Setor teme desequilíbrio financeiro causado pela concorrência dos aplicativos.
Já há cidades nos Estados Unidos que fecharam parcerias com empresas como a Uber para testar serviço em linhas deficitárias
Conforme agências internacionais, já há cidades nos Estados Unidos onde os governos locais fecharam parcerias com empresas como a Uber, que oferece transporte remunerado de passageiros. Por lá, a ideia é testar o serviço em linhas deficitárias ou complementares. No Brasil, ainda não chega a tanto, mas a preocupação já existe quanto à possibilidade de que veículos utilitários passem a compor frotas de transporte sob demanda.
“Na década de 90, tivemos a invasão de Kombis e micro-ônibus nas cidades. Com políticas públicas, conseguiu-se acabar com esses serviços irregulares. Agora, surge um inimigo perigoso por meio dos serviços ofertados por esses aplicativos”, afirma o presidente executivo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Otávio Cunha.
O gestor explica que a lógica das empresas de tecnologia que atuam no ramo é operar itinerários e em horários que julgarem mais rentáveis, diferentemente do caráter de universalidade definido para o transporte público coletivo pela Constituição. “Imagine que, se eu for investidor e comprar uma frota de vans ou de micro-ônibus, vou operar somente onde houver linhas em que eu possa ganhar o máximo possível. É o tipo de ambiente que não combina com o transporte público coletivo, que tem preços módicos, regularidade, opera em períodos de baixa demanda e com linhas deficitárias. Essas características fazem com que o transporte público não admita concorrência e seja exceção a certas regras do mercado”, responde Cunha, sobre críticas a uma suposta reserva de mercado para empresas de ônibus.
Antes mesmo de se tornarem uma ameaça ao dia a dia dos operadores de ônibus, aplicativos de transporte se veem em meio a um entrave com taxistas, que, no Recife, alegam perdas de até 80% no número de corridas desde março, quando o Uber chegou à Cidade. Na última segunda-feira (22), a categoria realizou um protesto que travou a Zona Sul da Capital. A promessa é de que novas manifestações ocorram até que a Prefeitura intensifique a fiscalização contra os veículos do app. Na semana passada, o Ministério Público Federal (MPF) já havia emitido uma nota técnica defendendo que o impasse seja tratado por meio de uma regulamentação federal. A medida, porém, ainda não tem previsão de sair do papel.
Fonte: Folha Pe com Ed Machado.
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