domingo, 12 de março de 2017

Aniversário hoje Olinda e Recife parabéns as duas cidades que respira transportes.

Há quatro anos dirigindo entre Recife e Olinda,
motorista de ônibus exalta
beleza de paisagens triviais

À frente de uma linha que circula diariamente pelas cidades irmãs, que aniversariam neste domingo (12),
condutor passa por locais que não integram o roteiro de pontos turísticos,
mas compõem a identidade dos dois municípios.



Nem só no Marco Zero e no Alto da Sé residem as belezas do Recife e de Olinda. Completando, respectivamente, 480 e 482 anos neste domingo (12), as cidades irmãs também exibem paisagens que, para serem contempladas, não requerem grandes esforços: basta, apenas, observar pela janela de um ônibus. Esse é o exercício praticado diariamente pelo motorista Willington Marques, há quatro anos condutor da linha Rio Doce/CDU, que circula pelos dois municípios. A cada semáforo fechado ou a cada congestionamento, ele apura o olhar para enxergar detalhes que compõem a identidade de cada uma das duas cidades e, assim, amenizar os longos 64 quilômetros de cada viagem.

A linha inicia o percurso no bairro de Rio Doce, em Olinda, e passa por 23 ruas e avenidas até chegar ao Recife. Na capital pernambucana, são outras 23 vias até chegar ao ponto de retorno, na Cidade Universitária, na Zona Oeste. Na volta, o percurso engloba 44 ruas, avenidas, viadutos e pontes das duas cidades até chegar ao terminal. Mesmo sem passar pelos mais conhecidos pontos turísticos, o itinerário reserva particularidades capazes de sintetizar o que são as duas cidades.





No Recife, as ruas arborizadas da Zona Norte, o mangue que margeia o Rio Capibaribe e os prédios que se multiplicaram ao longo dos anos são algumas das peculiaridades observadas pelo motorista. “No Recife, o visual que eu mais gosto é o da Ponte da Torre, perto da Avenida Beira-rio. Gosto de ver o mangue, o rio e os prédios que ficam ali por perto. Tenho que ficar atento ao trânsito, mas sempre que posso, procuro olhar o visual”, comenta.

Em Olinda, a atenção do condutor é atraída pelo vai e vem de pessoas e das ondas do mar na orla de Bairro Novo. O gosto pela paisagem ultrapassa até mesmo o horário do expediente, já que, durante os dias de folga, ele deixa de contemplar o visual de longe para, de fato, aproveitar a praia. “Quando estou no ônibus, gosto de ver as pessoas olhando o mar nos deques. Sempre que o sinal fecha, eu fico olhando também. Quando estou de folga, é para cá que venho com a minha família”, diz o mototista





Na capital pernambucana, no entanto, o lazer do motorista não se resume apenas ao itinerário já percorrido durante a semana. Durante os dias de folga, a principal diversão do profissional está no passeio pelo Parque Dois Irmãos, na Zona Norte, e pelas ruas do Bairro do Recife. “Gosto de passear pela Praça do Arsenal e pelo Cais do Sertão. Aquela área é muito bonita e, sempre que posso, levo as minhas filhas para lá”, afirma o condutor, que mora em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife.

À frente do volante de um ônibus, ele enxerga não somente as belezas das duas cidades, mas também as brechas na infraestrutura dos dois municípios. Ao longo dos 160 quilômetros percorridos em duas viagens e meia, os buracos, a largura das avenidas e o congestionamento dificultam o trabalho, mas não tiram o otimismo do profissional.

“A Avenida Getúlio Vargas, em Olinda, poderia ser um pouco maior, porque o fluxo de carros é grande e não tem muito espaço. No Recife, o trânsito varia muito, mas, na maior parte das vezes, é sempre muito grande. Mesmo assim, acho que essas mudanças que estão sendo feitas vão melhorar as duas cidades”, explica.

Marques se refere às paradas de ônibus na Avenida Caxangá, na Zona Oeste da capital, e ao recapeamento de vias em Olinda e espera que, nos próximos aniversários das duas cidades, os investimentos na mobilidade proporcionem ainda mais motivos para comemorar.

Matéria G1 Pe

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