Os ânimos se exaltaram na Avenida Conde da Boa Vista. (Foto: Diego Nigro)
DANIEL GOMES/FOLHA PE
Quando Neílson Santos soprou pela última vez o apito, o Clássico das Multidões deveria ter acabado. De certa forma, acabou. Mas só dentro das quatro linhas. Quem continuou tendo trabalho foram os policiais, que já haviam tentado controlar os ânimos exaltados da Torcida Organizada Inferno Coral ainda nas arquibancadas da Ilha do Retiro. Os membros da organizada entraram no estádio e quebraram totalmente os banheiros destinados à torcida visitante, inclusive arremessando azulejos e partes de privada em alguns carros. O bar do clube, que fica embaixo da arquibancada lateral dos visitantes, teve todo o dinheiro roubado.
Segundo a Polícia Militar, durante a partida, três homens transvestidos de torcedores corais foram detidos pelo Batalhão de Choque. Um que trajava as vestes da Torcida Jovem foi detido por porte de drogas. Apesar de todas as ações e reações, as atividades da Polícia Militar estavam só começando.
Nos arredores do estádio, o clima permanecia tranquilo e o efetivo de policiais chegou a impressionar. Muitos seguranças faziam o controle dos torcedores ao usarem os coletivos. Na Praça do Derby, um indício de que o clima ficaria mais pesado do que já estava apareceu. Um homem que vestia a camisa do Santa Cruz foi perseguido por alguns integrantes da Torcida Jovem do Sport. Mas, rapidamente, a polícia chegou em duas viaturas e contornou a situação. Em vários locais estratégicos, os policiais se mostravam presentes. Só esqueceram de um: a Avenida Conde da Boa Vista. E lá, por pouco, o pior não aconteceu.
Na avenida se concentram boa parte das linhas de ônibus usadas pelos torcedores. E na Rua do Hospício, uma das que cortam a Conde da Boa Vista, é onde fica localizada uma sede da Torcida Organizada Inferno Coral. Isso faz com que alguns integrantes das duas torcidas rivais se encontrem e foi o que quase aconteceu. Um grande grupo de membros da Torcida Jovem do Sport se aproveitou que algumas viaturas deixaram as imediações da Rua Sete de Setembro e começaram a causar tumulto. Como o número de policiais que faziam a escolta deles era pequeno, os “torcedores” começaram a entoar gritos de guerra, arremessar pedras e entrar em conflitos com a polícia. Eles também usaram fogos de artifício para tentar intimidar os militares.
Depois de cerca de 15 minutos, mais duas viaturas chegaram para reforçar a ação. Com golpes de cassetete, os policiais tentavam tomar as rédeas da situação. Acabaram conseguindo dispersar parte do bando e assim, ter o controle. A reportagem da Folha de Pernambucotambém passou no Cais de Santa Rita. O movimento pareceu tranquilo, mas podia-se perceber inúmeras pedras no chão. Mais um vestígio de confronto e a lição de que muita coisa precisa ser repensada e melhorada.
Antes do jogo a Torcida Organizada Inferno Coral teve de ser contida pela Polícia Militar (Foto: Diego Nigro)