quinta-feira, 3 de setembro de 2015

4 mil Kms de corredor de BRT e 6 mil Kms de faixas exclusivas para ônibus. Gostou?



Quatro mil quilômetros de sistema BRT (Bus Rapid Transit) e seis mil quilômetros de faixas exclusivas. Tudo isso ao custo de R$ 16 bilhões anuais, para ser executado em até cinco anos. Que tal? Gostou? Acha possível? Esse foi o desafio lançado pelo presidente de NTU (Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano), Otávio Cunha, durante seminário nacional que a entidade promove esta semana em São Paulo. Na plateia, nada menos que o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, e o secretário de Transportes e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Dário Lopes.
Quase sempre – o seminário nacional da NTU está em sua 15ª edição – Otávio Cunha lança propostas que priorizem o transporte coletivo por ônibus. Foi assim quando a NTU sugeriu a implantação de cinco mil quilômetros de faixas exclusivas, em 2013, e atuou como uma das principais propagadoras do sistema BRT no Brasil, anos antes da Copa do Mundo, quando o governo federal ainda discutia os tipos de modais que teriam o financiamento turbinado.

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“Temos perdido passageiros ao longo dos anos, foram 20 milhões de pessoas a menos nos ônibus nos últimos 15 anos. E não é a crise econômica que explica essa perda. É a briga por espaço nas ruas, a crise da mobilidade. Tudo isso acontece porque o transporte não consegue oferecer qualidade, fica preso no trânsito disputando espaço com os carros. É necessário dar prioridade para ele na via e isso só acontece com faixas e corredores exclusivos”, ensina.
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Otávio Cunha, entretanto, alerta que os recursos para executar a proposta lançada precisam ser do OGU (Orçamento Geral da União). “Não adiantar querer realizar através de financiamento dos municípios. As prefeituras não têm mais condições de assumir dívidas. É um projeto que precisa ser apropriado pelo governo federal. E o que são R$ 16 bilhões? O ganho de velocidade de um ônibus quando ele circula livre, em via preferencial, é de no mínimo 21%, podendo aumentar. As faixas exclusivas de São Paulo estão aí para comprovar: a população teve um ganho de 40 minutos por dia em viagens. Precisamos trazer o passageiro de volta”, argumenta o presidente da NTU.


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Existem no País, segundo a NTU, 419 projetos de corredores de BRT e faixas exclusivas, que totalizam 3.270 quilômetros de prioridade ao transporte público por ônibus. Mas só 132 estão em operação – 318 quilômetros. Os outros 299 ainda são projetos. “Falta muita coisa. O Brasil, o governo e a sociedade precisam entender que custa muito mais caro ao País não investir na priorização do transporte público do que investir. E a população aprova, muita gente quer deixar de ir trabalhar de carro, por exemplo, mas precisa de um transporte rápido, eficiente, confortável. Em Belo Horizonte, o Move, o BRT mineiro, teve 74% de aprovação pela população”, afirma.
Os apelos de Otávio Cunha, entretanto, não arrancaram comprometimento por parte do Ministério das Cidades. Muito educado, o ministro Kassab lembrou a crise econômica do País, mas elogiou a proposta e sugeriu a criação de um grupo de trabalho para discutir essa e outras futuras ideias. Só.
Fonte,: De Olho no Trânsito com Roberta Soares

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