sexta-feira, 1 de julho de 2016

Assaltos - É possível conter assaltos a ônibus, dizem especialistas...

Diferentemente daqui, ações em outras capitais do Nordeste reduziram investidas em mais de 30%.


Número de crimes do tipo cresceu neste ano em relação ao mesmo período de 2015
O aumento do número de assaltos a ônibus é realidade na maioria das capitais do Nordeste. O que mudam são as medidas adotadas. No Grande Recife, apesar de uma queda de 5% no número de casos em maio em relação a abril, a sensação nas ruas é de medo, sobretudo quando se compara o aumento nos registros deste ano em relação aos do mesmo período de 2014 (ver dados no fim do texto).
Nesta semana, dois passageiros ficaram feridos durante uma in­­vestida no Curado. Em meio às estratégias, nem todas são unanimidade, como a extinção do pagamento da tarifa em dinheiro, que será testada em uma linha de ônibus nos próximos dias. Quem contesta aponta possibilidades que vêm dando certo em outras cidades e que poderiam ser replicadas.
Em São Luís (MA), por exem­­­plo, os assaltos a ônibus tiveram aumento de 31,1% de um ano para o outro. Após o clamor popular, foi criado um batalhão específico para combater esse tipo de crime. Com 150 policiais de diversos grupamentos, inclusive do ambiental, a operação consegue cobrir 17 avenidas consideradas críticas. Entre o fim do primeiro trimestre e o início do segundo, o quantitativo caiu pela metade.
Em Maceió (AL), o ano também começou com o medo do número elevado de roubos a coletivos (+34,5%). Com o início de uma operação específica, esse tipo de investida teve queda de 39%. Em Jo­­ão Pessoa (PB) e Salvador (BA), os bons resultados vêm desde o ano passado.
“Sabemos dos esforços aqui, mas as abordagens policiais ainda têm brechas. Faltam detectores de metais para revistar mulheres, por exemplo”, diz o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Benilson Custódio. Para ele, outras estratégias, como a diminuição da circulação de dinheiro por meio da obrigatoriedade do uso do VEM, não resolvem. “O motorista vai fi­­­car sozinho, tendo que observar se ninguém pula a catraca. Ele e os usuários vão ficar muito mais vulneráveis.”
Segundo o Grande Recife Con­­sórcio, o teste será feito apenas na linha 901-TI Abreu e Lima/TI Macaxeira, que deixará de ter cobradores. A medida estava prevista para a pró­­xima segunda-feira (4), mas foi transferida para o dia 11 de julho, mais tempo para que os passageiros sejam orientados sobre a mudança.
Frederico Haeckel, coordenador da Antuerf-PE, uma associação que representa usuários, defende uma medida intermediária. “O correto seria dar desconto a quem compras­­se a passagem com o VEM, mas não extinguir o pagamento em dinheiro, porque isso não evita assaltos. A prova é o BRT, que não tem pagamento dentro do ônibus e é muito assaltado. Acaba sen­­do uma solução que resguarda somente a renda do próprio transporte”, diz.
Para o promotor de Transporte da Capital, Humberto Graça, entretanto, o teste de novas estratégias é bem-vin­­do. “Só após colocada em prática é que poderemos saber se funciona”, afirma. O professor Jorge Zaverucha, do Departamento de Ciên­­­cia Política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), concorda, mas destaca a necessidade de avançar em outras medidas. “É preciso fazer o criminoso sentir dificuldade em realizar seu intento, e isso se faz investindo em câmeras, fazendo abordagens em pontos aleatórios, e não em locais em que já se sabe que a polícia pode estar”, argumenta.
> Assaltos a ônibus
São Luís (MA) e região metropolitana2015 (jan-mai): 190
2016 (jan-mai): 249 (+31,1%)
-50% em maio, após medidas específicas
João Pessoa (PB)2015 (jan/abr): 156
2016 (jan/abr): 122 (-21,7%)
Recife (PE) e região metropolitana2015 (jan-mai): 360
2016 (jan-mai): 415 (+15,3%) - segundo SDS
2016 (jan-mai): 704 - segundo Sindicato dos Rodoviários
-5% em maio, após medidas específicas, segundo SDS
Maceió
2015 (jan/fev): 131
2016 (jan/fev): 176 (+34,5%)
-39% em maio, após medidas específicas)
Aracaju (SE) e região metropolitana2015 (jan/abr): 545
2016 (jan/abr): 844 (+54,9%)
Salvador (BA)2015 (jan/mar): 691
2016 (jan/mar): 592 (-14,3%)
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