Diferentemente daqui, ações em outras capitais do Nordeste reduziram investidas em mais de 30%.
Número de crimes do tipo cresceu neste ano em relação ao mesmo período de 2015
Nesta semana, dois passageiros ficaram feridos durante uma investida no Curado. Em meio às estratégias, nem todas são unanimidade, como a extinção do pagamento da tarifa em dinheiro, que será testada em uma linha de ônibus nos próximos dias. Quem contesta aponta possibilidades que vêm dando certo em outras cidades e que poderiam ser replicadas.
Em São Luís (MA), por exemplo, os assaltos a ônibus tiveram aumento de 31,1% de um ano para o outro. Após o clamor popular, foi criado um batalhão específico para combater esse tipo de crime. Com 150 policiais de diversos grupamentos, inclusive do ambiental, a operação consegue cobrir 17 avenidas consideradas críticas. Entre o fim do primeiro trimestre e o início do segundo, o quantitativo caiu pela metade.
Em Maceió (AL), o ano também começou com o medo do número elevado de roubos a coletivos (+34,5%). Com o início de uma operação específica, esse tipo de investida teve queda de 39%. Em João Pessoa (PB) e Salvador (BA), os bons resultados vêm desde o ano passado.
“Sabemos dos esforços aqui, mas as abordagens policiais ainda têm brechas. Faltam detectores de metais para revistar mulheres, por exemplo”, diz o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Benilson Custódio. Para ele, outras estratégias, como a diminuição da circulação de dinheiro por meio da obrigatoriedade do uso do VEM, não resolvem. “O motorista vai ficar sozinho, tendo que observar se ninguém pula a catraca. Ele e os usuários vão ficar muito mais vulneráveis.”
Segundo o Grande Recife Consórcio, o teste será feito apenas na linha 901-TI Abreu e Lima/TI Macaxeira, que deixará de ter cobradores. A medida estava prevista para a próxima segunda-feira (4), mas foi transferida para o dia 11 de julho, mais tempo para que os passageiros sejam orientados sobre a mudança.
Frederico Haeckel, coordenador da Antuerf-PE, uma associação que representa usuários, defende uma medida intermediária. “O correto seria dar desconto a quem comprasse a passagem com o VEM, mas não extinguir o pagamento em dinheiro, porque isso não evita assaltos. A prova é o BRT, que não tem pagamento dentro do ônibus e é muito assaltado. Acaba sendo uma solução que resguarda somente a renda do próprio transporte”, diz.
Para o promotor de Transporte da Capital, Humberto Graça, entretanto, o teste de novas estratégias é bem-vindo. “Só após colocada em prática é que poderemos saber se funciona”, afirma. O professor Jorge Zaverucha, do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), concorda, mas destaca a necessidade de avançar em outras medidas. “É preciso fazer o criminoso sentir dificuldade em realizar seu intento, e isso se faz investindo em câmeras, fazendo abordagens em pontos aleatórios, e não em locais em que já se sabe que a polícia pode estar”, argumenta.
> Assaltos a ônibus
São Luís (MA) e região metropolitana2015 (jan-mai): 190
2016 (jan-mai): 249 (+31,1%)
-50% em maio, após medidas específicas
2016 (jan-mai): 249 (+31,1%)
-50% em maio, após medidas específicas
João Pessoa (PB)2015 (jan/abr): 156
2016 (jan/abr): 122 (-21,7%)
2016 (jan/abr): 122 (-21,7%)
Recife (PE) e região metropolitana2015 (jan-mai): 360
2016 (jan-mai): 415 (+15,3%) - segundo SDS
2016 (jan-mai): 704 - segundo Sindicato dos Rodoviários
-5% em maio, após medidas específicas, segundo SDS
2016 (jan-mai): 415 (+15,3%) - segundo SDS
2016 (jan-mai): 704 - segundo Sindicato dos Rodoviários
-5% em maio, após medidas específicas, segundo SDS
Maceió
2015 (jan/fev): 131
2016 (jan/fev): 176 (+34,5%)
-39% em maio, após medidas específicas)
2015 (jan/fev): 131
2016 (jan/fev): 176 (+34,5%)
-39% em maio, após medidas específicas)
Aracaju (SE) e região metropolitana2015 (jan/abr): 545
2016 (jan/abr): 844 (+54,9%)
2016 (jan/abr): 844 (+54,9%)
Salvador (BA)2015 (jan/mar): 691
2016 (jan/mar): 592 (-14,3%)
2016 (jan/mar): 592 (-14,3%)
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