O presidente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Marco Antônio Fireman, falou na tarde desta terça-feira (15/12) sobre o momento difícil que o sistema vive, inclusive com a possibilidade de paralisação parcial por causa das dívidas com a conta de luz. As dificuldades financeiras são acentuadas no Recife, pois o Consórcio Grande Recife não está repassando os recursos das passagens das integrações. O metrô vive do subsídio do governo federal, que banca 70% de suas despesas. A receita própria cobre apenas 30% dos custos.
“O Consórcio Grande Recife não vem repassando para a CBTU os recursos da passagem que tem integração entre ônibus e metrô. Esse passivo de débito já está acumulado em R$ 48 milhões. São mais de R$ 2 milhões por mês que ficam retidos”, denunciou o presidente. “Esse recurso é nosso. Os passageiros pagam pela passagem e esse recurso não é repassado para a CBTU”, acrescentou. Com a palavra o Grande Recife Consórcio de Transporte.
De acordo com o presidente, esses atrasos estão comprometendo o funcionamento do metrô. “Isso está comprometendo a manutenção dos trens e o pagamento de energia elétrica. A Celpe está ameaçando cortar, agora no mês de dezembro, a energia elétrica de tração dos trens”, disse, apontando ainda que a situação está chegando no limite. “Estamos tentando negociar e encontrar uma forma de resolver essa situação junto ao Consórcio, mas não temos tido o retorno positivo”, afirmou o presidente. “A CBTU não tem condições financeiras por que essa receita de bilheteria é que faz a manutenção dos trens, que paga energia, segurança, limpeza e faz toda parte de custeio da operação do metrô”.
Segundo o presidente, o Grande Recife alega dificuldades financeiras como motivo para o atraso. “As empresas de ônibus não têm recebido o subsídio do governo, aí elas vendem a passagem e não pagam ao Consórcio, que não repassa para a CBTU”, reclamou Marco Fireman, dizendo que a companhia é quem está sendo prejudicada.
A passagem da integração está no valor de R$ 1,60, dos quais R$ 0,60 ficam com a CBTU. O resto é devolvido para as empresas de ônibus. O sistema do Recife conta com 26 trens transportando cerca de 400 mil passageiros por dia, segundo Fireman. “A gente não pode, numa situação dessa, deixar de funcionar por que não está sendo repassado o que é de direito nosso. Nós não estamos movendo uma ação para tirar um benefício do sistema de ônibus, mas nós temos direito a uma parte das passagens”.
O presidente da CBTU já adiantou que na próxima semana o sistema deve enfrentar problemas. “Se a Celpe cortar a energia ou se a gente não receber nada do consórcio deve parar por falta de energia”, explicou, dizendo ainda que a companhia está tentando um acordo com a Celpe.