O candidato do PSDB PT à Prefeitura doRecife Daniel Coelho foi entrevistado ao vivo no NETV 1ª Edição, nesta quarta-feira (19), pelos apresentadores Márcio Bonfim e Clarissa Góes.
Foram convidados para a entrevista ao vivo os quatro candidatos mais bem pontuados na última pesquisa feita pelo Datafolha, divulgada pela TV Globo, no dia 12 de setembro. A ordem foi definida em sorteio. A entrevista teve oito minutos de duração, com mais trinta segundos para que o candidato finalizasse a resposta.
Mendonça (DEM) foi o entrevistado da segunda-feira (17) e Humberto Costa (PT), o de terça-feira (18). Geraldo Julio, do PSB, será o entrevistado de quinta-feira (19).
Mendonça (DEM) foi o entrevistado da segunda-feira (17) e Humberto Costa (PT), o de terça-feira (18). Geraldo Julio, do PSB, será o entrevistado de quinta-feira (19).
Confira abaixo a transcrição, na íntegra, da entrevista:
Clarissa Góes: Em suas propostas pelo plano de governo, na área da saúde, o senhor diz que vai garantir a entrega de medicamentos pelos Correios. Como você pretende viabilizar esse projeto?
Daniel Coelho: Olhe, o projeto já está acontecendo na cidade de São Paulo, a gente não está inventando absolutamente nada novo. Esse medicamento vai ser entregue exatamente para aquelas pessoas que têm dificuldade de locomoção, para o deficiente físico, para o idoso, para as pessoas que não podem buscar. É muito mais barato para o poder público entregar pelo Correio o medicamento do que montar toda uma estrutura de farmácia, fazer com que a pessoa saia de casa, pegue o ônibus, vá buscar o medicamento. Por isso que a gente incluiu isso no plano de governo, por essa experiência bem sucedida da cidade de São Paulo.
Márcio Bonfim: Também no seu plano de governo, entre as propostas, está revisar o plano diretor e controlar a construção de novos prédios, restringindo o crescimento imobiliário. Candidato, como isso seria feito?
Daniel Coelho: A gente tem que buscar o equilíbrio. A sustentabilidade vem de equilibrar os aspectos sociais, econômicos e ambientais. Não é somente restringir, é evidente que você não pode mais construir da maneira como está sendo feito em bairros como Boa Viagem, Espinheiro, porque você tem ali um adensamento muito grande e, com isso, problemas graves de trânsito, de saneamento. Então, a gente precisa abrir novas fronteiras. Se a gente precisa restringir nessas regiões, em algumas outras nós temos que abrir oportunidades. Tem uma área chamada Mata do Engenho Uchôa, que é uma área de 192 hectares, começa no Aeroporto dos Guararapes, pega 11 bairros da cidade do Recife – Areias, Tejipió, Barro, chegando até o Ibura. Podemos fazer ali um grande parque, 70% dele [do terreno da Mata do Engenho Uchôa] é de área preservada. Imagine, com um parque desse naquela região, como a gente pode valorizar áreas hoje que estão desvalorizadas da cidade, que valem pouco e ninguém quer investir. Elas vão passar a ser interessantes do ponto de vista econômico e imobiliário. Então, o nosso plano de governo prevê uma revisão do plano diretor, para que a gente consiga restringir onde tem que ser restringido, mas em contrapartida também abrir novas oportunidades em outras áreas da cidade.
Clarissa Góes: O senhor também fala que, se for eleito, vai assumir a responsabilidade pela qualidade e também manutenção das calçadas. Hoje a manutenção deve ser feita pelo morador, pelo comerciante, onde fica aquela calçada. Como é que vai ser essa mudança?
