sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

GRANDE RECIFE: AV CONDE DA BOA VISTA O QUE MUDA ATÉ A COPA 2014.


Avenida muda para a Copa
CONDE DA BOA VISTA Um dos principais corredores viários da capital passará por novas intervenções para o Mundial da Fifa de 2014
Polêmica desde sua requalificação para receber o corredor de transporte Leste-Oeste, em março de 2008, a Avenida Conde da Boa Vista, principal via em volume de coletivos do Recife, vai voltar a ser palco de novas intervenções e, consequentemente, fortes embates. Para se adaptar ao projeto do Corredor Leste-Oeste desenvolvido pelo governo do Estado para a Copa do Mundo de 2014, a via vai receber três novas paradas de veículos BRT (Bus Rapid Transit), também chamado pelo governo de TRO (Transporte Rápido por Ônibus).
Inicialmente, a ideia do Grande Recife Consórcio de Transportes é construir novas estações de embarque e desembarque para o BRT na Avenida Conde da Boa Vista. Seriam três unidades, instaladas entre as paradas de ônibus convencionais, existentes na via. Essas estações seguiriam a concepção do restante do Corredor Leste-Oeste, que pelo projeto do governo do Estado, já em execução, se prolonga pelo Derby, Avenida Caxangá, chegando ao terminal integrado de Timbi, no município de Camaragibe, no Grande Recife. Nesse trecho, são 12,5 quilômetros. Incluindo a Conde da Boa Vista, passaria a ter um pouco mais de 14 quilômetros de extensão.
As futuras paradas terão os princípios básicos do BRT: serão estações fechadas e climatizadas, com pagamento antecipado da tarifa e embarque em nível, ou seja, na mesma altura dos coletivos. A diferença é que elas ficarão do lado esquerdo do veículo, embora permaneçam no centro da via, como são as convencionais. Isso porque, originalmente, os BRTs possuem portas do lado esquerdo.
Segundo o presidente do Grande Recife Consórcio de Transporte, Nelson Menezes, a adequação da Avenida Conde da Boa Vista ao modelo do projeto em execução pelo Estado está sendo desenvolvida pela empresa Maia Melo, também responsável pela construção do corredor. “Por enquanto, é apenas um projeto conceitual. Estamos vendo as possibilidades. No primeiro desenho, serão paradas diferentes das existentes para os ônibus comuns. O projeto vai definir, exatamente, se há espaço para a construção delas. Acreditamos que seja uma intervenção fácil de ser executada”, explicou.
Nelson Menezes garantiu que o Corredor Leste-Oeste sempre foi pensado até a Avenida Guararapes. E que o projeto licitado pelo Estado não teve o trecho incluído desde o começo por causa de recursos. “Os BRTs entrarão e sairão do Centro pela Conde da Boa Vista. Irão até a Avenida Guararapes, retornando pela Avenida Dantas Barreto, Rua Nossa Senhora do Carmo e Rua Martins de Barros”, explicou.
MENOS LINHAS - Para receber o sistema de BRT, entretanto, a Conde da Boa Vista terá que sofrer uma redução no número de linhas e coletivos que hoje circulam por ela. São 664 ônibus, operando 91 linhas, que fazem ponto em 15 estações. De acordo com o Grande Recife Consórcio de Transporte, isso acontecerá naturalmente. “Essa redução é certa, não só por causa das linhas de BRT que vão operar no Corredor Leste-Oeste, mas também por causa dos terminais integrados que entrarão em operação nos próximos meses na Linha Sul do Metrô. No caso específico do Leste-Oeste, também serão erguidos dois TIs na III e IV perimetrais”, informou Nelson Menezes.
A Prefeitura do Recife, responsável pela transformação, em 2008, da Conde da Boa Vista no Leste-Oeste, não falou sobre as mudanças. Aparentemente, nem estaria sabendo delas. O presidente do Instituto Pelópidas Silveira, Milton Botler, responsável por planejar a mobilidade da cidade, informou apenas que está nas mãos do prefeito João da Costa uma pesquisa realizada com usuários da via que revela os principais problemas e as maiores vantagens do corredor. Essa pesquisa, inclusive, serviria para guiar a prefeitura no caso de novas alterações no corredor.
Repercussão
“A Avenida Conde da Boa Vista deveria receber apenas os veículos de BRT do Corredor Leste-Oeste. As linhas operadas por ônibus convencionais poderiam chegar até próximo da avenida, mas sem entrar nela. Retornariam por vias próximas, sem deixar de atender às pessoas que querem chegar ao Centro”, defende o doutor em transporteOswaldo Lima Neto.
“A Conde da Boa Vista terá que conviver com o BRT e os ônibus convencionais. Até porque, dos 12 principais corredores que temos, pelo menos dez têm linhas que se dirigem à Conde da Boa Vista. Agora, sem conhecer detalhes do projeto não posso dizer se será bom ou não. Digo que é possível”, opina o consultor em transportesGermano Travassos.
“O mais importante é não tirar da Conde da Boa Vista a característica de via prioritária ao transporte público. Se ela terá ou não estações de embarque para BRT separadas das usadas pelos ônibus convencionais, é algo que pode ser discutido e implantado”, recomenda César Cavalcanti, da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP).
Fonte: Jornal do Commercio – Cidades. Fotos: JC Imagem

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