domingo, 15 de maio de 2016

Metrô do Recife - Falência e descaso e o sistema pede socorro.




Fotos: JC Imagem
Fotos: JC Imagem


O metrô do Recife vai parar. Não me refiro à greve anual dos metroviários por melhorias salariais – que começa a vigorar nesta segunda-feira (16/5). Mas à paralisação do sistema em si. De trens, via e rede aérea, por falta de recursos para garantir a operação. Em documento enviado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) às unidades sob sua gerência – ao qual o Blog De Olho no Trânsito teve acesso –, é informado que houve um corte de 38% no orçamento da companhia e que ele será repassado integralmente – e não adianta reclamar –, aos sistemas nos Estados.
Estamos muito preocupados. Temos que operar um sistema que precisava de R$ 104 milhões com apenas R$ 51 milhões”,
Clélio Correia, superintendente do metrô

Na prática, significa que o metrô do Recife, que já sofre sem recursos para manutenção e sequer sonha, desde os preparativos para a Copa do Mundo, com recursos para investimentos, terá que sobreviver em 2016 com R$ 51 milhões. Quantia que representa metade do que tinha pleiteado para cobrir as despesas no ano: R$ 104 milhões. É como chutar cachorro morto. É como decretar a morte, por inanição, de um sistema fundamental para o transporte coletivo urbano do Grande Recife, que transporta 400 mil passageiros por dia e dá sustentação ao SEI. No metrô, todos estão em pânico. Sindmetro, funcionários e superintendência. Há, inclusive, risco real de o metrô suspender, permanentemente, a operação em alguns dias e horários.

Clélio Correia, superintendente do metrô, fala sério sobre a possibilidade. Diz que o corpo técnico já está debruçado sobre uma nova grade de horário, caso o orçamento não seja revisto. “Estamos muito preocupados. Temos que operar um sistema que precisava de R$ 104 milhões com apenas R$ 51 milhões”, alerta. E a operação precisa ser feita com segurança. Estão sendo estudadas opções como suspender o metrô nos fins de semana e, talvez, até nos horários de vale – as horas fora do pico (9h às 16h).  As contas do metrô não fecham e não vão fechar nunca porque a receita cobre menos de 20% da despesa. Tem, há pelo menos dois anos, renda de R$ 70 milhões e custo de R$ 270 milhões.
Fernando Jordão, professor da UFPE e especialista em transporte ferroviário, diz que é preciso rever o modelo de remuneração porque é um sistema que cobre toda a operação. Diferente do ônibus, o metrô custeia tudo: veículo, infraestrutura, energia e gerência do sistema. E avisa: vai sobrar para a população porque, na hora do corte, o metrô não poderá abrir mão da energia, nem do pessoal de operação. Restará reduzir o custo com a manutenção, o que significa problemas como quebras e atrasos.
Fonte: Blog De Olho Trânsito com Roberta Soares

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