terça-feira, 10 de dezembro de 2013

MOBILIDADE GRANDE RECIFE - SISTEMA BRT EXISTE DÚVIDAS E MUITAS PROMESAS E CERTEZA NENHUMA DE FUNCIONAR BEM...

“Arrumadinhos” colocam em dúvida eficiência do BRT recifense

Publicado em 10/12/2013.

Fotos Guga Matos/JC Imagem
Corredor Norte-Sul. Fotos Guga Matos/JC Imagem

O atual está ruim e o que está por vir ainda é duvidoso. Essa é a realidade, hoje, do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife. No projeto, os corredores de BRT (Bus Rapid Transit) Norte-Sul e Leste-Oeste – este último maior aposta do governo para ser o principal tronco alimentador de transporte coletivo para a Arena da Copa de 2014, ao lado do metrô – são perfeitos e eficientes. Mas o que o recifense tem visto nas ruas começa a colocar em dúvida duas questões: se a mobilidade, tão prometida pelo governador Eduardo Campos, chegará a tempo do mundial, em junho, e se o que está sendo construído terá a mesma eficiência do papel. São mais obstáculos a serem vencidos pelo transporte do Grande Recife, além da prioridade no trânsito e o uso da tecnologia para informar o passageiro.
Técnicos e empresários do setor ouvidos pelo JC, antes de apontar os pontos duvidosos do projeto e da obra física em si, evidenciam a importância de estarmos construindo os corredores de BRT. Mesmo que venham a ter deficiências, os ganhos virão para o passageiro. Não há dúvidas, até porque, como explicam tecnicamente, uma das vantagens do sistema de BRT é a sua versatilidade. Ele adapta-se a variadas situações e adequações. Mas que os vácuos existem, ninguém duvida. Alguns, são visíveis aos olhos de todos.
Há pontos duvidosos de várias proporções. A partir do projeto, o principal seria a incerteza da demanda de passageiros, estimada em 430 mil pessoas para os dois corredores. Existe o temor de que a quantidade aumente ou reduza, supreendendo a operação, especialmente num sistema totalmente remunerado pela tarifa. “Por isso a licitação das linhas é importante. Com um contrato em mãos, o risco diminui porque o Estado terá responsabilidade pelo equilíbrio econômico-financeiro. Mas há muitas dúvidas no ar. O projeto de circulação está em andamento, assim como as obras dos corredores. Não temos uma demanda certa, isso é preocupante. A integração direta com o metrô do Centro pelo Norte-Sul, prevista inicialmente para existir, será feita por linhas alimentadoras. Ou seja, o passageiro terá que pegar ônibus convencionais, com menor capacidade”, pondera um dos futuros operadores do BRT, já com o contrato em mãos, assinado há duas semanas pelo governador Eduardo Campos.

Corredor Leste-Oeste
Corredor Leste-Oeste
“Nos vemos que há muita coisa improvisada. A prioridade, sem dúvida, é a falta do estudo de demanda. Podemos criar um sistema que fique ocioso, o que irá gerar custos desnecessários, ou que tenha uma superdemanda, provocando problemas ainda maiores. Poderemos estar jogando dinheiro fora, como jogamos por 20 anos com o metrô do Recife, um sistema projetado para transportar 500 mil, que em todos esses anos transportou apenas 100 mil”, aponta, em sigilo, um consultor de transporte. Luis Antônio Lindau, presidente da Embarq Brasil, um dos maiores conhecedores do BRT no Brasil, vai direto ao ponto. “A letra mais importante da sigla BRT é o ‘R’, que significa rápido. Sem o ‘R’ não temos um BRT, temos outra coisa. O ‘R’ também é reliable em inglês, que significa confiável. Ele não pode, de forma alguma, circular em tráfego misto.

É primordial o tráfego segregado, especialmente nas área centrais, que concentram um volume maior de veículos. Isso é até aceitável em áreas mais distantes. No Centro não. As adequações dos projetos não são vistas apenas no Recife, mas em outras cidades brasileiras. Só que pagaremos um preço. Teremos que trocar o pneu com o carro andando”, critica. A Embarq é uma entidade mundial que auxilia governos e empresas na implantação de soluções sustentáveis de transporte e mobilidade, sendo a principal disseminadoras das vantagens do sistema BRT no mundo.
E os BRTs do Estado vão circular, sim, em tráfego misto, não só com ônibus convencionais, mas também com automóveis (confira arte abaixo). É o caso da Avenida Conde da Boa Vista (Corredor-Leste-Oeste) e do Complexo de Salgadinho (Corredor Norte-Sul). Outro temor é o custo de manutenção das estações, refrigeradas e de vidro. Enfim, são adequações que comprometem a eficiência do sistema BRT, sustentado em três premissas básicas: tráfego segregado do comum, totalmente exclusivo; pagamento antecipado das passagens (feito nas estações e, não, nos coletivos); e embarque em nível, para que o passageiro não perca tempo vencendo obstáculos como meios-fios e degraus.
O Grande Recife Consórcio de Transporte não deu entrevista para a série A Vez dos Ônibus, respondendo aos questionamentos por email. Sobre os ajustes que vêm sendo feitos nos corredores de BRT, argumentou que tudo está sob controle, que as adequações têm embasamento técnico e que não comprometerão a eficiência do futuro sistema. E que tudo estará pronto em março de 2014, em pleno funcionamento para a Copa do Mundo. Só nos resta acreditar.

Postado por Roberta Soares

2 comentários:

  1. TENHO MINHAS DÚVIDAS, E HJ VENDO A PAVIMENTAÇÃO DA CAXANGA VI QUE FALTA QUALIDADE DO ASFALTO E MUITA DIFERENÇA PRA O CORREDOR NORTE SUL

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  2. Certeza: Recife caminha a passos gigantescos para pagar um senhor Mico. aliás,já pagamos nessa copa das confederações e parece que as pessoas não aprenderam! agora,qual é a onda desse JC? estimular o uso do carro? pra que ninguem ande? estamos num momento muito complicado para se estimular o transporte individual aqui em Recife e a imprensa local tem parcela de culpa nisso quando não se faz o debate sério. é muito superficial o que eles falam!

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