Por um Bairro do Recife mais humanizado
Publicado em 21/12/2012. Avenida Rio Branco Este post é para servir de reflexão e inspiração. Muita gente vai dizer que é utopia, que é uma cidade imaginável, quase impossível. Mas não é. Com base em mais um trabalho da equipe do arquiteto e urbanista César Barros, é proposta a construção de um Bairro do Recife mais acessível, aprazível e humanizado. Um novo Bairro do Recife. No lugar de um grande estacionamento de carros a céu aberto – o que, de fato, o local virou -, a ideia é transformá-lo, de verdade, numa ilha de mobilidade e de interação entre as pessoas. Um lugar onde o carro deixe de ser protagonista. Vire coadjuvante. Leia o texto, veja as imagens e imagine como seria bom… BAIRRO DO RECIFE: MOBILIDADE E HUMANIZAÇÃO Por César Barros (arquiteto e urbanista) O Bairro do Recife vem acumulando perdas na qualidade da sua ambiência urbana nas últimas decadas, fruto da hegemonia dos automóveis individuais. Com a predominância dos carros por todo o território que compreende a “ilha”, o espaço urbano foi se desumanizando com as nossas vias perdendo a dinâmica social gerada pela circulação e encontro das pessoas. Cais do Apolo Procuramos mostrar uma alternativa de organização e otimização do trânsito e transporte, através da restrição do tráfego de ônibus, a limitação de circulação de carros particulares, a implantação de ciclovias e ciclofaixas em vias estratégicas, bem como uma nova forma de ocupação da frente dágua. Com a priorização para os modais não motorizados e a implantação de um Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), aproveitando os trilhos existentes que cruzam o marco zero da nossa cidade. Uma forma de resgatar a convivência urbana estabelecendo maior segurança e conforto. A Avenida Rio Branco no Bairro do Recife, assim como a maioria das ruas da “ilha” são superdimensionadas e apenas servem como dormitórios de carros em plena luz do dia ou se justificam como binário para viabilizar maior acúmulo de veículos em horários de pico. Isto compromete a qualidade da ambiência urbana e inviabiliza a democratização do espaço público. Todas as vias secundárias poderiam ter apenas 6 metros de largura, com a ampliação das calçadas, o que possibilitaria a circulação de todos os meios de deslocamento. Marco Zero Essas vias poderiam ser bidirecionais, pois aumentariam as alternativas de percurso, diminuindo a circulação de veículos e consequente poluição, evitando que o ciclista estivesse sempre na contramão, situação frequente nos binários. Por fim seria possível o incremento da arborização, a implantação de vagas especiais (táxis, idosos, carga e descarga, entre outros), bem como a instalação de bicicletários e plataformas de convivência. Outras vias como a Dona Maria César poderiam ser pedestrianizadas, com os carros se movimentando lentamente, gerando maior conforto e segurança às pessoas que circulam entre os edifícios do entorno. As frentes dágua devem ter outro tratamento, resgatando a relação perdida ao longo do tempo. Com a proibição do tráfego de veículos motorizados na Avenida Alfredo Lisboa e a implantação de um VLT permitiria que as pessoas tivessem outra relação de usufruto da paisagem que hoje é disputada com a velocidade dos carros em risco constante de atropelamento. O cais sofreria uma amplitude dos seus espaços públicos permitindo que a população desfrute das perspectivas generosas geradas pela paisagem local, conveniente aos novos quipamentos que serão mplantados. Marco Zero Complementando um parque urbano circulando toda a borda da Ilha teríamos a margem do Capibaribe a implantação de uma “ciclofresca” permitindo apenas os modais não motorizados (skate, patins, bicicleta, e o pedestre caminhando ou correndo) numa via extremamente arborizada, plantando novas árvores e ou incrementando a vegetação existente. É preciso também reorganizar as linhas de ônibus, superpostas ao extremo, um dos grandes responsáveis pelo caos no tráfego. O planejamento atual faz com que algumas vias estejam sobrecarregadas em detrimento de outras subutilizadas. É importante replanejar o sistema viário do Bairro do Recife, reordenando as linhas de ônibus, hierarquizando as vias e implantando ciclovias sombreadas em alamedas estratégicas. Cais da Alfândega A proposta visa restringir o tráfego de ônibus à Av. Cais do Apolo, que possui uma calha com dimensionamento que suporta este acúmulo. Por sua vez, os deslocamentos seriam feito a pé, o que não passa de 200 metros nos pontos mais extremos da Ilha, no sentido transversal. Dessa forma poderemos fazer fluir o trânsito, priorizando o pedestre, onde os percursos a pé seriam a principal forma de deslocamento, possibilitando uma maior integração dos modais, com uma ambiência urbana mais qualificada. O incentivo à diversidade de usos e atividades se daria por meio de incentivos fiscais à moradia, semelhantes aos praticados hoje para o Porto Digital. Aplicados os instrumentos como IPTU progressivo entre outros, poderíamos ter de volta a dinâmica durante o dia e a noite, sem ter que o poder público apelar para política de “pão e circo” que tem predominado nas administrações públicas nas duas últimas décadas. Os projetos, ações e perspectivas da gestão pública ainda continuam tratando o carro como protagonista. Cidadãos, técnicos, especialistas, políticos, gestores públicos, entusiastas, e afins, chegamos num ponto onde todos precisam admitir que erramos. Seja por crenças equivocadas, desconhecimento e ou limitações circunstanciais, erramos. Precisamos daqui pra frente, mudar a lógica e os critérios, planejando a cidade para ser usufruída pelo cidadão com a qualidade urbana merecida, com alternativas simples e de baixo custo. Basta um olhar diferenciado, para soluções simples e factíveis, que talvez nosso orgulho ou cegueira, nos faça parecer tão distante. Marco Zero Marco Zero http://jconlineblogs.ne10.uol.com.br...is-humanizado/ | |
December 22nd, 2012, 03:46 PM | #2135 |
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Infelizmente, o meio a promover essa transformação seria o transporte público, o qual nossos corredores BRT são apenas simples adaptações das vias locais e o sistema ferroviário demora de 15 a 20 pra sair da prancheta!!! |
Recife assim?
ResponderExcluirÉ esperar para ver.