terça-feira, 18 de setembro de 2012

RECIFE- DESFIO DA MOBILIDADE SAÍDA BOA VISTA , CHEGADA BOA VIAGEM

A bicicleta impera no intermodal do Recife Tânia Passos taniapassos.pe@dabr.com.br A ideia do 1º Desafio Intermodal do Recife era misturar diferentes modais para fazer uma experiência de deslocamento, em pleno horário de pico, do Centro do Recife até a Zona Sul. A única certeza era de que o carro não teria a menor chance de chegar em primeiro. E não chegou. A dúvida era quanto aos outros modais: moto, ônibus, metrô, bicicleta, patins e a pé. A moto parecia ter grandes chances em relação às demais opções pela facilidade de passar entre os carros e a velocidade proporcionada pelo motor. Mas em um trânsito travado, até os motociclistas enfrentam dificuldades. E Outra supresa foi o segundo colocado. De patins, o técnico em informática Carlos Alberto da Conceição Milheiro, 24 anos, conseguiu deixar para trás moto, metrô, carro, ônibus e algumas bicicletas. Foram quase 10 quilômetros de percurso entre o Shopping Boa Vista e o Shopping Center Recife. Não é preciso nem falar muito da quantidade de obstáculos que ele teve pela frente. Mas o desafio não era para qualquer um. Carlos Alberto ou Beto Conceição como é mais conhecido, já é acostumado a fazer grandes deslocamentos de patins. “Eu já tenho prática de fazer percursos longos. Uma vez fui do Centro do Recife até o bairro de Rio Doce, em Olinda. E eu já conhecia esse trecho para o Shopping Recife”, revelou. Ele alcançou uma marca de 37 minutos e 20 segundos. Uma diferença de 1 minuto e 14 segundos para o 1º colocado, o ciclista Ênio Paipa, que fez o percurso em 36 minutos e 6 segundos (confira percurso feito por Ênio). “Quanto mais trânsito melhor para a bicicleta. Os carros ficam parados e a gente passa rapidamente. Com o trânsito livre, eles são muito velozes e se torna mais perigoso para o ciclista”, explicou. A gestora ambiental Camila Marques, 30 anos, fez o deslocamento de carro. Às 18h, ela já sabia que enfrentaria um trânsito difícil pelas avenidas Agamenon Agamenon Magalhães e Domingos Ferreira. Demorou 1h1min para percorrer cerca de 10 km. “Achei que pelo horário até que não foi tão ruim. O pior trecho foi na Domingos Ferreira”, revelou Camila, que chegou em oitavo lugar. E quase perdeu para o corredor. O arquiteto César Barros, 44, fez o percurso correndo com um tempo de 1h02min. Um minuto a mais que o carro. “Na verdade fiz o percurso em 55 minutos, mas perdi sete para chegar ao local marcado porque não havia entrada para o pedestre e o ponto de chegada era de acesso para o carro”, explicou. Quem optou pelo transporte público gastou praticamente o mesmo tempo do carro. A empresária Amélia Bezerra, 53 anos, embarcou no ônibus em uma parada na Avenida Conde da Boa Vista e desceu dentro do shopping 1h19min depois. “Como não havia faixa exclusiva para o ônibus, a gente perdeu um pouco mais de tempo, mas achei a viagem tranquila”, revelou. Sem faixa exclusiva na maioria dos corredores de tráfego, o congestionamento é o maior inimigo do transporte público. A maior reclamação ainda é o tempo de espera. A funcionária pública Cláudia Holder, 39 anos, fez a opção da integração ônibus e metrô. Na parada da Rua do Príncipe esperou 20 minutos pelo circular Príncipe. “A espera impactou mais no tempo final do percurso do que mesmo o próprio deslocamento. E a culpa é do congestionamento”, apontou Cláudia. Foi na estação central do metrô Recife que ela fez a integração para o metrô e seguiu até o a estação aeroporto. A viagem do metrô demorou cerca de 18 minutos. Ela não conseguiu lugar