Por Margarette Andréa
Da editoria de Cidades
Da editoria de Cidades
Nem eles acreditavam. Mas o julgamento do dissídio coletivo dos rodoviários, na noite de quarta-feira (15/7), foi bastante favorável à categoria. O Tribunal Regional do Trabalho de Pernambuco (TRT-PE) definiu reajuste de 12% para salários e todas as outras cláusulas econômicas, exceto para o vale-alimentação, que terá aumento de 59,57%, passando de R$ 188 para R$ 300, como reivindicavam motoristas, cobradores, fiscais e despachantes. Com isso, após dois dias de greve, os ônibus voltam a funcionar normalmente nesta quinta-feira (16/7). Insatisfeitos com a decisão, os patrões informam que vão avaliar juridicamente as medidas a serem adotadas.
O julgamento teve participação de 12 magistrados, entre desembargadores do TRT-PE e juízes convidados. Começou com mais de duas horas de atraso e durou outras duas horas. O relator, desembargador Paulo Alcântara, foi autor da proposta vencedora. O percentual de 12% para as cláusulas econômicas passou fácil pela maioria (dez votos), mas o do vale ainda teve quatro votos favoráveis à proposta do desembargador Pedro Paulo de aumento uniforme (12%) e um do juiz Antônio Vanderley para estipular o valor do tíquete em R$ 250.
“Quero registrar minha decepção com os dois lados, pois não houve acordo em nenhuma das 95 cláusulas. Isso mostra uma conduta imatura na negociação. Que isso não se repita, pois é uma atitude ofensiva a este tribunal. Cresçam e aprendam a negociar.”Sérgio Torres, desembargador
“Estamos satisfeitíssimos. Esse resultado comprova como é importante ter uma equipe jurídica e econômica preparada, pois o material que apresentamos levou os desembargadores a votarem a nosso favor”, comemorou o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Benílson Custódio. No dia anterior, ele declarava achar muito difícil chegar a um vale de R$ 300. “Realmente fiquei surpreso.”
O resultado repete o que ocorreu no ano passado, quando o TRT-PE concedeu reajuste salarial de 10% e de 75% para o vale-refeição. Resta saber se os empresários vão novamente recorrer ao Tribunal Superior do Trabalho (TST), que, em 2014, derrubou a decisão do TRT-PE, estabelecendo aumento uniforme de 10% para todas as cláusulas econômicas, inclusive o vale-alimentação.
“Vamos esperar a publicação do acórdão para o jurídico avaliar tudo o que foi definido e a partir daí decidirmos o que fazer, mas achei o valor do tíquete bastante elevado”, declarou o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Público de Pernambuco (Urbana-PE), Fernando Bandeira. Questionado se temia que o resultado de 2014 se repetisse, Custódio respondeu: “Não vamos trabalhar com hipóteses, mas com a realidade”. Poucos rodoviários acompanharam o julgamento do lado de fora e puderam comemorar a vitória.
Fonte: Blog de olho no Trânsito