a Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Atualmente, Jaboatão dos Guararapes tem a segunda maior população de Pernambuco, contando com 654.786 habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A cidade tem mostrado interesse na ampliação da malha e do acesso, como explica a gerente de Transporte de Jaboatão, Lúcia Recena. “No trecho entre Cajueiro Seco e o Cabo, solicitamos a construção de dois pontos de parada em Jaboatão. Pretendemos ajudar colocando outros equipamentos ao redor para entregar o local à comunidade”, conta Lúcia.

A tarifa do metrô no Grande Recife é R$ 1,60, enquanto a tarifa integrada do Anel A custa R$ 2,15 e a do Anel B R$ 3,25. O último reajuste, de acordo com a CBTU, aconteceu em janeiro de 2011.
Mapa da linha do metrô no Grande Recife. (Foto: Divulgação / CBTU - Metrorec)Mapa da linha do metrô no Grande Recife.
(Foto: Divulgação / CBTU - Metrorec)
Operação
O metrô opera duas linhas, a Linha Sul e a Centro, que juntas somam 39,5 quilômetros e contam com 28 estações, sendo sete delas junto aos Terminais Integrados. As estações contam com painéis eletrônicos e caixas de som que, quando o trem chega na estação anterior, avisam à população quanto tempo falta para embarcar. A tecnologia foi desenvolvida na Paraíba e trazida para o Recife – um meio de economizar energia, informando ainda a população. Cada estação é sinalizada com um símbolo e linha por uma cor, a fim de facilitar a identificação do destino.

A Linha Sul transporta 45 mil passageiros em média por dia, com um intervalo de aproximadamente 10 minutos entre um trem e outro. Pela Linha Centro, passam, todos os dias, uma média de 230 mil passageiros. O intervalo nessa linha é menor – apenas cinco minutos. O horário de operação de ambas as linhas é de 5h às 23h, de domingo a domingo.
Os trens diesel fazem o percurso entre Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes e o cabo de Santo Agostinho e do Curado também ao Cabo, levando aproximadamente cinco mil pessoas por dia. O horário de funcionamento é de segunda a sexta, de 5h30 às 20h30, sábados de 5h30 às 14h30 e não circulam aos domingos.
Apesar dos muitos elogios, nos horários de pico, como por volta das 6h, as estações se tornam pequenas para o grande número de passageiros. “É sufocante, se eu puder evitar passar nesses horários mais cheios, evito”, conta o eletricista Gilberto de Souza, que faz o percurso entre a Estação Joana Bezerra e Cajueiro Seco, em Jaboatão, quase todos os dias.
O metrô conta atualmente com 25 trens. Outros 15 já foram comprados para diminuir o tempo entre os carros e facilitar o deslocamento da população, custando R$ 220 milhões. O primeiro deve chegar até novembro deste ano. Os trens foram encomendados de uma empresa espanhola, CAF, e vem com aparelho localizador por satélite (GPS) e ar-condicionado, sendo nos mesmos moldes dos utilizados em Madrid, na Espanha. Dez a 12 trens devem ser colocados na Linha Sul, que passaria a atender 150 mil pessoas por dia, de acordo com a CBTU. Além disso, outras estações devem se transformar também em Terminais Integrados.
Estação Joana Bezerra, no Recife. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Estação Joana Bezerra, no Recife, é integrada a terminal de
ônibus.(Foto: Katherine Coutinho / G1)
Acesso
Chegar às estações de metrô nem sempre é tarefa simples. Os moradores de bairros como Boa Viagem reclamam, apesar de agora o terminal do Aeroporto ter começado a funcionar. “Você precisa sair e caminhar para pegar um ônibus. À noite, fica esquisito”, reclama a vendedora Juliane dos Santos.
Para facilitar esse acesso e também incentivar a população, as estações poderiam ter, por exemplo, estacionamento para carros, sugere o professor doutor na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e atuante na pesquisa do transporte do Grande Recife, Oswaldo Lima Neto. “Seria muito mais fácil uma pessoa que mora em Boa Viagem dirigir até o metrô, deixar o carro, ir até o Centro resolver o que precisa, voltar e pegar o carro para casa”, acredita o professor.
Além de estacionamento para carros, locais para as bicicletas ou aluguel desses veículos poderia auxiliar a população no acesso ao metrô e ajudar, assim, a melhoria na mobilidade da cidade. "Devíamos ter também melhores calçadas no acesso ao metrô, muitos dos percursos na Região Metropolitana são feitos a pé”, afirma Lima Neto.
Os Terminais Integrados também são uma alternativa para facilitar o acesso da população. A administração dos terminal de ônibus e da estação do metrô é feita por pessoas diferentes, mas que trabalham em conjunto, como explica o gestor do Terminal Integrado do Barro, Alysson Machado. "O chefe da estação e o gestor do terminal buscam trabalhar em conjunto, um auxiliando o outro na medida do possível. Por exemplo, quando alguém passa mal, a gente conta com a ajuda da cadeira de rodas que eles têm”, detalha Machado.
Metrô, trem diesel e o veículo leve sobre trilhos (VLT) são utilizados pela CBTU. (Foto: George Antony / CBTU Metrorec)Metrô, trem diesel e o veículo leve sobre trilhos (VLT) são utilizados pela CBTU. (Foto: George Antony / CBTU Metrorec)
VLT
Ampliar o acesso ao metrô no Grande Recife é um desafio, a começar pelos custos necessários no processo. Um quilômetro de trilhos e eletrificação, necessários para a passagem do metrô, custam pelo menos R$ 8 milhões, segundo dados da CBTU, embora como contraponto a vida útil seja superior ao de uma rodovia, chegando a 50 anos.
VLTs estão em fase de testes no trecho entre Cajueiro Seco e Cabo de Santo Agostinho. (Foto: George Antony / CBTU Metrorec)VLTs estão em fase de testes no trecho entre Cajueiro Seco
e Cabo. (Foto: George Antony / CBTU Metrorec)
Alternativa mais barata, os veículos leves sobre trilhos (VLTs) estão em teste pela CBTU aos sábados, fazendo o trecho entre Cajueiro Seco e o Cabo de Santo Agostinho. Existem projetos para ampliar a circulação dos VLTs, como um que saíria do Marco Zero e iria até o Terminal Integrado de Passageiros do Curado, próximo a cidade da Copa, mas por enquanto o único que circula na Região Metropolitana é entre Cajueiro e Cabo de Santo Agostinho.
Os VLTs ocupam menos espaço e são movidos a diesel, com capacidade para 600 pessoas, ar condicionado e aparelho GPS. Atualmente, existem sete trens desse tipo em operação no Grande Recife – eles custaram R$ 56 milhões e foram construídos em Barbalha, no Ceará. Os munícipios podem elaborar projetos e protocolar junto ao Ministério das Cidades para pedir o tranporte, com ideias para financiamento do projeto.

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