para ir sentada, mas achou tranquila a viagem com o arcondicionado. “Em Londres o metrô não tem ar e o trecho subterrâneo é muito quente”, afirmou. A última integração no TI Aeroporto para chegar ao shopping foi rápida. O ônibus circular já estava no local, mas uma das passageiras contou que já esperava há 30 minutos pelo coletivo. No último percurso para o shopping houve um engarrafamento na Ernesto de Paula Santos. “Percebo que o problema do transporte público é principalmente o carro. Ele trava porque há muitos carros nas ruas”, afirmou Cláudia Holder. O marido, Márcio Cabral, 39 anos, fez o percurso também, mas sem concorrer oficialmente. Apesar da velocidade do metrô, ela gastou 1h28min para completar o percurso e ficou em penúltimo lugar. Só ganhou para a bióloga Lígia Lima, 26, que fez um tempo de 1h44 min, caminhando do Shopping Boa Vista até o Shopping Recife. “Eu tinha esperança de ganhar do carro, mas cheguei quase igual a quem veio de ônibus e metrô”, revelou. A diferença foi de 16 minutos. Enquanto o trânsito ficava parado Lígia caminhava em média 5,7 km por hora. Uma velocidade que pode ser maior do que a do ônibus nos trechos congestionados. Confira o perfil dos participantes e o tempo de cada modal 01° bicicleta (roda fixa) 36m06s 02° patins 37m20s 03° moto 38m30s 04° bicicleta + metrô 42m06s 05° bicicleta (mountain bike) 49m28s 06° bicicleta + barco 52m19s 07° metrô + caminhada 59m18s 08° carro 01h01m 09° corrida 01h02m 10° ônibus 01h19m 11° ônibus + metrô 01h28m 12° caminhanda 01h44m Os caminhos e as escolhas O mesmo endereço, o mesmo destino, a mesma hora, mas os caminhos podiam ficar a escolha dos participantes, desde que levassem ao destino final: o Shopping Recife. A partida do Shopping Boa Vista foi às 18h e a partir daí, cada um seguiu o caminho que quis ou traçou previamente. O empresário Sílvio Monte, 26 anos, usou uma bicicleta e fez parte do percurso de barco. Ele seguiu de bicicleta até o Marco Zero e de lá pegou um barco até o Parque das Esculturas para seguir o caminho de bicicleta pelas ciclofaixas de Brasília Teimosa e Boa Viagem. “Além de muito escuro, ventava muito. Levei uma lanterna para ajudar no percurso”, revelou. Foi o sexto colocado. Uma das dificuldades de quem fez o percurso a pé ou de bicicleta era a ausência de espaço nas vias a exemplo dos viadutos Capitão Temudo e Cinco Pontas, que não oferecem opções de tráfego para o ciclista e o pedestre. “A gente teve que fazer um caminho alternativo para fugir das vias que só privilegiam o carro”, revelou César Barros, que fez o percurso correndo. O tempo de deslocamento não foi a única preocupação dos organizados do desafio no Recife, eles vão levar em conta outros aspectos que farão parte de um relatório a ser divulgado em 30 dias, entre eles a emisão de poluentes. “Vamos analisar a questão da poluição ambiental em cada um dos modais, o custo social e principalmente a viabilidade dos modais como meio de transporte nos horários de pico”, explicou Felipe Malagueta. O Desafio Intermodal também é realizado em outras capitais brasileiras. Em São Paulo, a experiência já acontece há sete anos. Na maioria das capitais a bicicleta chega em primeiro lugar. Este ano, em São Paulo a bicicleta perdeu para o helicóptero por apenas dois minutos. EXPEDIENTE // Diretora de redação: Vera Ogando | Edição: Lydia Barros / Coordenação de fotografia: Inês Campelo Texto: Tânia Passos / Vídeo: Bernardo Dantas, Helder Tavares, Juliana Colares, Mariana Gominho, Tânia Passos, Tato Rocha Design e Desenvolvimento: Taís Nascimento

Nenhum comentário:

Postar um comentário