Publicado em 18/12/2013.
O transporte por ônibus da Região Metropolitana do Recife está mais perto de se aproximar dos dois milhões de passageiros que o utilizam todos os dias. Depois do vexame de ter que suspender o contrato por falhas operacionais em 2012, o governo de Pernambuco tenta retomar o serviço de informação dos ônibus, aquele que promete informar aos usuários a previsão de chegada e partida dos coletivos e monitorar em tempo real a gestão do sistema. E, dessa vez, com mais tecnologia e precisão. A nova licitação do Sistema Inteligente de Monitoramento da Operação (Simop) foi concluída pelo Grande Recife Consórcio de Transporte e a empresa vencedora foi a espanhola Etra, a mesma que opera o monitoramento dos ônibus do Transmilenio, sistema de transporte de Bogotá (Colômbia), que transporta 1,6 milhão de usuários por dia, gerando um dos mais altos indicadores de eficiência em sistemas de transporte e que virou referência mundial do setor.
A Etra ainda não foi homologada oficialmente pelo Grande Recife Consórcio porque o prazo para recursos termina às 17h desta quarta-feira (18/12), horário final para que a segunda colocada, a sueca Volvo possa fazer questionamentos. Se ela não o fizer, a homologação acontecerá em seguida e, pela previsão do presidente do Grande Recife Consórcio, Nelson Menezes, o contrato será assinado ainda no início de janeiro. “Haverá um prazo de cinco meses para colocar o projeto piloto em operação e testá-lo. Começaremos com 150 ônibus de BRT (Bus Rapid Transit), que equivalem a 5% da frota. Se tudo der certo, começaremos a segunda fase, com a implantação nos três mil ônibus restantes, num prazo máximo de 1,5 ano”, explica o presidente.
A aposta do governo do Estado é de uma mudança da água para o vinho. Depois do susto com o fracasso do primeiro Simop – que nos bastidores sabe-se que irritou pessoalmente o governador Eduardo Campos, ao ponto de ele mesmo determinar a suspensão do contrato -, o corpo técnico do Grande Recife foi buscar a mais alta tecnologia em soluções de informação e gestão de transporte. Pelo menos é o que garantem os técnicos. A Etra, por exemplo, além de operar o Transmilenio, oferece o mesmo serviço de informação em sistemas de Londres, do Aerobus de Barcelona e do metrô do Rio de Janeiro, citando alguns exemplos. Quatro empresas participaram da concorrência, três delas internacionais e apenas uma nacional. Exatamente devido ao alto nível de tecnologia exigido.
Segundo o Grande Recife Consórcio, a diferença do modelo atual para o antigo é grande, principalmente para a gestão da operação. “A tecnologia anterior nos permitia apenas verificar a localização dos ônibus, se eles estavam cumprindo o itinerário e se havia alguma interferência. Agora é diferente. Temos como atuar no planejamento da operação, permitindo a reprogramação de viagens e ajustes no sistema. O software permitirá tudo isso. Poderemos fazer ajustes em tempo real, com uma comunicação direta com os motoristas, que terão computadores de bordo nos ônibus”, destaca Nelson Menezes.
A informação, na prática, para o passageiro levará mais tempo, algo próximo dos 12 meses depois que o contrato for assinado. Mas, pela tecnologia proposta, será mais precisa. O horário dos ônibus não será mais informado por SMS, como no modelo anterior, além dos displays nos terminais. Mas por um aplicativo para smartphones. Também será oferecido o serviço de indicação de linhas, a partir do destino de origem e de chegada dos usuários.
Conheça a Etra no site: http://www.grupoetra.com/
REPERCUSSÃO
A escolha da empresa que opera o Transmilenio deu credibilidade ao novo Simop que o governo do Estado tenta emplacar pela segunda vez. Mas há quem entenda que pouco vai adiantar informar ao passageiro o horário do ônibus, se ele estará atrasado por ficar preso nos congestionamentos. Alguns definem o sistema de informação como a cereja do bolo, ou seja, havia toda a massa e recheio para o Estado se preocupar primeiro.
O presidente do Urbana-PE, o Sindicato das Empresas de Ônibus, Fernando Bandeira, defende a necessidade de se retomar o Simop, mas lembra que o transporte coletivo precisa mesmo é de espaço nas ruas. “Não se admite que o usuário não tenha informação, como vemos em diversas cidades brasileiras. Mas o mais importante são os corredores para o ônibus. A implantação dessas faixas azuis (numa referência às faixas prioritárias implantadas pela Prefeitura do Recife e batizadas de Faixa Azul) deve ser acelerada”, defende Bandeira.
Germano Travassos, consultor em transporte, elogia a retomada do serviço e desconstroi o argumento daqueles que acham que o fato de o ônibus atrasar por estar preso no trânsito desqualifica a informação em tempo real ao usuário. “Só o fato de o passageiro receber a informação, saber que o coletivo vai passar em dez ou quinze minutos, por exemplo, reduz a ansiedade. Isso é importante. A impontualidade do serviço não o invalida. Agora, é preciso que o gestor divulgue que, se o intervalo do ônibus permanecer o mesmo por muito tempo, o cidadão saiba que o veículo está preso num congestionamento”, diz. A ferramenta como gestão de operação também é ressaltada pelo técnico.