Daniel Coelho: Primeiro, a gente precisa compreender que a calçada tem que ser prioridade e não pode ser só no discurso. Não adianta agora os candidatos chegarem e dizerem que calçada é importante. O viaduto Capitão Temudo, seu alargamento, foi uma obra inaugurada neste ano, o viaduto do Joana Bezerra, e foi feita sem calçada ainda. A Prefeitura continua insistindo em fazer uma cidade que não contempla o pedestre. A gente precisa voltar a assumir a responsabilidade pela calçada e ter ela de forma compartilhada, não vamos isentar por completo o proprietário do imóvel por sua calçada, ele também tem sua responsabilidade. A partir do momento que ele não faz a calçada, cabe à Prefeitura ir lá, fazer e depois cobrar pela melhoria, dentro do valor de mercado, ao proprietário do imóvel. O que não pode é a gente permitir que uma calçada não seja feita. Em alguns locais, inclusive, é preciso uma intervenção maior, em alguns bairros da cidade, naquela região, por exemplo, de Nova Descoberta, tem trechos que você tem o muro e o meio fio, não tem espaço nenhum para calçada. Aí, não é nem responsabilidade do proprietário do imóvel, ele não tem culpa que a cidade foi feita de forma equivocada. O poder público tem que ir lá, tem que intervir e tem que fazer aquela intervenção para o benefício da grande maioria.
Márcio Bonfim: Candidato, quais são as suas propostas para o movimento LGBT?
Daniel Coelho: Olha, a gente precisa ter uma cidade tolerante, uma cidade que aprenda a respeitar a maneira de cada um pensar. Ninguém é obrigado a aceitar a maneira do outro viver ou de pensar, mas todo mundo é obrigado a respeitar. O que a gente quer é uma cidade que saiba conviver em harmonia, que saiba respeitar o direito do próximo. Se a gente fizer isso, vai haver à comunidade LGBT, mas vai ter respeito também aos religiosos, vai haver respeito às pessoas das diversas raças e diversas culturas.
Clarissa Góes: O senhor também fala que vai investir 25% do orçamento da Prefeitura em educação. Qual seria a prioridade e como é que o senhor faria para usar esses 25% no orçamento?
Daniel Coelho: Olha, Clarissa, essa questão dos 25% lamentavelmente está fazendo parte do governo porque a Prefeitura está desrespeitando a lei. Não é decisão do prefeito, a lei federal diz que todos os prefeitos do Brasil têm que investir 25% do seu orçamento em educação. O Recife, nos últimos cinco anos, tem investido sempre menos, sempre abaixo dos 25%. Nós não podemos admitir que o dinheiro que já vem carimbado para a educação não seja colocado para a mesma. A gente quer inclusive ampliar, chegar, inclusive, aos 25% no primeiro ano, mas atingir a meta de 30% ao longo de quatro anos. Isso já está acontecendo em cidades como Florianópolis e até a nossa vizinha, Jaboatão. É por isso que o Recife, por não estar investindo em educação o que manda a lei, tem ficado para trás. Nosso Ideb hoje, que é o índice de avaliação do governo federal diz que nós temos aqui na nossa capital a pior rede municipal de ensino de toda a região Nordeste e a segunda pior do Brasil. Nós temos que resgatar isso, fazendo esse investimento e aí investir em infra-estrutura para as escolas, escola em tempo integral, são as quadras poliesportivas, ou seja, uma infraestrutura decente para os nossos estudantes.
Márcio Bonfim: Candidato, vamos falar do trânsito, porque está cada vez mais difícil vagas de estacionamento nas ruas do Recife. Caso o senhor seja eleito, como é que o senhor pretende fazer para resolver esse problema da falta de estacionamento?
