Com uma semana em atividade no Recife, o serviço da Uber ainda levanta muitas dúvidas dos clientes e polêmica entre usuários, motoristas, taxistas e o poder público. Enquanto isso, os profissionais cadastrados na empresa vão circulando pela capital pernambucana, atendendo clientes e faturando com as corridas. São pessoas que aproveitaram a chegada da multinacional para se cadastrar e fazer uma renda extra como motorista.
O representante comercial Adirson Tavares tem a expectativa de triplicar sua renda mensal com o serviço. “Eu já fazia esse trabalho de motorista executivo nos fins de semana. O que o Uber me trouxe foi um meio de contato com mais clientes”, diz Adirson, que calcula que faz entre 20 e 35 viagens por dia, sempre das 14h à 0h. “Ainda está no começo e estou sentindo como vai ser para o futuro. Mas esse tipo de serviço chegou para ficar.”
O Recife conta com a categoria UberX, na qual os motoristas devem ter carros de modelos fabricados a partir de 2008, com quatro portas e ar-condicionado. “Não precisei fazer nenhum investimento alto, já que já tinha o carro. Só me esforço para mantê-lo sempre limpo e com o que a empresa exige, como balas, barras de cereal e água gelada”, afirma Adirson.
O conforto e o preço são algumas das características destacadas por quem já usou o aplicativo, como a doutoranda em oceanografia Érika Pinho, de 27 anos. “Em comparação com os táxis que costumo pegar aqui, foi muito melhor. O motorista foi muito educado e a viagem foi quase a metade do valor que já paguei antes”, avalia Érika, que fez no último domingo o mesmo percurso que faz toda semana, da sua casa no Prado até a casa do namorado, em Campo Grande. “Normalmente daria R$ 20 de táxi, mas no Uber ficou por R$ 12.”
Os usuários, entretanto, não livram o aplicativo de críticas. A psicóloga Fernanda Verícimo, de 26 anos, conta que o Uber funcionou muito bem, mas reclamou da demora para conseguir uma corrida. “Tivemos que pedir umas duas vezes até aparecer um carro disponível. Mas isso é aceitável já que o serviço ainda está no começo, era apenas o segundo dia”, lembra.
Outro ponto negativo apontado pela psicóloga é a restrição nos meios de pagamento. “É um inconveniente não saber na hora quanto da corrida será faturada no cartão, só receber por e-mail depois. Além disso, você precisa ter um telefone com internet pra chamar. Por isso, não acredito que o serviço seja uma concorrência com os táxis, já que se você estiver na rua e precisar pegar um carro, vai ser táxi. São propostas diferentes”, completa.
Para o jornalista Guilherme Gatis, a interface do aplicativo pode ser um pouco confusa, mas o fato das corridas serem mais baratas do que a bandeira do táxi faz com que ele opte pelo serviço da Uber com mais frequência. “Pontos que alguns consideram positivos no Uber, como a cordialidade dos motoristas e ‘serviços de bordo’, como água e doces para os passageiros, para mim são irrelevantes. Isso não é uma virtude, mas uma dinâmica que deveria ser regra, seja nos táxis, seja nos carros da Uber”, afirma Gatis.
Mesmo ativo há sete dias, o serviço ainda é considerado “ilegal” pela Prefeitura do Recife. Em nota, a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano afirmou que “os veículos que utilizam a plataforma do Uber não são cadastrados no município, os mesmos poderão ser fiscalizados como transporte irregular de passageiros”. A prefeitura se apoia na lei federal 12.468/2011, que trata das atividades de transporte remunerado de passageiros. A fiscalização fica por conta da CTTU e já acontece de forma contínua com táxis de outras cidades que rodam no Recife e com vans escolares irregulares. O valor da multa para os condutores que realizam esse tipo de transporte sem a devida regulamentação é de R$ 4.322,18. Por outro lado, empresa usa a mesma legislação para respaldar seu funcionamento sob o argumento de que seu serviço não se enquadra em nenhuma categoria tratada no texto, uma vez que não é público, mas restrito às pessoas cadastradas no aplicativo.
FONTE: JC ONLINE.
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