A Via Mangue, corredor viário de acesso à Zona Sul do Recife que a prefeitura tenta construir há mais de cinco anos, deverá voltar a ser uma avenida que vai e volta. Explicando: a prefeitura pretende rever a decisão tomada em junho de 2014 e implantar o sentido subúrbio-Centro na pista leste do corredor, ainda desativada, como previsto no projeto original. Para isso, assumiria os riscos de possíveis retenções, indicadas nas simulações feitas à época. Acessos ao sistema viário de Boa Viagem, que funcionariam como rotas de fuga, e uma nova ligação com a Avenida Antônio de Góis, no Pina, seriam algumas das soluções para minimizar o estrangulamento do Túnel da Via Mangue, que passa sob a Avenida Herculano Bandeira, na mesma região.
A ideia que vem sendo estudada pelo município é melhorar algumas vias do Pina para acomodar o novo tráfego que surgiria com a abertura da pista leste da Via Mangue. Veículos que hoje usam as Avenidas Boa Viagem e Conselheiro Aguiar para sair da Zona Sul. É esperado que a pista leste passe a receber 40% desse tráfego, ou seja, aproximadamente 30 mil veículos por dia. Foi o que aconteceu com a liberação da pista oeste do corredor, que passou a receber o mesmo percentual do tráfego da Avenida Domingos Ferreira – 34 mil carros por dia.
A solução ideal, entretanto, seria o prolongamento do Túnel da Via Mangue sob a Avenida Antônio de Góis, com a construção de uma alça de acesso a essa mesma via e o alargamento da Ponte do Pina, que dá acesso ao Cais José Estelita e à Avenida Agamenon Magalhães”César Cavalcanti
A nova ligação para escoar o volume de veículos que saem da Zona Sul, vindos não só de Boa Viagem, mas de bairros litorâneos de Jaboatão dos Guararapes, seria pela Rua Arquiteto Augusto Reinaldo (a via em frente ao Atacado dos Presentes). Os veículos sairiam da Via Mangue pela alça da Ponte Encanta Moça (em obras), que dá acesso à Rua Manoel de Brito, e a partir daí teriam duas opções: seguir pela via utilizando o túnel para acessar a Antônio de Góis – caminho oficial, usado atualmente – ou entrar à esquerda na Avenida República Árabe Unida (via larga e hoje com sua capacidade subutilizada) e, em seguida, acessar a Rua Arquiteto Augusto Reinaldo – a segunda à direita.
A via tem uma calha boa (capacidade de armazenamento de veículos), permitindo a implantação de duas faixas em sentido único e a travessia da Avenida Herculano Bandeira a partir de um semáforo a ser instalado no local. O canteiro da Avenida Antônio de Góis seria aberto para facilitar a divisão do tráfego entre as duas pistas da via. O especialista em trânsito e transporte César Cavalcanti, que atuou como consultor da ATP Engenharia – empresa contratada no ano passado pelo município para fazer os estudos de circulação da Via Mangue –, explica que a nova ligação foi uma das soluções paliativas apontadas nas simulações. “Não posso dizer se será ou não implantada pela prefeitura. O que posso afirmar é que indicamos essa ligação. Não é o ideal, mas ajudaria porque, embora tivéssemos que instalar um semáforo logo após a descida da Ponte Paulo Guerra, a calha da via anterior e posterior ao equipamento suporta o volume de veículos”, explica o consultor.
A solução ideal, entretanto, seria o prolongamento do Túnel da Via Mangue sob a Avenida Antônio de Góis, com a construção de uma alça de acesso a essa mesma via e o alargamento da Ponte do Pina, que dá acesso ao Cais José Estelita e à Avenida Agamenon Magalhães. “Essas seriam as intervenções corretas, mas o custo é alto. Por isso apontamos algumas soluções paliativas para acomodar o novo tráfego no sistema viário do Pina. Mas o alargamento da Ponte do Pina seria extremamente necessário porque hoje em dia já existe um afunilamento no trecho. Saímos de seis faixas na Avenida Antônio de Góis para quatro faixas na Ponte do Pina”, alerta o especialista.
A decisão não é oficial e a Prefeitura do Recife se negou a falar sobre o assunto. Colocou a Empresa de Urbanização (URB), responsável por supervisionar a retomada das obras da Via Mangue, e a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), que indicará a melhor circulação, para soltar notas idênticas, que quase nada dizem. Explicam que as Secretarias de Mobilidade e Controle Urbano e Infraestrutura e Serviços Urbanos estão fazendo estudos e simulações de tráfego da via expressa e seu entorno para potencializar os benefícios do corredor. E como as análises não foram concluídas, serão anunciadas até o fim do ano, previsão para a conclusão da Via Mangue. Na obra, entretanto, o tráfego da pista leste no sentido subúrbio-Centro é dado como certo.
Os três acessos do corredor ao sistema viário existente que serão implantados durante a retomada das obras serão pelas Ruas Professor Eduardo Wanderley Filho e Henrique Capitulino, em Boa Viagem, e Tomé Gibson, no Pina. Já estão prontos os acessos às Ruas Maria Carolina, Tenente João Cícero e Padre Bernardino Pessoa, mas as vias permanecem bloqueadas. Atualmente estão sendo concluídos ciclovia, passeios, colocação de gradil e a fundação da alça da Ponte Encanta Moça. O investimento total da Via Mangue é de R$ 431 milhões, sendo 80% recursos do governo federal.
fonte: De Olho no Transito
com Roberta Soares - JC blogs
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