Daniel Coelho: Primeiro, a gente tem que dar um passo atrás e compreender de que o carro, o veículo individual, não pode ser a saída para o trânsito. O Recife tem 500 mil carros circulando diariamente na cidade, até 2020, nós vamos chegar a um milhão. Então, nós temos que priorizar o transporte público, nós temos que ter a compreensão de que é importante o pedestre, uma rede integrada de ciclovias permite ao trabalhador usar a bicicleta para sair de sua casa e ir até seu destino final. Então, primeiro a gente tem que mudar esse conceito para não entender que é somente o carro que não tem solução, mas para o carro, para quem vai continuar usando carro, nós precisamos estimular o edifício garagem e os estacionamentos. Estacionamentos inclusive públicos, em algumas situações. O estacionamento não pode ser visto como mais um negócio. Prefeitura não pode querer ganhar dinheiro com cobrança de IPTU e ISS com estacionamento, esses são equipamentos que têm função pública, então nós temos que dar o estímulo tributário para que mais espaços como esses apareçam na cidade e a gente consiga tirar os carros da rua, até porque é na retirada desses carros das ruas que a gente vai conseguir fazer uma rede de ciclovias na cidade.
Clarissa Góes: Em suas propostas de incentivo à cultura, o senhor fala na criação dos centros integrados de cultura nos bairros. Como é que esses centros iriam funcionar?
Daniel Coelho: Esses centros vão funcionar inclusive em espaços que já existem ou estão abandonados. Nós temos sete centros sociais urbanos na cidade do Recife que foram abertos na década de 1980 e hoje, infelizmente, a gente tem a grande maioria deles até desativados. O da Mustardinha, ele tombou, as paredes caíram, o teto desabou e ele está lá, parado, sem nenhum tipo de atividade sendo oferecida à população. A ideia é que nesses centros de cultura a gente faça um resgate da nossa juventude. Ali tem que ter o teatro, tem que ter aula de dança, tem que ter as atividades lúdicas, atividades esportivas, que dêem oportunidades aos nossos jovens. Essa é, inclusive, a melhor maneira de combater a violência, nós temos o espaço, ele já está aí, o que precisa é ele ser reativado. Por isso, inclusive, que a gente está fazendo um compromisso com a cidade e não sair prometendo nada novo enquanto a gente não resgatar o que eles abandonaram.
Márcio Bonfim: O senhor fala em um Recife 100% conectado. Se eleito, em quanto tempo essa meta será atingida?
Daniel Coelho: O Recife 100% conectado, até para a gente poder explicar um pouco melhor, é nas suas escolas, ou seja, as escolas do município estarem 100% conectadas e nós termos o que a gente vai chamar de os spots, os pontos de internet livre. Não vai ser para a cidade toda, até por que as experiências em outras capitais, em outras cidades do mundo, mostram que, quando você põe internet livre em toda a cidade, a internet fica muito lenta, as pessoas terminam não conseguindo usar adequadamente. A ideia é que a gente tenha as escolas com internet e também coloque os pontos livres em toda a cidade e isso a gente planeja fazer em um prazo de até dois anos, já ter esses pontos específicos, pontos centrais nos bairros onde as pessoas possam ir lá e levar o seu telefone celular que tem acesso à internet ou até o seu computador portátil e fazer uso dessa informação.
Clarissa Góes: O senhor também tem o projeto de um corredor de ônibus com bilhetagem antecipada. Como funcionária esse corredor de ônibus?
Daniel Coelho: Olha, qual é a grande vantagem da passagem ser paga antecipadamente? Ao invés da cobrança ser paga dentro do ônibus, ela é paga na estação. As pessoas podem entrar e sair de uma forma muito mais rápida de dentro dos veículos, como também é importante o compromisso que a gente tá fazendo de fazer com que todos os ônibus da cidade do Recife sejam climatizados, tenham ar condicionado. Foi feito um compromisso com a cidade do Recife alguns anos atrás, quando a Prefeitura retirou junto com o Governo do Estado as Kombis e o transporte alternativo que, para melhorar a qualidade do Recife, todos os carros teriam ar condicionado e depois voltou-se atrás. A gente não pode abrir mão disso, a gente quer a passagem paga antecipadamente na estação, corredor exclusivo em todas as avenidas principais e os carros com ar condicionado para poder resgatar a qualidade do transporte público.
Márcio Bonfim: Candidato Daniel Coelho, obrigado por sua presença aqui no NETV. Boa tarde.
Daniel Coelho: Boa tarde e eu que agradeço. Um abraço a todos.