Polêmicas à parte, Via Mangue já é fato
Publicado em 30/04/2014
A Via Mangue já é fato. É verdade que teve sua conclusão atrasada em mais de um ano e meio, que gerou polêmica por representar um alto investimento – atualmente de R$ 433 milhões – para o transporte individual e que destruiu quilômetros de mangue quando se deveria preservá-lo. Mas é verdade também que o corredor viário pensado e discutido há mais de dez anos como solução ao trânsito sufocante da Zona Sul do Recife está em vias de tornar-se realidade. Por isso, já é propriedade da cidade, não só dos recifenses, mas de toda a Região Metropolitana. Impossível ignorá-la. Se ficará pronta em 31 de maio, a tempo da Copa do Mundo, como garante com veemência a Prefeitura do Recife, ou se atrasará mais alguns dias, a essa altura, pouco importa. O Blog De Olho no Trânsito percorreu toda a obra e constatou que o corredor está quase concluído. Falta pouco, muito pouco.
Se os cinco quilômetros da Via Mangue – dois deles de vias propriamente ditas – vão resolver ou ao menos amenizar o tráfego pesado da Zona Sul por alguns anos, desafogando ruas completamente saturadas do Pina e de Boa Viagem, como as Avenidas Herculano Bandeira, Domingos Ferreira, Conselheiro Aguiar e Antônio de Góis, é impossível garantir. Mas olhando para a via, desapegado das intrigas políticas e do que ficou para trás, é indiscutível que será uma obra que ajudará na mobilidade das pessoas. Não terá faixa ou corredor para ônibus – até porque nunca foram previstos no projeto – mas terá ciclovia bidirecional (de fato segregada do tráfego de veículos), com 2,5 metros, e um passeio público de três metros. Quem hoje leva, quase sempre, mais de uma hora para sair, por exemplo, do Centro do Recife e chegar no fim do bairro de Boa Viagem ou em Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, sentirá os benefícios.
A Via Mangue tem duas pistas e a proposta de ser expressa, sem semáforos ou interferências. A pista Oeste (próxima ao mangue) terá duas faixas, enquanto a pista Leste (próxima ao mar) contará com três – duas de tráfego e uma para aceleração e desaceleração dos veículos que entrarem na via pelos oito ou 13 acessos previstos inicialmente. O gradil verde, com quase dois metros, separa as pistas da via e o corredor do mangue e da área urbanizada de Boa Viagem. Além dos acessos, a via terá dois retornos, localizados a 800 metros um do outro, que permitirão sair de uma pista para a outra.
“Está tudo certo e dia 31 de maio nós entregamos a Via Mangue completa, funcionando totalmente. Essa é a nossa meta. Ela está quase pronta. Pelo relatório do dia 15 de abril último, estava com 96,5% concluída nas cinco frentes de trabalho que criamos. Pegamos essa obra com 38% e, em 17 meses, estamos finalizando. A Via Mangue começou a ser construída em abril de 2011. Ou seja, fizemos mais da metade dos trabalhos em metade do tempo”, argumenta o diretor de engenharia da Empresa de Urbanização do Recife (URB), Vicente Perrusi. Os viadutos que ligam a Via Mangue às marginais dos Canais de Setúbal e Jordão, sobre a Avenida Antônio Falcão, estão prontos e até com a sinalização horizontal, faltando apenas finalizar a interligação dos elevados com a via elevada. Esta, está praticamente pronta, já com os gradis em toda sua extensão e a iluminação instalada.
GARGALOS, ENTRETANTO, PERMANECEM SEM SOLUÇÃO
As lacunas de projeto deixadas na Via Mangue permanecerão. A principal delas, o gargalo de tráfego existente na confluência do túnel construído sob a Avenida Herculano Bandeira, no Pina, desde a execução da primeira etapa do corredor, em 2009, não terá uma solução definitiva para o início da circulação, programada para o dia 31 de maio. A Prefeitura do Recife planeja apenas paliativos.
A característica da via que vai, mas não volta – numa referência ao fato de que os veículos que estiverem trafegando no sentido subúrbio-cidade enfrentarão retenções no túnel para acessar a Avenida Antônio de Góis, no Pina – continuará. “As soluções para aquele ponto seriam o prolongamento do túnel sob a Antônio de Góis ou a construção de um elevado nessa mesma via, mas são grandes obras que não estão previstas para agora. Até porque não temos tempo. Vamos encontrar soluções de engenharia de tráfego, que melhorem a circulação na área, facilitando o acesso da população”, explica o diretor de engenharia da URB, Vicente Perrusi.
O planejamento da mobilidade da Via Mangue, ou seja, como será a circulação na via, começou em setembro do ano passado e está para ser concluído até o dia 15 de maio. “Temos algumas soluções, mas elas estão sendo analisadas pelos técnicos, inclusive pelo prefeito Geraldo Júlio. Uma solução maior e definitiva só no futuro”, diz.
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